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Ilusões

É possível o governo Lula apoiar-se nas instituições?

Líder do PT na Câmara, José Guimarães, revela as ilusões nas instituições golpistas

Em artigo publicado no sítio Brasil 247, o companheiro José Guimarães, deputado federal e líder do governo na Câmara, revela algumas confusões importantes no que diz respeito à política nacional e ao papel que as instituições ocupam nesse momento.

Intitulado “Diálogo e união na reconstrução do País”, o deputado acredita na “união nacional” e na “solidez da democracia” no Brasil, duas ideias cujo resultado pode ser bem desastroso para o governo Lula e, consequentemente, para o povo. Isso porque elas servem para fechar os olhos da população para o perigo da direita golpista, que continua dominando as instituições.

No primeiro caso, sinaliza para a população a ideia de que haveria alguma possibilidade real de uma união nacional com os setores mais golpistas e inimigos dos trabalhadores. Pressupõe que essa direita estaria minimamente interessada numa política de união em torno de um bem comum que seria a democracia e a nação.

Incrível que mesmo depois do golpe e da prisão de Lula, setores do PT continuam nutrindo a ilusão de que a direita tem algum princípio político, por menor que seja. Nenhum desses políticos está interessado em valores democráticos ou nos interesses da nação. O interesse desses políticos da direita é medido pelo tamanho do ganho que cada um vai ter.

Deputados e senadores da direita estão à disposição de quem paga mais e o Congresso Nacional é um grande balcão de negócios. Eles são capazes de defender a democracia tanto quanto o fascismo, a depender de quanto vão levar para casa.

A experiência do golpe de Estado deveria ter servido como uma lição definitiva. Parlamentares foram, um a um, sendo comprados até a aprovação do impeachment e o governo do PT foi incapaz de reverter a situação. O artigo de José Guimarães afirma o seguinte:

Nessa parceria construtiva, o governo não será puxadinho do Congresso, nem o Congresso puxadinho do governo. A relação será plenamente republicana e equilibrada, observados os princípios constitucionais da independência e da harmonia entre os poderes.

O líder do PT na Câmara acredita que esse Congresso, composto por uma maioria de deputados abertamente bolsonaristas ou que ao menos apoiaram Bolsonaro nas eleições, será capaz de fazer uma “parceria” com o governo federal e que pode haver uma “relação equilibrada”.

Se é assim, a primeira coisa que deveríamos perguntar é por que tanta histeria contra os bolsonaristas se na realidade eles são “respeitosos da Constituição, equilibrados e parceiros”?

Temos a impressão que uma parte do PT acredita que repetir muito uma ideia fará com que as pessoas mudem de opinião. Se falarmos muitas vezes que os bolsonaristas são democráticos eles vão se transformar em democratas. Logo no primeiro parágrafo do artigo, Guimarães mostra toda a sua ingenuidade:

Ao descerem a rampa do Palácio do Planalto, de braços dados, ainda desviando do entulho da destruição, após os ataques do dia 8 de janeiro, os chefes dos três poderes da República e mais 26 governadores dos estados da Federação deram demonstração à sociedade brasileira de que a democracia está muito bem amparada pela Constituição e por instituições sólidas, capazes de rechaçar, com firmeza, ameaças que possam levar o país à instabilidade e ao arbítrio.

Aqui, deveríamos acreditar que não apenas os deputados e senadores bolsonaristas são democráticos como os governadores. Mais difícil ainda de acreditar é que a Constituição e as instituições amparam a democracia. Estaria José Guimarães falando da mesma Constituição que é rasgada diariamente e foi queimada no golpe contra Dilma? Estaria ele falando das mesmas instituições que, se podemos chamar de sólidas é apenas na medida de sua rígida ação anti-democrática, como vimos no julgamento do mensalão, na Lava Jato, no impeachment e na prisão de Lula?

É preciso explicar aos companheiros do PT que palavras não vão resolver a crise política. A direita golpista, disposta a qualquer coisa por seus interesses, não será convencida por discursos e demonstrações de boa vontade por parte do governo.

O governo Lula precisa do povo. Eis a verdadeira união nacional. Nesse sentido, Guimarães anuncia a criação de um Conselho para a formulação de políticas públicas:

Visando ampliar o diálogo para além dos limites dos poderes, na perspectiva da participação social na reconstrução do país, o governo reativará o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que volta a ter um importante papel na formulação e no acompanhamento de políticas públicas. Voltam também a ser realizadas as conferências setoriais para estreitar ainda mais a relação do governo com a sociedade no compartilhamento de decisões.

Apesar de insuficiente, a proposta tem um sentido correto. Colocar setores da população a par das decisões do governo. Mas é preciso muito mais, é preciso que de fato haja organismos capazes de mobilizar as organizações populares.

É a mobilização a principal arma que tem o governo. Mais do que nunca, qualquer manobra institucional, cuja crença dos setores petistas é enorme, só pode ser baseada numa grande pressão popular.

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