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Campanha anti-países atrasados

Esquerda Marxista acompanha imperialismo em críticas aos BRICS

A esquerda pequeno-burguesa, incapaz de compreender o conflito entre imperialismo e nacionalismo burguês, incorre no erro de apoiar o imperialismo indiretamente

A página Esquerda Marxista entrou para a fileira dos agrupamentos de esquerda incapazes de se posicionar contra o imperialismo nos mais diversos temas. Nesta última semana, a polêmica da vez foi a questão dos BRICS. O bloco tem se demonstrado um grande incômodo para o bloco imperialista e a última reunião de sua cúpula, que decidiu pela adesão de novos países, foi alvo de uma grande campanha da imprensa capitalista internacional.

Como já era de se esperar, uma parte da esquerda acaba caindo na campanha do imperialismo e repetindo as mesmas posições com um verniz esquerdista. É o caso do Esquerda Marxista, que publicou a matéria “Os Brics e a ilusão do desenvolvimento no capitalismo” na última semana.

Uma primeira ideia tipicamente pequeno-burguesa colocada pelos autores é a presença de supostas “ditaduras” no bloco: “Parte da grande imprensa destacou a presença de “ditaduras” na cúpula, enfatizando especialmente o papel da China e da Rússia, mas não foi assim que se referiu à ditadura monárquica assassina da Arábia Saudita”. O bom pequeno-burguês não consegue fazer uma análise factual dos acontecimentos, para ele, o problema central é observar o problema dos pecados e da imoralidade. Ou seja, a imprensa fez essa denúncia tendenciosa, mas não foi longe o suficiente – esqueceu da Arábia Saudita.

O articulista também demonstra estar desatualizado sobre a questão da própria Árabia Saudita, afirmando, sobre as novas adesões, que elas contribuem para a heterogeneidade do bloco, “(…) na medida em que incorporam países como a Arábia Saudita, claramente subordinado aos EUA”. No entanto, é sabido por todos que a Arábia Saudita deu um passo na direção de se distanciar do imperialismo norte-americano quando entrou em um acordo com o Irã com auxílio diplomático da China. Não é a primeira vez que um grupo esquerdista confuso se perde nesse problema, demonstrando que essas pessoas não acompanham a gigantesca crise do imperialismo que se desenvolve a cada dia.

Sobre Lula, o autor afirma que ele “procurou vender a imagem pouco convincente de uma postura crítica ou mesmo de autonomia em relação ao imperialismo“. É claro que ninguém aqui pretende defender que Lula seja autônomo em relação ao imperialismo porque nenhum governo do planeta possui essa capacidade. No entanto, é fato que a maior parte das movimentações do governo brasileiro no terreno internacional têm sido muito criticadas pelos norte-americanos e o imperialismo, ao ponto de ameaçarem o país e a sua própria integridade territorial caso não mudassem de atitude.

Além disso, o autor também afirma, sobre a questão do BRICS em geral: “Com o Brics, os governos desses países tentam não mais do que organizar uma aliança para melhor negociar sua dependência em relação ao imperialismo sob a liderança da China e, com menor peso, da Rússia. Contudo, sem romper com os mecanismos de dominação do imperialismo, isso não passa de retórica para agradar seus apoiadores”. Ainda que seja verdade que não é possível romper com o imperialismo por meio de um mero bloco econômico ou político, também não dá para simplesmente ignorar a importância de este grupo estar aumentando de tamanho e de importância, o que também é um sinal da própria crise do imperialismo mundial.

Ademais, menosprezar a autonomia e a importância política dos países que participam do BRICS original (os mais desenvolvidos entre os países atrasados), procurando retratá-los como meros prepostos da China e da Rússia é uma simplificação tremenda, além de ser apenas uma reprodução da campanha caluniosa da imprensa burguesa. Ao fim e ao cabo, é uma insinuação de que se estaria trocando a dominação econômica do imperialismo pela dominação chinesa, o que também é absurdo.

A questão dos BRICS deve ser encarada como ela é: um bloco que surge com alguma força fruto de uma crise do imperialismo. Acreditar que sua organização é o que derrotará o imperialismo mundial é uma tese reformista. É evidente que apenas a revolução proletária tem a capacidade de levar abaixo a dominação do imperialismo. Os governos das burguesias nacionais não têm essa capacidade.

No entanto, a colocação do Esquerda Marxista ignora o fato de que o conflito que existe neste momento de forma mais aguda em uma parte dos países do planeta é justamente entre o imperialismo e o nacionalismo burguês. Por não compreender isso, eles se colocam contra os governos nacionalistas, supostamente equiparando-os aos da burguesia. Para eles, “a constituição de blocos como o Brics somente serve para que as burguesias desses países encontrem a melhor forma de serem dominadas pelo imperialismo e, com isso, garantir sua pequena parcela dos lucros do capital internacional”. Se fosse assim, o próprio imperialismo não se incomodaria tanto com a existência do Bloco, dispendendo uma boa parte de seus esforços em atacá-lo e desmoralizá-lo. É evidente que o imperialismo se preocupa com o fato de que os países do BRICS estão ganhando terreno em algumas partes do mundo e ficando com mercados que pertenceriam a eles. A crise que se desenvolve na África nesse momento é prova disso.

Por não conseguir se posicionar corretamente nesta luta de classes, o Esquerda Marxista acaba se colocando ao lado da burguesia, pois quem fica neutro em um conflito, está apoiando o lado mais forte. O momento é de fazer uma aliança, ainda que momentânea, com os governos nacionalistas, contra o principal inimigo da classe operária mundial: o imperialismo.

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