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Guerra Prolongada

Documentos do Pentágono sobre o conflito na Ucrânia vazam

Imperialismo vaza documentos para promover nova onda de ataques contra a Rússia

Documentos sobre a guerra na região russa do Donbass foram vazados em redes sociais via Twitter, Discord e jogos eletrônicos. Alguns dias depois do vazamento, o New York Times, considerado por analistas como o veículo oficial do Departamento de Estado, publicou reportagem [1] sobre o que consideraram “uma violação significativa da inteligência americana no esforço para ajudar a Ucrânia” através do vazamento de documentos confidenciais que foram compartilhados nas mídias sociais. 

Os documentos estão passando por um procedimento chamado de “filtragem” na internet, por intermédio de potentes equipamentos e peritos. Praticamente não se encontra o documento completo na rede mundial de computadores, a não ser na rede profunda. A reportagem original menciona que “altos funcionários do governo Biden” teriam alertado o jornal ‘oficial’ do Departamento de Estado. 

O Grayzone apensou [2] partes dos documentos que circulam no Telegram. Ainda de acordo com o Grayzone, analistas militares disseram que os documentos podem ter sido modificados, a fim de superestimar as estimativas norte-americanas de mortos, durante a operação especial russa de desnazificação da Ucrânia e defesa dos povos russos do Donbass, em favor dos ucranianos. Nesse caso, as alterações poderiam apontar para um “limitado” vazamento para tentar dissimular novas intenções militares do imperialismo.

De acordo com o correspondente do Grayzone, nem o New York Times nem os “analistas militares” citados explicam como os documentos foram alterados, ou por que eles têm a aparência de adulteração. No entanto, como os documentos vazados chegaram na forma de fotografias de documentos impressos, em vez de arquivos originais, a possibilidade de falsificação ou alteração deve ser considerada.

Os documentos vazados afirmam que a Rússia sofreu perdas de tropas que variam de 16.000 a 17.500, enquanto as perdas ucranianas chegam a 71.500 – um diferencial impressionante que está em desacordo com a narrativa triunfalista projetada por Kiev. Eles são datados de 1º de março de 2023 e parecem fazer parte de um esforço de briefing em andamento para analisar o progresso da guerra e planejar uma contraofensiva ucraniana.

Com o suposto vazamento, o Departamento de Justiça abriu uma investigação criminal, que divulga na imprensa que a fonte dos vazamentos pode ter sido realizado por, desde um funcionário descontente na comunidade de inteligência, a um estrategista isolado visando alterar os rumos do conflito em nome dos interesses de segurança nacional dos EUA. Apesar do fato de que uma parte dos documentos já foi amplamente coberta pelos meios de comunicação, a natureza exata dos “documentos vazados do Pentágono” permanece obscura [3].

Grão de sal

Mark Sleboda, analista de relações internacionais, em entrevista para a Sputnik [4] destaca que as autoridades dos EUA estão alegando que parte da história é verdadeira e parte dela não é, isso gera a pergunta: “por que foi vazado e no que eles queriam que acreditássemos?”

O vazamento, sugeriu Sleboda, provavelmente vem “do lado americano ou de alguém do lado americano”, com o analista observando que alguns dos documentos vazados “confirmam informações que realmente já sabíamos”, como os dados sobre as recém-formadas brigadas ucranianas. Ele sugere levar as informações vazadas “com um grão de sal”.

Essa abordagem militar pode fazer parte de uma operação psicológica para dissimular estratégias norte-americanas, além de poderem ser briefings de divulgação para a própria imprensa capitalista internacional abordar o conflito. Via imprensa, analistas russos acreditam e que os documentos rotulados como “Secret“, “Top Secret” e marcados como “NOFORN“, não se destinariam a ser liberados para cidadãos estrangeiros, datam do final de fevereiro e início de março de 2023. 

Contudo, somente agora a máquina de inteligência norte-americana começou a fazer a “filtragem” em plataformas de mídia social e aplicativos nas últimas semanas. Os russos ainda informaram que foram postados pela primeira vez em um canal Minecraft no Discord, uma plataforma de mensagens popular entre os jogadores, e no quadro de avisos 4Chan. Posteriormente, os documentos chegaram a veículos mais tradicionais, como Twitter, YouTube e Telegram.

De acordo com o analista militar Scott Ritter, o vazamento veio de dentro das forças armadas dos EUA, de uma ala que se opõem à nova contraofensiva ucraniana, que acreditam que as informações relativas aos preparativos poderia evitar essa ação. “Outros podem acreditar que o presidente do Estado-Maior Conjunto pode estar hesitando em dar luz verde a uma ofensiva ucraniana de primavera e procurou liberar o material para forçar a mão do general Milley”, disse Ritter [5].

