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Esquerda ecológica

Esquerda Online fala do PAC e cai no conto da ‘energia verde’

Parte da esquerda é influenciada ideologicamente pelo imperialismo, por isso repete sem refletir os temas das 'energias verdes' e das 'mudanças climáticas'

Turbina eólica

“O PAC vai voltar: um outro desenvolvimento é possível”, matéria publicada no Esquerda Online, neste 14 de março, aborda o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que já foi alvo de inúmeras críticas por parte da esquerda. Esse artigo chama a atenção por fazer uma série de concessões à política de energias verdes e preocupações ambientais/climáticas, que estão sendo amplamente impulsionadas pelo imperialismo.

No início do texto, falam do anúncio do programa e um retrospecto do que foram os PACs 1 e 2, nos anos 2007 a 2014. Que o objetivo seria a “quebra de gargalos” ao desenvolvimento econômico, teriam sido gastos R$ 2 tri. E que por meio das PPPs (Parceria Público-Privadas) se teriam construído estradas, hidrelétricas, portos, aeroportos etc.

Apresentam que o programa é a tentativa de promover a volta do Estado enquanto um indutor da economia: partindo da premissa de que a burguesia, principalmente a brasileira, não investirá em obras de infraestruturas. Contudo, fazem uma crítica, pois têm a “percepção de que as PPPs são uma forma de privatização, afinal delega-se para entes privados a execução de obras e serviços públicos”. Na verdade, não existe contradição, vivemos sob o capitalismo, os governos Lula e Dilma não são fruto de uma revolução proletária, logo, é de se esperar que os setores privados atuem na economia. Não é uma forma de privatização, o governo contrata um serviço e paga por ele.

Os erros

Seguindo no texto, encontramos elencados o que seriam, para o EO, os três erros centrais no escopo do PAC original: a) reforça o caráter primário-exportador da economia brasileira; b) provoca danos irreparáveis ao meio ambiente; c) não garantiu condições de trabalho adequadas aos operários dessas obras.

1) Ora, investir em infraestrutura não é necessariamente reforçar o ‘caráter primário-exportador da economia’. A construção de hidrelétricas, por exemplo, atende a quaisquer ramos econômicos.

2) Os ‘danos ao meio ambiente’ são inevitáveis, não necessariamente irreparáveis. É claro que se deve evitar ao máximo os danos ao meio ambiente, mas a humanidade transforma a natureza. Conforme a economia for se desenvolvendo e novas técnicas forem surgindo, menor será o impacto ambiental das atividades humanas. Aqui, já temos o exemplo de como a ‘política ambiental’ pressiona a esquerda.

3) Sim, as condições adequadas de trabalho devem ser observadas. Mas, isso vale para qualquer empresa. Para isso servem os sindicatos que devem ser fortalecidos.

Conforme o texto, “as estradas conectam as regiões fortes no agronegócio com os portos; as Usinas Hidrelétricas são voltadas para alimentar a extração de minerais, como o alumínio, e as regiões sul, sudeste e centro-oeste – pouco se preocupando com regiões menos abastecidas de luz, como norte e nordeste”.

A construção de portos e estradas são fundamentais para a economia na totalidade. O Brasil, queiramos ou não, ainda é um país essencialmente exportador, não vai saltar para uma posição mais elevada de uma hora para outra. Se, no momento, só consigamos exportar óleo cru, nada impede que no futuro exportemos derivados. Os portos servirão também para essa finalidade.

O mesmo temos que dizer das usinas hidrelétricas, elas são fundamentais para a siderurgia, principalmente a do alumínio, metal fundamental para o nosso cotidiano.

O texto reclama que o PAC pouco se preocupou ‘com regiões menos abastecidas de luz, como norte e nordeste’, critica quando se faz esse tipo de obra Mesmo Lula assumiu o desastre ambiental provocado por diversas obras do PAC ao se comprometer com ‘Belo Monte nunca mais’, esta Usina foi símbolo da destruição ambiental e ataque a vida dos povos originários nos governos petistas (2003-2016).

A Usina de Belo Monte foi alvo de uma grande campanha do imperialismo que não quer que o Brasil desenvolva a Região Amazônica e explore seus recursos. Oportunistas, como Sônia Guajajara, financiada pela Fundação Ford (fachada da CIA), se promoveu atacando a usina e se elegeu dizendo ‘defender o meio ambiente’.

Embora muitos advoguem pelos ‘povos originários’, nunca se deram ao trabalho de ouvi-los. Os nossos índios querem, sim, ter eletricidade e poder desfrutar de avanços tecnológicos. Magno Souza, candidato a governador do Mato Grosso do Sul, em 2022, pelo PCO, disse que ‘o índio não quer ficar o resto da vida comendo batata’.

Não devemos, naturalmente, impor nada aos índios, mas o governo tem o dever de desenvolver essas comunidades, seja oferecendo hospitais, escolas, acesso à internet etc. Tudo isso demanda o uso da eletricidade.

A maioria da esquerda tem um índio idealizado na cabeça, não conhece a situação de miséria na qual vivem. É muito fácil ser uma índia de Ipanema, tomar banho quente, conectada na internet, pedir comida por aplicativo e ficar criticando a usina de Belo Monte.

