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Estados Unidos

Doutrina Monroe completa 200 anos

Doutrina Monroe abriria o caminho para que os Estados Unidos se desenvolvessem como a maior potência mundial e transformasse o restante do continente em seu próprio quintal

Há exatamente 200 anos, era instituída a Doutrina Monroe, que abriria o caminho para que os Estados Unidos se desenvolvessem como a maior potência mundial e transformasse o restante do continente americano em seu próprio quintal. No dia 2 de dezembro de 1823, o presidente norte-americano James Monroe, durante o sétimo discurso anual do Estado da União junto ao Congresso, proclamou o fim da expansão colonial na América Latina, qualquer ação neste sentido seria entendida como um ato hostil aos Estados Unidos. A Doutrina Monroe foi sintetizada na seguinte expressão: “América para os americanos”. 

A luta pela libertação das colônias europeias na América Latina recebeu influência direta da Revolução Francesa como é o caso do Haiti, bem como, de seus desdobramentos como é caso da invasão comandada por Napoleão Bonaparte à Península Ibérica, que está na origem do fim do Brasil como colônia. Esse acontecimento enfraqueceria a dominação espanhola, que praticamente deixaria de existir como resultado das guerras de independência na América espanhola lideradas por Simon Bolivar, que ocorrem entre os anos de 1808 e 1829, apenas Cuba permaneceram sob o controle espanhol até a Guerra Hispano-Americana. 

Diante do fim da Era Napoleônica em 1815 e da possibilidade de os países da Europa voltarem a colonizar a América Latina, o secretário de Estado norte-americano, John Quincy Adams, buscou se antecipar e elaborou os princípios da Doutrina Monroe. Os Estados Unidos não possuíam naquele momento uma frota naval com capacidade de dissuadir as potências europeias e controlar as atividades marítimas. Mas contava com apoio britânico que vislumbrava ampliar as relações comerciais no continente, o secretário de Negócios Estrangeiros Lord George Canning chegou a propor uma declaração conjunta que foi rejeitada. 

É importante destacar que, desde sua independência, os Estados Unidos adotaram uma política de externa de não se comprometer com a Europa. Antes mesmo anúncio da Doutrina Monroe, os Estados Unidos se estabelecer como uma potência, influenciar o continente e expandir suas fronteiras. 

Na sétima mensagem anual ao Congresso, o presidente James Monroe estabeleceu os seguintes princípios fundamentais: 

  • Toda tentativa das potências europeias de estender seu sistema em qualquer da América Latina como perigosa à segurança dos Estados Unidos; 
  • As colônias e dependências das potências europeias não sofrerão interferência dos Estados Unidos; 
  • Qualquer interposição de potências europeias com propósito de oprimir governos que declararam sua independência, reconhecida pelo governo norte-americano, será vista como perspectiva uma manifestação hostil contra os Estados Unidos; 
  • Na guerra entre novos governos e a Espanha, os Estados Unidos se declaram neutros desde que não ocorra nenhuma mudança no julgamento desses governos. 

O envio de dois navios de guerra enviados pelo Reino Unido para reafirmar a soberania britânica sobre as Ilhas Malvinas em 1932 caracterizaram uma violação do primeiro fundamento da Doutrina Monroe. Antes de completar 10 anos de sua elaboração, esses princípios se apresentaram como uma farsa diante desse acontecimento flagrante. A vista grossa diante da invasão britânica não é nada diferente da atual política dos Estados Unidos, tal ação não seria aceitável se praticada por outra potência. Se trata de uma política de “dois pesos e duas medidas”, ou seja, de ter para situações equivalentes uma posição a favor dos interesses de governos aliados e outra desfavorável quando se trata de governos opositores. 

Os Estados Unidos também violaram o segundo e quarto princípio estabelecido por sua própria doutrina, apoiaram a expulsão da Espanha do território cubano na Guerra Hispano-Americana em 1898. Além da participação na guerra que por si já caracterizava uma interferência, os norte-americanos forçaram reconhecimento espanhol sobre a independência de Cuba apesar de manterem uma ocupação militarmente na ilha até 1902. Evidentemente que para estabelecer sua dominação sobre o continente, os Estados Unidos precisavam colocar fim a todo e qualquer resquício das dominações anteriores. O quarto fundamento denuncia de forma cristalina ao se apresentar como neutro diante da guerra contra a colonização espanhola. 

O terceiro princípio apresenta uma posição mais claramente reacionária, pois estabelece que somente seria uma manifestação hostil se o governo em questão fosse reconhecido pelos Estados Unidos. É por esse motivo que a independência haitiana, uma revolta muito furiosa dos escravos, não era reconhecida até 1862 quando a França exigiu um reembolso criminoso que fez do Haiti o país mais pobre da América Latina. Esta política também se percebe claramente atualmente diante da tentativa de criminalizar governo que não se curvam aos interesses dos Estados Unidos como é o caso da Nicaragua e Venezuela na América Latina. 

Esses exemplos demonstram bem que a Doutrina Monroe nunca foi progressista, mas uma forma de viabilizar a dominação norte-americana sobre todo o continente. Os Estados Unidos promoveram inúmeros golpes de todos os tipos por todo o continente americano, muito para além disso, não há mais nenhum continente onde os norte-americanos não tenha invadido ou promovido uma guerra. Os Estados Unidos se constituíram como a maior força militar e econômica do bloco imperialista mundial e a Doutrina Monroe está na origem do desenvolvimento dessa dominação global.    

 

   

 

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