Enquanto setores da esquerda dorme em berço esplêndido e continuam paralisados diante dos acontecimentos políticos, os Comitês de Luta de todo Brasil, junto ao Partido da Causa Operária (PCO), preparam uma grande mobilização para defender o governo recém-eleito de Lula. A invasão dos três poderes por bolsonaristas no dia 8 de janeiro mostrou que a direita não vai descansar enquanto não derrubar ou desestabilizar por completo o presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva.
Mesmo não tendo sido uma tentativa de golpe de Estado, como está sendo colocado pela imprensa burguesa e pela esquerda pequeno-burguesa, a invasão mostrou uma clara debilidade do governo e criou uma séria desmoralização. Pela facilidade que os bolsonaristas adentraram os prédios públicos, ficou claro que há setores graúdos das forças armadas trabalhando contra o atual presidente. A ilusão de que as instituições da burguesia, como o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e instituições militares, irão deter uma eventual investida real contra o governo Lula deve ser desmanchada.
O governo já sofreu uma série de crises desde seu início. As declarações do presidente Lula cada vez mais à esquerda, contrariando os interesses da direita e do imperialismo, aumenta os ânimos golpistas da burguesia contra o governo. Se antecipando aos fatos, a decisão dos Comitês e da Direção Nacional do Partido da Causa Operária em convocar a III Conferência é a política mais acertada do momento: somente o povo nas ruas consegue barrar as ofensivas golpistas e defender o governo que foi eleito pelo povo brasileiro.
Para além da organização popular, nesse momento, o governo também deveria colocar em prática uma série de medidas em prol da população mais pobre e dos trabalhadores de forma geral, incluindo categoricamente a questão da terra no País. Aumento do salário mínimo, diminuição da jornada de trabalho, direitos trabalhistas, reforma agrária com expropriação do latifúndio, reestatização de todas as empresas e nacionais dadas a preço de banana para acionistas estrangeiros, fim das privatizações. Enfim, medidas realmente concretas em direção da necessidade e da soberania do povo brasileiro.
É importante também salientar que, neste momento, o governo se encontra isolado, o Congresso é majoritariamente formado por direitistas golpistas e bolsonaristas, os militares estão em maior parte ao lado de Bolsonaro – senão ao lado da burguesia tradicional – e a imprensa burguesa já entrou em ação para atacar e desgastar o governo. Ou seja, está na ordem do dia um golpe contra Lula, só não se sabe se a médio, curto ou longo prazo.
Todos que lutaram pela eleição de Lula devem ter em mente que a eleição não vai garantir o jogo politico da burguesia. Agora, a única força capaz de enfrentá-la é a mobilização do povo. É preciso um trabalho intenso de esclarecimento político e de discussão dos problemas que Lula enfrenta, começando pelos principais meios de mobilização popular que são os sindicatos, os movimentos sociais e as organizações de estudantes e populares a participar da atividade que irá guiar os próximos passos da luta por um governo de esquerda e dos trabalhadores.
O momento é grave, todos devem se juntar nessa grande conferência. Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE) e todas as outras organizações podem e devem se somar a essa atividade combativa e de luta em defesa dos trabalhadores brasileiros.