A eleição para o senado, que ocorreu nesta última quarta-feira, reconduziu Rodrigo Pacheco à presidência do senado como candidato governista, em oposição a Rogério Marinho, que se colocou como representante da oposição e uma espécie de “candidato de Bolsonaro”.
Ele venceu a eleição para presidente da Casa com 49 votos, ficando à frente de seu adversário, Rogério Marinho (PL-RN), que obteve o apoio de outros 32 parlamentares, inclusive de Eduardo Girão (Podemos-CE), que também era candidato, mas desistiu da disputa durante a sessão.
A eleição, realizada com voto secreto e cédulas de papel, esteve sob o comando do atual vice-presidente Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, e exigiu a presença da maioria absoluta dos parlamentares. Ou seja, 41 senadores, o mesmo número de votos necessários para a escolha do presidente do senado.
Os importantes fatos revelados por esse resultado, com diferença de apenas 8 votos, é que Bolsonaro não está morto, e aparentemente ainda desempenha um importante papel de agrupamento da oposição à Lula.
A oposição se mostrou forte e organizada. O governo, que só conseguiu vencer por estar com a máquina estatal sob seu controle e ter maior poder de barganha, tem uma difícil situação para lidar, considerando que o cenário expõe um fortalecimento da figura de Bolsonaro.
O incentivo dos votos em Marinho foi uma briga comprada pelo próprio Bolsonaro, que agiu como mobilizador e enviou Michelle para intimar seus apoiadores a se posicionarem em oposição a Pacheco e ao lado de Marinho, ação que surtiu efeito.
Além disso, aos poucos as manifestações de Bolsonaro retornam a imprensa, e cada vez mais virulentas contra o governo. Bolsonaro já diz que “governo Lula não durará” e parece estar recuperando sua confiança de que pode ser reconduzido ao poder.
A burguesia também tem se agrupado em apoio a Bolsonaro, com recentes manifestações da imprensa burguesa apoiando à oposição, de natureza necessariamente bolsonarista, e a imprensa burguesa saudando todo o espírito golpista que toma conta da situação política, como a sabotagem do governo por parte dos militares, da direita e da burguesia.
“Pode ter certeza, em pouco tempo teremos notícias. Por si só, se esse governo [Lula] continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias não vai durar muito tempo”, disse Bolsonaro, em palestra que deu nos Estados Unidos.
Os blocos atualmente constituídos no Senado são, em ordem de força, o bloco “Democracia”, composto por MDB, UNIÃO, PODEMOS, PDT, PSDB e REDE, o bloco “Resistência Democrática”, composto por PSD, PT e PSB, o bloco do PL, que conta apenas com senadores do PL, que são 12, e o bloco “Progressistas Republicanos”, que conta com PP e REPUBLICANOS.
O bloco Resistência Democrática conta com 28 parlamentares, o bloco Democracia conta com 31, o bloco Partido Liberal conta com 12 e o bloco Republicanos conta com 10.
Fato é que Lula não pode ter confiança em seus aliados atuais, pois todos representam o projeto da terceira via, e não hesitariam em derrubar-lhe do poder.