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Escravidão moderna

Escravo consumia mais que trabalhador assalariado mínimo

Capacidade de consumo e valor de um escravo era mais alto do que a do trabalhador que recebe um salário mínimo no Brasil

Em levantamento, o Diário Causa Operária aponta que o escravo tinha uma capacidade de consumo maior do que o trabalhador assalariado que recebe um salário-mínimo. 

O salário-mínimo atual no Brasil é de constrangedores R$ 1.302, um dos menores salários mínimos da América do Sul, e considerando que o Brasil seja a maior economia da América do Sul, a situação se torna ainda mais crítica. Só o Brasil é responsável por aproximadamente metade o PIB do subcontinente, conforme dados do Banco Mundial.

Em um país, cuja média dos preços de aluguéis é de R$ 1.890 e uma cesta básica custando por volta de R$ 750,74, como pode o trabalhador se alimentar adequadamente e ter uma moradia? Além de ter que viver nas piores casas para conseguir pagar o aluguel, os alimentos consumidos também têm de ser da pior qualidade, priorizando as marcas mais baratas e os alimentos com menor valor nutricional.

De acordo com o DIEESE, com base no cálculo mensal do custo de vida, o salário-mínimo, para que os trabalhadores possam viver com dignidade, deveria ser de R$ 6.641,58 em janeiro de 2023.

Para fazermos um comparativo, entre os anos de 1856 e 1862, 1 conto de réis (1 milhão de réis) comprava 1 escravo. Esse valor correspondia a 1 kg de ouro. A cotação do quilo do ouro, na data em que essa matéria foi escrita, estava em R$ 313.620,00. Em média, o custo de contratação de um trabalhador que recebe um salário-mínimo é de R$ 1.750,44. Considerando todos os encargos e direitos a serem pagos, um escravo teria o mesmo custo que 14 anos de um trabalhador assalariado.

É preciso considerar que, além de comprar o escravo, seu dono também precisaria descontar de seus lucros os custos de manutenção. E era necessário que o escravo se mantivesse saudável e apto para trabalhar, por isso era preciso alimentação, moradia e até mesmo segurança, pois o escravo era um “bem” muito caro para ser perdido. Considerando a natureza do trabalho pesado de um escravo, é de se esperar que esse tivesse que se alimentar para suportar a jornada.

Podemos ter uma ideia do tipo de moradia observando a obra Habitação de Negros, de Rugendas (1827-1835). Vemos a representação de uma cabana de escravos construída próxima à casa-grande, em cuja varanda a senhora observa os cativos. Chama a atenção o fato de ser a moradia supostamente de uma família escrava e não a tradicional senzala coletiva onde homens e mulheres eram trancados ao final do dia de trabalho. A cabana retratada era, possivelmente, a moradia de uma família que reunia pais, filhos, avós, irmãos, sobrinhos e até mesmo afilhados. A construção de pau-a-pique e coberta de sapé foi erguida junto à casa-grande. Mais ao fundo, se vê a sombra de uma segunda moradia de escravos. Ao redor da cabana pode-se reconhecer bananeiras, mamoeiros, uma pequena produção de abacaxis e um pé de mandioca. Galinhas ciscam no terreiro.  Descreve Rugendas, a respeito:

“Em cada fazenda existe um pedaço de terra que lhes é entregue [para os escravos], cuja extensão varia de acordo como número de escravos, cada um dos quais cultiva como quer ou pode. (…) As cabanas dos escravos contêm mais ou menos tudo o que esse clima pode ser considerado necessário. Por outro lado, eles possuem galinhas, porcos, às vezes mesmo um cavalo ou uma besta, que alugam com vantagem porque a alimentação nada lhes custa (RUGENDAS, 1972, p. 141)

Longe de buscar uma apologia da escravidão, a presente matéria visa demonstrar que a escravidão, hoje, afeta toda a população assalariada, e pensamos ser livres por não estarmos presos a correntes.

A forma do trabalho assalariado é muito vantajosa ao patrão, que contrata o trabalhador livre e por ele não tem nenhuma responsabilidade. Basta pagar a miséria mensal chamada de salário-mínimo que está cumprindo sua parte. A solução para isso, por hora, deve ser o aumento imediato do salário-mínimo e a posterior instituição de uma escala móvel de salários. Porém, a superação da contradição dos salários é, evidentemente, superar a forma do trabalho assalariado, colocando os meios de produção diretamente sob controle da classe trabalhadora. A emancipação só pode ser conquistada com a derrota da burguesia e o fim das classes sociais.

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