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Nova Resistência

É a luta contra o imperialismo que leva Putin à esquerda

Matéria da Nova Resistência tenta trazer um Vladimir Putin como um socialista conservador, quase uma novidade política, mas não apresenta as bases materiais dessa teoria

Putin

Matéria “O caminho de Putin rumo ao anticapitalismo de direita”, publicada no sítio da Nova Resistência, em 8 de junho, traz uma imagem do presidente russo migrando para a esquerda, mas tal circunstância só pode ser fruto da luta contra o imperialismo, não de uma simples tomada de decisão.

O olho da matéria parece trazer já contradições: “Alexander Dugin discute as recentes declarações de Putin, revelando uma nova ideologia anticapitalista de direita e suas potenciais implicações para o cenário político da Rússia”.

Não deixa de soar estranha a colocação “anticapitalismo de direita”, uma vez que a ideologia de direita é a ideologia da conservação burguesia, dos capitalistas enquanto classe dominante, se a burguesia sucumbir, a sua ideologia não poderá sobreviver. A própria burguesia, quando ainda era revolucionária, tratou de destruir toda a base moral e ideológica do antigo regime. As várias escolas, na literatura e na pintura, são prova desse fenômeno, que se manifestou em todas as áreas do conhecimento.

Nas ciências, na Filosofia, não ficou pedra sobre pedra, a indústria florescente e as mudanças no modo de produção exigiram a morte de antigos dogmas que se constituíam como entrave para o desenvolvimento.

No primeiro parágrafo da matéria temos o seguinte: “A crítica de Putin ao capitalismo durante seu discurso em Valdai, bem como uma série de outras declarações ideológicas enérgicas do chefe de Estado, é algo muito sério. Putin é um pragmático e realista, e tentou ficar o mais longe possível da ideologia durante todo o seu governo. Este era o seu estilo: sem preferências ideológicas e, pelo contrário, contenção de quaisquer extremos ideológicos. Isso está relacionado, em particular, à completa incoerência do partido Rússia Unida, em que um grande buraco negro adorna o lugar de uma ideia”.

Um dos problemas que encontramos é essa acepção de um ser ‘sem preferências ideológicas’, o que fica claro na declaração seguinte, de que Putin teria um estilo de ‘contenção de quaisquer extremos ideológicos’. A tentativa de ‘conter extremos’ nada mais é que uma maneira de dizer que ‘é preciso manter a ordem’, e a manutenção da ordem só pode favorecer as classes dominantes.

O parágrafo seguinte, é um texto relativamente curto, diz que “Até recentemente, Putin estava satisfeito com isso, pois ao menos funcionava e não atrapalhava sua gestão, mas agora ele faz declarações tão nítidas e inequívocas: o capitalismo moderno é um beco sem saída, os valores liberais destroem a sociedade e é necessária uma virada maciça em direção ao conservadorismo”.

Se Putin conduzia sua gestão sem que fosse atrapalhado, o que teria mudado? O que o fez chegar à conclusão de que “o capitalismo moderno é um beco sem saída”.

O imperialismo, que aqui é chamado de capitalismo moderno, é um desenvolvimento natural das forças produtivas, conforme Lenin descreveu em “Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo”. As burguesias dos países imperialistas precisam dominar as burguesias dos países atrasados, isso já estava desenhado desde o colapso da União Soviética, quando o imperialismo destruiu a indústria russa. E, não menos importante, a OTAN continuou expandindo como nunca em direção ao Leste Europeu. A adesão da Ucrânia seria a cartada anterior a um ataque massivo contra a Rússia. Isso ficou muito claro para Putin que muito bem resolveu se antecipar e frustrou, pelo menos por enquanto, os planos das grandes potências.

A burguesia russa está em uma luta de vida ou morte contra a burguesia imperialista, é natural que Putin esteja sendo levado à esquerda, movimento que está limitado pela própria burguesia russa e pela classe trabalhadora.

Que os valores ‘liberais’ destroem a sociedade, isso é verdade principalmente porque, além de superexplorar a classe trabalhadora, a concorrência faz com que o grande capital internacional tente colocar a burguesia dos países atrasados sob a bota. Porém, a salvação da sociedade não está em uma “virada maciça em direção ao conservadorismo”, simplesmente porque não se trata de um problema de costumes. O imperialismo não deixará de atacar a Rússia ser ela for mais ou menos conservadora, pois ele está atrás de dominar as riquezas, os mercados mundiais.

Segundo o artigo da NR, “Cientistas políticos formais imediatamente ficaram confusos. A crítica ao capitalismo é uma tese da esquerda. Acontece que Putin é a favor do socialismo. Mas a agenda liberal – LGBT, feminismo, democracia das minorias em todo o mundo – é apoiada justamente pela esquerda. E, finalmente, Putin apela diretamente ao conservadorismo e à filosofia política russa”.

Devemos acreditar que se a esquerda não apoiasse os movimentos de minoria, Putin seria um socialista, lutaria pelo fim das classes, pela derrocada da burguesia e a instauração de uma ditadura do proletariado? Isso não faz sentido.

A luta das mulheres por igualdade é uma luta justa. Por qual motivo uma mulher precisaria, por exemplo, ganhar menos do que um homem para cumprir a mesma função? No que diz respeito às minorias, os socialistas acreditam que essas pessoas precisam ser livres para viverem suas vidas. Trata-se de defender a liberdade, um princípio fundamental para o ser humano. Os socialistas não ficam estimulando as pessoas a mudarem de sexo, ou a fazerem isso, ou aquilo; apenas dizem que são livres para fazê-lo quem assim o quiser.

Se Putin for a favor do socialismo, terá que lutar contra a burguesia.

Embora o texto diga que ‘Este não é um conjunto de teses aleatórias e contraditórias, mas um esboço, ainda que preliminar, de uma ideologia inteiramente original que pode ser amplamente chamada de “anticapitalismo de direita”’. Temos de perguntar: qual é a base material dessa nova ideologia?
Até o momento, tudo o que apresentaram são modelos ou coisas como ‘Nova Idade Média’, ‘tradição eslavófila’, ‘eurasianismo’ e ‘filosofia religiosa russa’. Não é suficiente dizer que “o anticapitalismo de direita é incompatível com as três ideologias políticas clássicas do Ocidente”. É preciso responder antes se nesse modelo de sociedade, serão extintas as classes sociais, pois essa é a única via para desenvolvimento da humanidade.

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