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"Líderes de opinião"

Esquema bilionário da indústria farmacêutica para comprar médicos

Artigo comprova que as principais empresas farmacêuticas do mundo injetaram bilhões de euros para que pessoas importantes recomendassem os seus medicamentos

De acordo com um estudo publicado em 2022, entre 2014 e 2019, a indústria farmacêutica liberou 818 milhões de euros para recompensar o que o artigo define com médicos KOLs (Key Opinion Leaders, ou principais líderes de opinião) na França. Os KOLs são médicos respeitados pela comunidade científica, pessoas de renome que já publicaram muitos artigos reconhecidos como importantes, que são chefes de departamentos ou membros de conselhos de sociedades científicas. Eles possuem, portanto, uma opinião médica mais respeitada por outros profissionais da saúde.

Em suma, o artigo comprova que as principais empresas farmacêuticas do mundo injetaram bilhões de euros para que pessoas importantes recomendassem os seus medicamentos à comunidade científica, ignorando, consequentemente, um verdadeiro parecer técnico.

O estudo, coordenado por um professor do departamento de medicina geral da Universidade Côte d’Azur e publicado no British Medical Journal, detalhou as relações financeiras entre os KOLs e os laboratórios. Foram identificados 549 médicos “influenciadores” na França seguindo critérios bem definidos. Então, suas relações com a indústria farmacêutica foram coletadas por meio do banco de dados “Transparence-Santé”, do governo francês.

A partir de 2014, na França, tornou-se obrigatória a divulgação do recebimento de viagens, refeições em restaurantes, reservas em hotéis e afins pelos médicos do país. Já remuneração direta e acordos contratuais entre médicos e laboratórios só começaram a ser exigidos a partir de 2017, o que mostra que o valor total do estudo está muito abaixo da realidade.

“Ligações significativas entre líderes de associações médicas profissionais e a indústria farmacêutica foram descritas na América do Norte”, disseram os autores do estudo. “Na França, esses vínculos financeiros nunca haviam sido estudados”.

Os dados mais impressionantes, todavia, são os relativos ao mundo todo. A chamada “big pharma” distribuiu 6 bilhões de euros para médicos internacionalmente, sendo 3 bilhões de euros em remuneração e 1,7 bilhões em presentes.

“Sem muita surpresa, os KOLs são mais mimados que os outros. Enquanto líder de opinião representam apenas 0,24% dos médicos na França, eles são responsáveis por 0,68% do número total de presentes e 1,5% do valor total desses benefícios […] 99% das associações médicas tiveram pelo menos um membro de seu conselho administrativo para o qual foi declarado um presente”, afirma o estudo.

É importante destacar outro ponto do artigo que afirma que foram identificados 250 mil remunerações diretas entre 2017 e 2019, ultrapassando os 150 milhões de euros. Essa categoria diz respeito a quando a empresa remunera um médico por participar de um congresso ou fazer um curso acerca de um determinado medicamento, por exemplo. Em relação à remuneração direta, os KOLs receberam quatro vezes mais de laboratórios farmacêuticos do que outros médicos, acumulando uma média de 41.000 euros por ano e por médico.

“O valor médio dos acordos contratuais relatados para todos os KOLs correspondentes em uma associação foi de 15.900 euros por ano e variou significativamente entre as associações”, continua o estudo. Ele revelou também que, quanto mais caro é o medicamento prescrito, maior é o investimento da indústria nesses médicos.

Em relação às empresas francesas que mais investiram nesse tipo de negócio, o estudo elenca a Sanofi como a primeira, seguida pela Celgene e Bristol-Myers Squibb. Já em relação aos Estados Unidos, o estudo mostra que os KOLs receberam 10 vezes mais per capita e por ano em valor total do que os KOLs franceses e mais de 83 vezes mais em termos de valor médio.

Os dados revelados são escandalosos. Eles não só demonstram o tamanho da manipulação feita pela indústria farmacêutica, como também mostram que médicos em todo o mundo e, principalmente, médicos bem-conceituados, estão nas mãos dos grandes laboratórios.

Finalmente, fica claro que não existe mais ciência – ou, no mínimo, ela não é o fator mais importante – na produção de novos medicamentos. A indústria faz o que quer para maximizar seus lucros e conta com a corrupção de médicos para emplacar remédios que, no final das contas, podem ou não possuir eficácia comprovada. Ou pior, podem ou não causar danos às pessoas.

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