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Mercado contrariado

Embate entre Lula e BC não é um jogo de cena

Artigo do Esquerda Diário ignora a realidade e os efeitos concretos da política para poder criticar Lula como um farsante

O MRT publicou em seu sítio, Esquerda Diário, no último dia 14, um artigo chamado “Os significados dos embates entre Lula e o Banco Central”, cuja tese central é mostrar que os embates de Lula com o BC, melhor dizendo, com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, seriam um jogo de cena. Vejamos:

“A autonomia do BC também foi questionada por Lula, o que prontamente gerou reações na mídia, no mercado e mesmo entre políticos, como Arthur Lira, que saíram em defesa de um banco central que seria ‘técnico’ e não ‘político’. No entanto, o próprio governo disse que não vai rever a autonomia do BC.”

Segundo o próprio artigo, Lula questionou a autonomia do BC, o mercado reagiu, políticos da direita golpista (incluindo supostos aliados do governo) criticaram, e, podemos acrescentar, a imprensa capitalista criticou Lula. Em suma, a reação contra Lula foi grande.

Para o MRT, no entanto, esses fatos não são suficientes porque o governo disse que não vai rever a autonomia do Banco. Mais à frente, o artigo explica quais as intenções de Lula: “Nesse sentido dos embates entre governo e BC, as declarações de Lula contra Campos Neto têm o objetivo primordial de abrir mais espaço fiscal para gastos do governo.

Com esse rearranjo, o governo poderia tentar acelerar o crescimento pela via de um novo ‘PAC’, buscando finalizar obras paradas, ampliar construções de rodovias e retomar o Minha Casa, Minha Vida, um dos principais símbolos sociais dos governos do PT – e aqui entra parte do fator político.”

O texto constata que o objetivo de Lula é abrir espaço fiscal para poder colocar em marcha projetos de desenvolvimento e projetos sociais.

Segundo o MRT, Lula estaria fazendo apenas jogo de cena. Lula não gostaria de tirar a autonomia do BC, ele apenas quer espaço para investir em obras de infraestrutura e sociais, “apenas”.

É uma crítica sem pé nem cabeça. Primeiro porque leva mais em conta as supostas intenções do governo do que os fatos propriamente. O MRT não entende que uma declaração de Lula, um político reformista e conciliador, contra o BC autônomo é por si só um problema para os capitalistas. Basta notar a reação da direita, que o próprio MRT assinala, para entender isso.

“No fim das contas, mesmo com a retórica de Lula, o que prima no governo é a responsabilidade com os mercados, no momento em que se discute uma nova regra fiscal para substituir o Teto de Gastos.”

O que o MRT não entende é que a “retórica de Lula” não é uma simples retórica. O MRT acha que está falando de um diretor de centro acadêmico, não do presidente da República, com uma base social gigantesca, e de um dos maiores países do mundo.

Poderíamos criticar Lula por não ir até o fim defendendo a revogação da autonomia do BC. Mas sem levar em conta o caráter da política de Lula, essa crítica não tem efeito nenhum. É óbvio que Lula não vai, de uma hora para outra, revogar a autonomia e bater de frente com os grandes capitalistas. Essa não é a política dele. Mas, como marxistas, o correto é impulsionar uma política cada vez mais à esquerda, partindo da crise que se abriu com as declarações de Lula.

Em vez disso, o MRT acusa Lula de estar apenas fazendo uma manobra. E, pior ainda, essa manobra, segundo o próprio MRT, seria para um objetivo louvável. Podemos criticar qualquer coisa das obras do PAC e do programa Minha Casa Minha Vida, mas do ponto de vista do governo Lula e para um setor massivo do povo, essas são iniciativas importantes. A crítica mostra que o MRT está fora da realidade.

Outra “acusação” do artigo é a de que o PT estaria promovendo Fernando Hadadd como um moderado para as próximas eleições. Lula dá declarações contra a Faria Lima enquanto Haddad se mostra responsável.

Se isso fosse verdade, seria uma das táticas eleitorais mais idiotas da história. Querem promover um novo candidato colocando-o em choque, ao menos no campo das ideias, com o político mais popular do País. A impressão que dá ao ler o artigo do MRT é que eles buscam qualquer coisa para falar mal do governo Lula. E de fato é assim.

O artigo conclui que:

“com essas declarações, Lula busca não perder seu apoio social entre os trabalhadores a médio e longo prazo, enquanto vai forjando o ‘Haddad moderado’ para ser seu sucessor em 2026, ainda mais palatável à burguesia.

Longe de um projeto desenvolvimentista, o que o governo busca para 2026 é um sucessor com responsabilidade para com os mercados e – tão ou mais importante para alcançar seu objetivo eleitoral –, com os votos de Lula, justamente aquilo que a terceira via não tem para se cacifar à presidência sem o PT.”

Haddad pode até ser um nome mais palatável para a terceira via. A burguesia vai permitir que Lula fique quatro anos fazendo declarações para preservar seu apoio social em troca de “forjar Haddad moderado”? É uma análise política feita em especulações e não na realidade.

De qualquer modo, qual seria a política correta de um revolucionário – que é como se apresenta o MRT – diante do fato de que Lula está entrando em colisão, ainda que moderada, com os capitalistas? Em vez de impulsionar essa embate, chamando os trabalhadores e exigir do governo que rompa de fato com a política do mercado, o MRT diz: “Lula é um farsante!”. O problema é que, farsante ou não, Lula não está agradando o mercdo, ao menos nessas questões.

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