O Campeonato Brasileiro desmente a tese segundo a qual o futuro e o progresso do futebol brasileiro estão na transformação dos clubes em empresas capitalistas. Chegando à reta final do campeonato, constata-se que, na parte de baixo da tabela, quem domina são justamente os clubes-empresas ― as chamadas SAFs.
Dos setes últimos colocados, cinco são SAFs: o lanterna América-MG, o vice-lanterna Coritiba, o décimo sétimo colocado Bahia, além de Vasco da Gama e Cruzeiro, que se encontram à beira da zona de rebaixamento. Apenas duas SAFs brigam na ponta do torneio ― Botafogo e Red Bull Bragantino ― e o Cuiabá, que fecha o time dos clubes organizados dessa maneira, situa-se no meio da tabela.
A conclusão é evidente. O saldo é absolutamente negativo. Das 8 SAFs que disputam o Campeonato Brasileiro, cinco brigam para não cair para a segunda divisão. Trata-se de um tremendo fracasso.
As Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) são vendidas pela propaganda capitalista, sobretudo pela imprensa pró-imperialista nacional, como a grande solução para salvar o futebol brasileiro. O que se vê na prática, porém, é a acentuação das principais tendências que prejudicam o esporte mais popular do País.
As SAFs não são senão um esquema montado pelos grandes capitalistas (em especial, os internacionais) para parasitar os clubes brasileiros. Elas acentuam a tendência de subjugação do futebol nacional ao polo capitalista internacional, facilitando ainda mais a transferência dos jovens jogadores brasileiros para o exterior e sugando até a última gota as possibilidades de lucro oferecidas pelos clubes nacionais. De uma operação parasitária não pode resultar nada de produtivo e positivo.
As promessas de grandes elencos e melhoria substancial na gestão dos clubes mostram-se como puras bravatas. E o resultado vê-se agora ao final do Campeonato Brasileiro de 2023: equipes que, na sua maioria, brigam para fugir do fracasso.