Na ocasião do Primeiro de Maio, o Diário Causa Operária (DCO), em conjunto com o Partido da Causa Operária (PCO), enviaram uma delegação de representantes para Cuba para participar dos atos e festividades da data mais importante para a luta dos trabalhadores de todo o mundo.
Com isso, este Diário está realizando uma série de entrevistas com Eduardo Vasco, editor do DCO enviado à Rússia no ano passado para cobrir a guerra na Ucrânia que, agora, está em Cuba.
Confira, logo abaixo, mais algumas perguntas feitas a Vasco. Ao final da entrevista, você pode conferir outro artigo da série Diário de Cuba.
Diário Causa Operária: Quais os pontos turísticos mais interessantes que você já conheceu?
Eduardo Vasco: Por enquanto estamos apenas em Havana, mas os locais históricos estão por toda a cidade. O centro é lindo, com todas as construções preservadas desde o descobrimento de Cuba. Como nos disse um amigo cubano, eles não derrubam estátuas e monumentos, mesmo dos conquistadores, porque são parte da história nacional. Nos dias do Encontro Internacional de Solidariedade a Cuba, nos levaram a uma fortaleza da época colonial belíssima com uma vista esplendorosa para o mar. Era ali onde ficava o Quartel da Montanha, onde Che Guevara coordenou o justiçamento dos torturadores e assassinos da ditadura de Batista logo após o triunfo da Revolução. Tanto pela parte histórica como pela beleza do local, acho que foi o ponto turístico que mais gostei.
DCO: Quais as diferenças você já pôde notar do sistema de saúde cubano e do sistema brasileiro?
Eduardo Vasco: Até agora tive a oportunidade de entrevistar o diretor de um hospital e o médico de um posto de saúde, além de cidadãos comuns que naturalmente são pacientes. Também percorri boa parte de Havana e vi como a capital tem muitos centros médicos. Todo cubano tem um médico na família. E como a profissão em Cuba não é para burgueses, como no Brasil, alguém por quem você não dá nada te diz que é médico e você se impressiona. Os médicos vivem igual ao povo, vivem em casas comuns. Os médicos vão nas casas das pessoas que não podem ir ao médico. A saúde é 100% gratuita. O único problema é que o bloqueio dos EUA impede que Cuba importe os materiais para produzir remédios e os equipamentos necessários e básicos. Faltam muitos remédios comuns em Cuba neste momento, como aspirinas e antibióticos. Um senhor que entrevistei hoje me disse que Cuba seria uma verdadeira maravilha se os EUA acabassem com o bloqueio nem que fosse por apenas 24 horas.
DCO: Como os cubanos veem Trótski e Stálin?
Eduardo Vasco: Acham que esse debate está ultrapassado. Mas visitei várias livrarias e sebos e não vi nenhum livro escrito por Stálin ou sobre Stálin, e vi dois livros escritos por Trótski à venda na livraria da editora da União de Jovens Comunistas, ligada ao Partido Comunista. Não que os comunistas cubanos sejam trotskistas, mas estão muito longe de serem stalinistas – o que nunca foram. Pessoas importantes ligadas ao aparato do estado que conversei, e que são extremamente bem informadas, não escondem sua simpatia por Trótski e suas fortes críticas a Stálin.
DCO: Qual a opinião dos cubanos sobre os Estados Unidos?
Eduardo Vasco: Ninguém nega que os EUA impõem um bloqueio econômico a Cuba. Os mais politizados sabem que o governo dos EUA é imperialista. Mas há gente despolitizada que não liga para isso. Com relação à cultura e aos costumes, os EUA mantêm uma forte influência sobre o estilo de vida, principalmente da juventude.
DCO: Qual a opinião dos cubanos sobre a guerra da Ucrânia?
Eduardo Vasco: Com quem eu conversei sobre o assunto, todos estão do lado da Rússia e sabem que a Ucrânia não passa de um fantoche dos EUA e da OTAN.