Precisamos de mais usinas. As hidrelétricas têm impacto ambiental, não resta dúvida, mas nenhum outro país tem recursos hídricos como o Brasil. Seria uma insanidade não aproveitar esses recursos.

Salários baixos

Outro trecho da matéria vale a pena ser analisado: Apesar de gerarem muitos empregos, obras do PAC foram marcadas pelos baixos salários percebidos pelos trabalhadores, pelas péssimas condições de moradia e trabalho, com excessivos acidentes do trabalho, com algumas mortes em obras, como do Maracanã e Belo Monte, ganhando repercussão nacional.

Os baixos salários em determinados ramos não pode ser responsabilidade de um governo. Ele é fruto do próprio desenvolvimento do capitalismo. O que não quer dizer que não tenhamos que lutar pelo aumento dos salários.

A referência às mortes na construção do Maracanã é interessante, nos faz lembrar da campanha mentirosa imperialista das 6.500 mortes de trabalhadores nas obras para a Copa do Mundo no Catar. Não é apenas coincidência. Assim como houve a campanha contra o país no Oriente Médio, houve aqui o Não Vai Ter Copa. E, para a surpresa de ninguém, também foi financiado pela Fundação Ford. Assim como a campanha contra Belo Monte promoveu Sônia Guajajara, o Não Vai Ter Copa serviu a Guilherme Boulos. Essas duas pessoas,, com muita visibilidade na imprensa burguesa, se elegeram e ambas pertencem ao Psol.

“Transição verde”

Seguindo para o final do texto, reforçam que é preciso romper com o caráter primário-exportador da economia brasileira. Sim, é necessário, mas isso não se faz por decreto. É preciso lutar contra o imperialismo, principal fator que impede o desenvolvimento das economias dos países atrasados.

Depois, acabam descambando para a tal da ‘transição verde’, que é uma pressão contínua que o imperialismo vem fazendo sobre o mundo todo, política que ele mesmo não segue. Com a crise entre Rússia e Ucrânia, temos visto todo o tipo de barbaridades. Queima de florestas milenares para produzir carvão na Alemanha; a extração de gás de xisto pelos EUA a fim de vender para Europa e reativação de plantas obsoletas de usinas nucleares na França. No entanto, o foco tem ficado sobre a Amazônia.

O imperialismo não tem a menor preocupação com o meio ambiente, apenas está de olho nas riquezas incalculáveis que temos na Amazônia, por isso querem afastar quaisquer tipos de investimento na região que, seguramente, vão tentar separar de nosso território. É só uma questão de tempo. Não é à toa que vivem repetindo que a Amazônia não é do Brasil, mas que pertence ao mundo.

É uma verdadeira loucura afirmar que é preciso uma transição energética no país, abandonando os combustíveis fósseis e as usinas hidrelétricas, o Brasil tem grande potencial de energias mais ‘limpas’, como a energia eólica, solar e até mesmo das marés. Ao invés de construir uma dezena de usinas hidrelétricas como o PAC 1 e 2, o novo PAC pode construir diversas usinas’ eólicas e solares no país, principalmente na região nordeste, ainda carente de energia elétrica nos interiores dos estados. (grifo nosso).

Primeiro, é preciso dizer que petróleo não é apenas combustível fóssil, é um produto que está presente em tudo que nos rodeia. Se o Esquerda Online prega que o Brasil tem que abandonar o ‘caráter primário-exportador’ de sua economia, precisa justamente investir na petroquímica, na química fina, para produzir todo tipo derivados do petróleo com alto valor agregado.

Segundo, as energias solar, eólica e das marés, por exemplo, podem entrar para aumentar a oferta de energia, nunca para substituir a matriz energética, pois são insuficientes e muitas vezes ineficazes. Alguém consegue imaginar uma siderúrgica movida a energia solar ou eólica?

Essa história de incentivo à produção de carros elétricos em substituição aos carros a combustíveis fósseis; tendência mundial. É ótima para propaganda, como tem feito Elon Musk. No mundo real não é bem assim que funciona. Os carros elétricos são movidos a bateria que precisam ser recarregadas em alguma tomada que recebe energia de alguma usina. Será que o Esquerda Online está preocupado com o impacto ambiental para a mineração do lítio? E o descarte das baterias, como será feito? Inúmeras partes dos carros são feitas de plásticos (petróleo) e alumínio, aquele metal que tinham criticado lá no início.

Mudanças climáticas

A esquerda precisa se livrar da influência do imperialismo. Há não muito tempo, só se falava de ‘aquecimento global’. Conforme foi ficando mais explícita a farsa, o imperialismo mudou o slogan para “mudanças climáticas”.

As energias verdes, atualmente, são mais propagandas do que realidade, mas servem para que as esquerdas nos países atrasados, como o Brasil, se voltem contra os governos que tentem construir hidrelétricas ou se preocupem em dominar a cadeia produtiva do petróleo.

Ao repetir essas mentiras, tipo mudanças climáticas, energias verdes, identitarismo etc., boa parte da esquerda está apenas servindo aos propósitos do grande capital que, no caso de se apoderar da Amazônia, vai ser ainda mais devastador para o meio ambiente que qualquer governo.

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