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Caso Cuca

Escândalos sexuais: uma campanha contra o futebol brasileiro?

Para o imperialismo europeu, o futebol brasileiro deve ser igual ao africano: servir apenas para abastecer bons jogadores para os ricos times da Europa

O caso do treinador Cuca, que após dois jogos no Corinthians, pediu demissão devido às pressões que sofreu por um suposto crime que teria cometido na década de 1980, há mais de 30 anos, trouxe à tona o problema dos escândalos sexuais no futebol brasileiro. Afinal, o que ocorre? Os brasileiros seriam todos pervertidos?

Fato é que o caso Cuca não é isolado. O ex-jogador Robinho e o lateral-direito Daniel Alves estão sendo acusados de estupro. Neymar chegou a ser acusado no caso Najila Trindade e, em seguida, por uma funcionária da Nike, que o fez perder o patrocínio da marca esportiva. 

Os identitários promovidos pela burguesia dirão que se trata da “cultura do estupro” que seria refletida também no futebol. Sem entrar no mérito da ideia absurda de uma “cultura do estupro”, o questionamento que cabe é: por que essa campanha atinge apenas treinadores e jogadores brasileiros? Naturalmente, seria absurdo afirmar que o brasileiro é mais “estuprador” do que os outros povos. Portanto, só pode haver um interesse em relacionar personalidades do futebol brasileiro ao estupro.

Para começar, todos esses “escândalos sexuais” são muito duvidosos, nada é concreto. No caso Cuca, por exemplo, a própria suposta vítima, a menina suíça que tinha 13 anos ao final da década de 1980, afirmou, na época, que o agora ex-treinador do Corinthians não teria tido relações sexuais com ela. No entanto, por uma arbitrariedade da Justiça suíça, Cuca foi condenado.

Além disso, esses casos vêm sendo usados para continuar a política contrária aos direitos democráticos, que o identitarismo promove através do cancelamento e em nome da suposta “defesa dos oprimidos” — neste caso, as mulheres.

Para começar, Cuca, por um suposto crime, que provavelmente nem cometeu e ocorrido há mais de 30 anos, deveria ter decretada sua “morte” social. Não poderá mais trabalhar, exercer sua função no futebol, pois a caça às bruxas identitária fará de tudo para impedir isso. Cuca não deve nada legalmente, pois até mesmo sua condenação na Suíça (que não tem autoridade jurídica no Brasil) prescreveu. Quem não deve, continua devendo temer, para os inquisidores da atualidade.

Exemplo disso é o que ocorreu com o ex-goleiro Bruno. Em 2010, quando era jogador do Flamengo, foi condenado e preso pela morte da modelo Elisa Samúdio. Saindo da prisão, isto é, tendo “pago” pelo crime que cometeu, qualquer tentativa do goleiro de exercer sua atividade profissional foi impedida pela histeria identitária. A imprensa patrocinando a política do cancelamento chegou a afirmar que sua volta à atividade futebolística “colabora com a ideia de que matar mulheres é permitido” (TV Bahia, 2020).

Isto é, já não basta ser condenado se, de fato, cometeu um crime. Precisa ser tratado como um pária e ser marginalizado para sempre da sociedade.

No caso de Robinho e Daniel Alves também vemos duros ataques aos direitos democráticos. Robinho foi condenado na Itália. Como a Constituição Brasileira não permite a extradição de cidadãos brasileiros, arrumou-se um pretexto para condená-lo no Brasil — isto é, se submeter à legislação imperialista da Itália. Para os identitários, Robinho deveria ter sido entregue à Justiça italiana e linchado lá. Já Daniel Alves foi preso na Espanha. No entanto, há meses encarcerado, o lateral-direito nem mesmo foi julgado! Abusando de uma política de exceção, como fazem os regimes autoritários, Dani foi preso preventivamente como se fosse um estuprador em série.

Finalmente, houve o caso Neymar. Najila acusou-o e logo chegaram os identitários para chamar Neymar de estuprador. Ocorre que não estavam mexendo com qualquer um, mas com um ídolo admirado por centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo. Logo confirmou-se que era uma armação contra o camisa 10 da Seleção Brasileira e o caso não conseguiu seguir adiante. Ainda houve a denúncia de assédio por uma funcionária da Nike. Mesmo sem comprovação, a parceria com Neymar e a marca esportiva foi suspensa. De qualquer forma, sem haver nenhuma prova contra ele, Neymar foi vítima de uma campanha identitária pelo seu cancelamento. Sua popularidade impediu que o pior ocorresse.

Mas continua a dúvida: por que apenas brasileiros e nunca um europeu? A parcialidade comprova que se trata de uma campanha contra o futebol nacional. O imperialismo vive o seu pior momento em 50 anos e o futebol é uma fonte de especulação gigantesca, maior do que muitas atividades econômicas produtivas. Para os monopólios capitalistas mundiais, é preciso controlar totalmente o esporte. No entanto, o futebol brasileiro, que mesmo sendo um país pobre, continua sendo a única superpotência do futebol mundial, é uma ameaça para o futebol europeu. 

Para o imperialismo europeu, o futebol brasileiro deve ser igual ao africano: servir apenas para abastecer bons jogadores para os ricos times da Europa, enquanto não tem nenhuma significância maior no cenário mundial. No entanto, devido à tradição e à força do futebol brasileiro, trata-se de uma tarefa complicada. Por isso, é preciso desmoralizar ao máximo o futebol nacional.

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