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Após caso na Unisa…

Esquerda apoia repressão direitista no futebol e outros esportes

Deputada petista propôs lei que prevê interrupção imediata de eventos esportivos na ocorrência de manifestação de cunho sexual, atos obscenos, misoginia e importunação sexual

O cerco às liberdades nos eventos esportivos aumenta consideravelmente toda semana. Com base nessa política, a direita se aproveita para perseguir as torcidas organizadas no futebol — de longe, o acontecimento esportivo mais importante, tratando-se não de uma mera competição, mas de um fenômeno de massas.

O pior, no entanto, é que a política direitista conta com apoio da esquerda. A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) protocolou na Assembleia de Minas Gerais, nesta terça-feira (19/9), o projeto de lei 1.426/2023. O PL prevê a obrigatoriedade da interrupção imediata de eventos esportivos, profissionais ou amadores, no caso de ocorrência de manifestação de cunho sexual, prática de atos obscenos, prática de misoginia e de importunação sexual.

A proposta de autoria da deputada estabelece que qualquer pessoa poderá fazer a denúncia aos responsáveis pela organização e segurança do evento que, por sua vez, deverão interromper a competição e comunicar a denúncia do ato criminoso às autoridades competentes, diz comunicado da assessoria de imprensa da deputada.

O projeto ainda torna obrigatório que os responsáveis pelos eventos esportivos oriente seus funcionários e prestadores de serviços das arenas esportivas sobre os procedimentos que devem ser adotados diante das ocorrências citadas no projeto e assegure formas de acolhimento e auxílio aos denunciantes, continua.

A deputada se aproveitou do escândalo causado pela imprensa ao divulgar estudantes do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa) simulando masturbação numa quadra durante uma partida de vôlei feminino. A atitude dos mauricinhos universitários — que, por mais que expressem o caráter de escória da classe dominante brasileira, tiveram um julgamento desproporcional ao serem expulsos da universidade — foi utilizada pela deputada petista para aumentar ainda mais o cerco às liberdades democráticas.

Naturalmente, se for aprovado, a maior repressão envolvida no PL será contra as torcidas organizadas, sendo o futebol o que é no Brasil: um evento de intensa participação popular. Assim, “a interrupção imediata de eventos esportivos, profissionais ou amadores, no caso de ocorrência de manifestação de cunho sexual, prática de atos obscenos, prática de misoginia e de importunação sexual”, poderá ser utilizada sob qualquer pretexto em uma partida de futebol — onde não impera “civilidade” bem-pensante imposta pela classe média.

Para exemplificar, peguemos o exemplo do Corinthians, na partida do Campeonato Brasileiro disputada contra o São Paulo. O Majestoso foi palco de uma campanha histérica da imprensa, com apoio da CBF, após a torcida corintiana chamar os são-paulinos de “bichas”. Natural, nos estádios, as torcidas adversárias se provocam. E, ao contrário, do que gostaria a pequena-burguesia, que acha que o mundo é um Centro Acadêmico da USP, “bicha” ainda é uma provocação comum no vocabulário popular. 

Segundo a lei da deputada petista, que joga água no moinho da repressão direitista, a partida deveria ter sido interrompida imediatamente. A simples paralisação do jogo, que já foi absurda, não bastaria: seria preciso cancelar o clássico paulistano.

Mais ainda: qualquer coisa pode ser considerada “manifestação de cunho sexual, prática de atos obscenos, prática de misoginia e de importunação sexual”. Por exemplo, a tradicional exibição do dedo do meio pode ser tanto uma “manifestação de cunho sexual” como uma “prática de atos obscenos”. Agora, imaginemos uma hipótese onde uma mulher árbitra ou bandeirinha comece a realizar barbaridades em campo e — como é normal — comece a ser xingada pelos torcedores. Mesmo que os xingamentos não tenham relação com seu sexo (o que seria incomum, aliás), isso pode ser caracterizado como “prática de misoginia”.

O problema é justamente esse. Em nome de combater as injustiças, defender os oprimidos, as mulheres, etc., cria-se um vale-tudo que abre brechas para atacar todos os eventos esportivos — principalmente, como já explicamos, o futebol.

“É necessário romper a cultura misógina, fazendo o enfrentamento dessas práticas que limitam ou impossibilitam o direito das mulheres, como o de ocupação segura e livre do espaço público, sem violência de gênero e ódio”, diz a assessoria da deputada.

No entanto, a deputada que busca combater “a cultura misógina” faz exatamente o contrário ao exigir uma lei punitiva, isto é, ao defender a repressão. O que a histeria identitária, com sua política repressora, censurado e canceladora, promove é o exato oposto: um repúdio generalizado da população à causa que se pretende defender. Para piorar, cria-se mais um pretexto para perseguir as torcidas organizadas, um dos poucos respiros da participação popular no futebol dito “moderno”. Ainda, a esquerda se compromete com a política da direita, fica impopular e joga uma parcela significativa da população nos braços da extrema-direita.

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