Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Ataque ao patrimônio operário

Diretorias de Flamengo e Palmeiras abrem guerra contra torcidas

Um dos principais resquícios da participação popular no futebol é justamente as torcidas organizadas, que tornaram-se alvo dos diretores dos clubes

Na última semana, as diretorias de Flamengo e Palmeiras, de longe os dois clubes mais poderosos do Brasil atualmente, abriram uma guerra aberta contra seus torcedores, principalmente contra sua vanguarda: as torcidas organizadas. No Rio de Janeiro, a tropa de Rodolfo Landim e Marcos Braz, que lidera o Rubro-negro, essa guerra ficou ainda mais explícita quando o vice-presidente do clube, cobrado por um torcedor insatisfeito com os resultados do time, foi agredido em um shopping na capital fluminense.

No entanto, a guerra dos cartolas flamenguistas às torcidas não é algo novo, apenas se intensificou diante da crise do escrete flamenguista nos últimos meses. O Flamengo é um clube que, apesar de ter sido formado por elementos da burguesia carioca, ficou rapidamente identificado com as amplas massas pobres do Rio de Janeiro e do resto do Brasil. Independente do motivo para tal, o Rubro-negro carioca se tornou a maior torcida do mundo e, diante disso, elevou o Flamengo para seu patamar de gigante do futebol mundial.

Landim e Braz, no entanto, estão fazendo de tudo para atacar o principal patrimônio do clube: sua imensa torcida. A diretoria flamenguista quer transformar o “mais querido” em um brinquedo para seus amigos ricos de Copacabana e do Leblon. Os ingressos, em geral, para os jogos do Rubro-negro são caros. Mas a situação saiu do controle no jogo de ida da final da Copa do Brasil, contra o São Paulo, quando a média dos valores dos ingressos ficaram acima de R$ 400, isto é, quase um terço de um salário mínimo — sendo que os ingressos para o público foram vendidos com preços variando entre R$ 400 e R$ 4.500.

Por esse motivo, a diretoria do Flamengo conseguiu um feito inacreditável: não lotou o Maracanã na final de uma Copa do Brasil, deixando mais de 10 mil cadeiras vazias na partida disputada contra o Tricolor Paulista. