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Nova carteira de identidade

Documento oficial em inglês é um abuso contra os brasileiros

Inclusão de idioma estrangeiro na nova Carteira de Identidade contraria a Constituição e afronta a soberania da nação

A apresentação do modelo da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) a ser utilizada no país tem gerado repulsa entre defensores da identidade cultural e linguística brasileira. Isso porque, além das informações em português, o modelo divulgado no sítio oficial do governo federal traz a nova carteira com inscrições em inglês, uma prática que vai de encontro à Constituição, que estabelece em seu artigo 13: “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.” A questão jurídica, no entanto, é ainda o menor dos problemas, ante a afronta à soberania nacional, representada por um documento oficial em idioma estrangeiro.

A Carteira de Identidade, como documento vital na vida de cada cidadão, é historicamente considerada um símbolo da identidade nacional. No entanto, a introdução de informações em inglês nesse documento essencial suscita preocupações válidas sobre a preservação do idioma nacional como representação genuína da cultura e soberania do Brasil.

O fenômeno, como era de se esperar, não acontece em documentos oficiais como a carteira de habilitação de países como EUA e no Reino Unido; e mesmo sócios menores do imperialismo, como a Espanha, não têm documentos oficiais escritos em inglês. Outros, como a França, até tem, porém, o país está longe de constituir um exemplo a ser seguido.

A submissão da Europa de conjunto ao imperialismo norte-americano ficou evidente na atual crise desencadeada pela Rússia. A ofensiva do gigante eslavo contra a OTAN na vizinha Ucrânia levou o imperialismo europeu a abraçar a política de cerco total à economia russa, o que terminou bloqueando o acesso europeu às commodities russas, em especial o gás natural e o petróleo.

Desde então, a economia europeia vem ameaçando colapsar devido à insustentabilidade do embargo total a Moscou e, com iso, provocando uma imensa crise na própria França, onde o capachismo do governo é duramente atacado pela extrema-direita francesa, que tem na líder do partido Reunião Nacional (RN), Marine Le Pen, uma de suas principais expressões.

Finalmente, é preciso destacar ainda que tampouco a adoção da língua inglesa foi aceita na França, com a própria Le Pen aproveitando a brecha aberta pela medida impopular para atacar o governo pró-imperialista de Macron. “Enquanto isso, Emmanuel Macron acredita que não existe uma cultura francesa”, reagiu a dirigente do RN, acrescentando ainda: “É hora de eleger um presidente que se orgulhe de falar francês e da cultura francesa.” (“Tradução em inglês na carteira de identidade incomoda ‘guardiões da língua’ na França”, Folha de S. Paulo, 8/1/2022).

No Brasil, o modelo divulgado pelo governo da CIN gerou uma gritaria entre os identitários pelas bobagens que permeiam a política deste setor pequeno-burguês. Estes, no entanto, calaram-se diante da ideia de um documento oficial em inglês, o que, em tese, despertaria a indignação dos chamados “decoloniais”, segmento identitário que denuncia a manutenção do colonialismo por vias culturais atualmente. Ao mesmo tempo, o projeto da CIN aparece em um momento onde o imperialismo reforça seus ataques ao Brasil.

Um dos flancos de ataque imperialista é o ambientalismo, sendo que a demagogia ambiental é usada para tentar impedir a exploração de petróleo na Margem Equatorial, em um claro ataque à economia nacional. Desde o começo do ano, a Petrobrás e o Ibama – controlado pelo Ministério do Meio Ambiente, sob chefia de Marina Silva – vem travando uma batalha pública em torno da questão, com o segundo se mobilizando para barrar até mesmo estudos sobre a presença do petróleo na região, que compreende a faixa nacional do oceano Atlântico, que vai do litoral do Amapá até o Rio Grande do Norte.

A antiga estatal, por sua vez, já foi alvo de ataques linguísticos no passado, quando o então governo FHC (PSDB) tentou mudar o nome da empresa para Petrobrax, em uma tentativa de entregar a empresa aos tubarões do imperialismo. Incapazes de mudar completamente o nome da estatal, os tucanos se contentaram, à época, com uma mudança na grafia, retirando o acento agudo de “Petrobrás”, o que ainda constituía uma forma de torná-la mais apresentável aos monopólios internacionais, os países de língua inglesa, como os EUA.

A decisão de impor o inglês nos documentos oficiais do País, por fim, evidencia uma capitulação do governo do PT às pressões que vem sofrendo do imperialismo. É preciso que a medida seja criticada pelos setores atentos ao quadro amplo, onde o Palácio do Planalto é chantageado pela direita, bolsonarista e imperialista, a se alinhar à ditadura mundial em questões como a guerra no Leste Europeu e a defesa do sionismo no conflito em marcha no território invadido da Palestina. Com os identitários se mobilizando para atacar duramente a cultura nacional, a história e a língua do País, é preciso um combate a medidas como a adoção da língua inglesa na CIN.

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