Segundo o artigo publicado no dia 31/01/2023, na Folha de S. Paulo, 30% da população egípcia vive abaixo da linha da pobreza.
Em 2023 se completam 10 anos desde que o líder do Egito, General Abdel Fattah al-Sisi, subiu ao poder. Ele foi Ministro da Defesa do presidente deposto, Mohamed Morsi. Deu o golpe do Estado em 2013 e foi eleito como presidente do Egito em 2014, obtendo a maioria dos votos. Em 2018 foi reeleito.
Desde o março do ano passado, a libra egípcia perdeu cerca de 50% do seu valor, e a taxa anual de inflação ultrapassou 20%. A mudança de preços nos mercados lembra a da era Sarney, alterando durante o dia. Segundo a matéria da Folha, os alimentos proteicos como carne, ovo e leite viraram itens proibitivos à grande parte da população, sendo que os dados de 2020 indicam que cerca de 30% da população vive abaixo da linha da pobreza. Egito possui população aproximada de 110 milhões de habitantes, ou seja, num cálculo simples, 30% de 110 milhões seria 33 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza.
O presidente Abdel Fattah al-Sisi colocou a culpa na conjuntura externa, alegando que com a Guerra da Ucrânia a economia foi diretamente afetada. Egito, país tradicionalmente turístico, disse que dependia totalmente de turistas oriundos de Rússia e Ucrânia. Afetou também a importação de trigo. E, para piorar, os investidores externos abandonaram o Egito, levando cerca de US$ 20 bilhões (R$ 99,79 bilhões, pela cotação do dia 02/02/2023).
A economia do Egito é frágil, extremamente dependente de fatores externos. Nos últimos anos, vinha dependendo cada vez mais de empréstimos em dólar, e o aumento da exposição ao capital estrangeiro causou danos enormes quando os investidores externos fugiram.
O artigo da Folha cita o professor de economia política na Universidade Americana do Cairo Amr Adly, que afirma: a economia do Egito depende da importação para os setores da indústria e da agricultura. Ele é autor de livro sobre o fracasso egípcio em desenvolver sua economia. Afirmou que houve muitos sinais que foram ignorados pelo governo e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), entretanto, diz que a crise egípcia não deve chegar ao extremo da libanesa, mencionando que o sistema bancário do Egito é mais sólido do que a do Líbano. Também disse que o governo precisa agir para resolver a crise, e que com a ajuda externa poderá reforçar setores produtivos para ser menos dependente da importação.
Especialistas, que inclui também os credores do Egito, sugeriam que o governo reduza a participação de Forças Armadas na economia, permitindo o desenvolvimento da iniciativa privada em setores de infraestrutura, como construção e a comunicação, atualmente sobre o controle militar.
Conhecido pela manifestação de 2011 que derrubou o Hosni Mubarak, conhecida como Primavera Árabe, atualmente o país proíbe manifestações públicas. Os opositores são presos e torturados.