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Estão destruindo o Sindicato

Eleições mostram ser preciso reconstruir o ANDES

Política da esquerda pequeno burguesa e identitária leva ao retrocesso e dispersão uma importante categoria nacional

Com o voto de pouco mais de 10% dos sindicalizados, que correspondem a menos 2% dos mais de 366 mil de docentes do ensino superior (conforme censo do MEC de 2020), a chapa 1, PSOL-PCB e aliados, principal representante da atual direção que levou o ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior a uma situação de desestruturação total e às piores derrotas da história da categoria, conquistou um novo mandato, em uma votação apertada e com denúncias de fraudes e manipulação.

As eleições ocorreram nos dias 10 e 11 de maio, mas só tiveram apuração oficial realizada no dia 15 (domingo) e há mais de 40 recursos sobre a votação, a maioria deles da oposição.

Menos de 2% da categoria

Mesmo com as manobras, a diferença apurada para a segunda colocada, a chapa 3 – Renova Andes, foi de menos de 300 votos (pouco mais de 0,1% da categoria), como mostra o quadro abaixo:

ChapaVotos% dos votantes% dos associados 
1 (PCB-PSOL)7.05843,1710,87%
2 (PSTU-UP2.25313,78%3,47%
3 (PT-PCdoB)6.76341,36%10,42%
Nulos + Brancos  2771,69%0,43
TOTAL VOTANTES16.352    –25,19%
RELAÇÃO COM CATEGORIAMenos de 2% dos 366 mil professores do ensino superior

A chapa 1, comandada por setores do PSOL e do PCB, é a continuidade de 20 anos de um burocratismo sindical extremamente atrasado que emperra a luta da categoria, que se disfarça de esquerdista, mas defendeu alguma das posições mais reacionárias do movimento sindical e da situação política no País.

Junto com os setores que integraram a chapa 2 (PSTU-Conlutas), esses setores levaram o ANDES a romper a unidade com as organizações combativas da classe trabalhadora e se retirar da CUT (no momento em que a burguesia fazia campanha e financiou “centrais” anticutistas). Essa política fracassada foi rejeitada até mesmo pelo recente Congresso burocrático do Sindicato que votou pela desfiliação da Conlutas, a “central” do PSTU.

Em 2015/2016 esses setores apoiaram o golpe de Estado e a reacionária operação lava jato, levada adiante por toda a burguesia golpista, ou ficaram “em cima do muro”, o que significou não lutar contra o golpe.

Depois de apoiarem o golpe de Estado, trataram de enfraquecer o Sindicato, semeando a divisão e não organizando qualquer luta efetiva contra os ataques dos governos da direita a nível nacional e nos Estados.

Enquanto desestruturavam o ANDES e se concentravam em política divisionistas e identitárias, a direita deitou e rolou, cortando verbas das universidades, rebaixando como nunca nossos salários etc.

Sem a base

Foi com base nesta dispersão e esvaziamento do Sindicato e, consequente, desmobilização da categoria que o setor mais conservador se apoiou para reeleger a direção atual, realizando uma eleição “fria”, da qual a imensa maioria da categoria (95%) não ficou sabendo e em que quase 75% dos associados ao ANDES sequer votaram.

Lançaram mão de um método tradicional do peleguismo que é esvaziar os sindicatos para mantê-los sob seu controle, mesmo que isso ameace a própria existência e o cumprimento do papel de organizador da luta coletiva que estas organizações devem cumprir.

Para reduzir ainda mais o tamanho do colégio eleitoral e aumentar as chances de sua vitória, a chapa 1, tendo maioria na Comissão Eleitoral, invalidou a participação de centenas de associados de universidades importantes, como a UFMG e UFSCar (tidas como bases eleitorais da oposição) nas quais os sindicalizados foram impedidos de votar a pretexto de que as seções locais não estavam em dia com compromissos com o ANDES. Ao mesmo tempo, outras universidades sem seções do Sindicato ou também com problemas tiveram votação autorizada por serem considerados redutos da Chapa 1 como no caso da UFRN, UFG, UFBA e UFPE

Irônica ou cinicamente, a chapa vencedora se intitula “Andes pela base”, mas a ela mesmo tratou que as bases do ANDES fossem impedidas de participar das eleições e das decisões importantes para a categoria nos últimos anos.

Superar os limites

Estas manobras e golpes burocráticos não foram devidamente denunciados durante a campanha, inclusive pelos companheiros da oposição que também se recusaram a fazer uma clara campanha de denúncia da política de destruição do nosso Sindicato pela atual diretoria, que se expressou nas eleições, mas, antes disso, nas assembleias minoritárias, atos esvaziados de caráter demonstrativo, ausência de luta pelas reivindicações centrais da nossa categoria.

Diversos setores da oposição, agora, denunciam, devidamente, as manobras, tais como: a) a eleição realizada com um Colégio eleitoral indefinido; b) a exclusão de bases do colégio eleitoral por critérios políticos; c) centenas ou milhares de sindicalizados em dia que não podiam votar; incluindo candidatos que foram votados, mas não puderam votar, como o próprio candidato a presidente da chapa 1, Gustavo Seferian

Scheffer Machado (na foto), da UFMG; d) apuração oficial vários dias depois da votação, com aceso e publicidade de resultados privilegiado para uma as chapas; e) acesso diferenciado dos eleitores às urnas, enquanto em determinadas unidades (como a UFAL, por ex) cada unidade tinha urna, em outras universidades o número de urnas era reduzido etc.

Reconstruir o ANDES

Colocar novamente o Sindicato de pé, é uma tarefa importante diante do retrocesso dos últimos anos e das tarefas colocadas para o próximo período na defesa das reivindicações da categoria e de todos os trabalhadores.

Isso não pode ser mudado apenas por meio da ação nos fóruns burocráticos e nas instituições falidas do regime como é o judiciário. Isso não quer dizer que nos opomos à luta em todos os terrenos.

É preciso fazer uma ampla denúncia da situação; fazer o debate sobre a situação da categoria e nos locais de trabalho e organizar um fórum nacional de lutas, de bases da oposição, para estruturar uma ampla luta pela democratização do sindicato, com um congresso extraordinário que aprove uma nova estrutura que garanta uma ampla participação das bases nas decisões, a proporcionalidade nas instâncias de direção.

Que a oposição Renova Andes, junto com todos os setores que se somem a essa perspectiva convoque uma Plenária Nacional em caráter emergencial, para luta contra o esfacelamento do Sindicato e organizar uma mobilização nacional em defesa de nossas reivindicações centrais, tais como a reposição de 100% das perdas salariais, a luta por mais verbas públicas para as universidades, verbas públicas apenas para as universidades públicas, cancelamento de todas as reformas dos governos golpistas de Temer e Bolsonaro, filiação do ANDES à CUT, para unir nossa luta à luta dos trabalhadores.

Para debater esses temas de caráter geral e discutir a campanha de Educadores em Luta chamamos os companheiros a participarem de uma plenárias aberta durante a III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, que acontece dos dias 9 a 11 de junho, na Quadra dos Bancários, em São Paulo.

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