A vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram executados em março de 2018. A pergunta que ficou era “quem matou”, depois, “quem mandou matar Marielle?”
O crime ocorreu durante a intervenção militar no Rio de Janeiro e o questionamento se intensificou com o pouco desenvolvimento das investigações.
Grupos de extermínio
Nos últimos dias, o caso ganhou destaque nos noticiários com a delação do ex-PM Élcio de Queiroz. Além de confessar participação no crime, apontou também a participação de outro policial militar reformado Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, e do ex-sargento Ronnie Lessa (morto em 2021), acusado de atirar nas duas vítimas.
Não por acaso, todos os envolvidos são policiais militares. Foram treinados não nos CAC’s que o governo anuncia querer fechar, mas nas próprias academias de polícia, nos batalhões da PM, com “treinamento prático” nas comunidades mais pobres, nos bairros operários. Ficou estabelecido inclusive que até a arma do crime era de propriedade do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), da PM.
A polícia é uma máquina de guerras contra a população pobre e o caso Marielle confirmam que além da atuação regular de extermínio realizada (mais de 30 mil mortos em 4 anos – de 2017 a 2021 – reconhecidos oficialmente, conforme gráfico abaixo publicado pelo Portal G1), eles também atuam “por fora”, realizando serviços extras.
Uma situação que reafirma a necessidade de acabar com essa “academia do crime”, especializada em reprimir, aterrorizar, torturar e exterminar pessoas pobres e trabalhadoras, em sua maioria negra.
Acabar com as polícias
Uma semana antes dos últimos lances do crime mais comentado do país nos últimos anos confirmar o papel criminoso da PM, o governo, através do ministro da Justiça, Flávio Dino, e, infelizmente, do próprio presidente Lula, lançou um pacote repressivo, elogiando a polícia, defendendo o armamento desses assassinos e o desarmamento do povo. Um erro grave do governo.
À pergunta “o que são milícias?”” o Google responde: “grupo de policiais e seus membros que atuam como mafiosos, como grupos paramilitares privados.” A origem é a polícia.
Uma vez mais confirma-se o que o povo já sabe: a polícia não é de confiança, e sempre se volta contra os direitos democráticos, contra os interesses da população, contra a própria população.
Para os trabalhadores e suas organizações de luta, uma lição central: é preciso acabar com essa máquina de matar que é a polícia. A esquerda, as organizações dos de luta dos explorados, de defesa dos direitos democráticos do povo devem deixar de lado qualquer política de colaboração com a repressão, aumento das penas, etc., para mobilizar os trabalhadores e a juventude pela dissolução da PM e de todo o aparato repressivo.