Caso seja uma nova tática do Pentágono, aparentemente tem tudo para novamente dar errada. Os sucessivos vazamentos sobre a guerra, bem como a crise na Europa, com o já decantado entendimento sobre a dupla pretensão de desgastar a Rússia e o Velho Continente, revela que as possíveis táticas de “zona cinzenta” 

Caracterizaram as diversas formas de conflitos assimétricos (conflitos de quarta geração), onde se situam insurgências e terrorismo, num amplo conjunto de informações manipuláveis (PEREIRA, 2019) [6]. A Rússia lida com esse volume de informações com métodos de inteligência, considerando sempre a guerra prolongada. Deste modo, a credibilidade dos Estados Unidos, a crise que expõe o país e a evolução do desenvolvimento russo em contraposição ao desenvolvimento internacional, desclassificam progressivamente o imperialismo e escancara sua crise.

O que o imperialismo apronta com os nazistas?

O Kremlin disse não ter dúvidas sobre a participação dos EUA ou da OTAN, direta ou indireta, no conflito na Ucrânia. No entanto, os vazamentos ainda forneceriam uma visão fascinante para os tomadores de decisão em Moscou. Apesar de ter entrevistado analistas, o New York Times reforçou que os vazamentos parecem ser documentos legítimos. Já as autoridades ucranianas querem sugerir que o vazamento é parte de uma campanha de “desinformação” russa destinada a influenciar ofensiva de revolução colorida na Ucrânia.

Os documentos têm pelo menos cinco semanas, sendo o mais recente datado de 1º de março, sem ações específicas, mas o Kremlin está em alerta sobre uma nova ação na primavera, que pode incluir tropas treinadas nos países da OTAN com as novas armas que não pararam de chegar. Certamente novos ganhos territoriais podem ser logrados pela Ucrânia, mas com um efetivo descansado com a ação do Grupo Wagner em ação atualmente, a contraofensiva. Com esses documentos revelados, é possível até mesmo que a Rússia lance mão de uma nova ação preventiva, o que se justifica plenamente, assim como no início da operação no ano passado.

Independentemente da tática do imperialismo, se tomada por desespero ou por uma absoluta clareza, o que se vislumbra com os vazamentos da contraofensiva, é que o projeto de desgastar a Rússia continuará, assim como de permanente abastecimento do território ucraniano, não somente como território da guerra por procuração, mas como território de ensaio de guerra biológica, de testes de fármacos, tráfico internacional de órgãos e, principalmente de ensaio de invasão, no momento em que a Finlândia ingressa na OTAN e a Suécia esteja muito próximo de um acordo final. Com as pressões vindas do Cáucaso e da Ásia Central, o nazismo prolonga sua vida útil, e os EUA podem atuar com maior força em Taiwan contra a China.

Notas

[1] Ukraine War Plans Leak Prompts Pentagon Investigation. Em: The New York Times. Disponível em: https://www.nytimes.com/2023/04/06/us/politics/ukraine-war-plan-russia.html. 6 abr. 2023.

[2] RUBINSTEIN, Alexandre. Leaked documents expose US-NATO Ukraine war plans. Em: The Grayzone. Disponível em: https://thegrayzone.com/2023/04/07/leaked-documents-us-nato-ukraine-war-plan/ . 7 abr. 2023.

[3] What Do We Know So Far About Leaked Pentagon Documents? Em: Sputnik. Disponível em: https://sputnikglobe.com/20230410/what-do-we-know-so-far-about-leaked-pentagon-documents-1109311855.html. 10 abr. 2023.

[4] ‘Awfully Convenient’: Leaked NATO Plans for Ukraine Should Be Taken ‘With Grain of Salt’. Disponível em: https://sputnikglobe.com/20230408/awfully-convenient-leaked-nato-plans-for-ukraine-should-be-taken-with-grain-of-salt-1109279802.html. 10 abr. 2023.

[5] Scott Ritter: US Document Leak ‘Much Ado About Nothing’. Disponível em: https://sputnikglobe.com/20230408/scott-ritter-us-document-leak-much-ado-about-nothing-1109280151.html . 10 abr. 2023.

[6]  PEREIRA. Carlos Frederico de Oliveira. Zonas cinzentas e repressão penal: entre o direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional dos conflitos armados. Revista do Ministério Público Militar. N. 31. 117-136. Brasília: 2019.

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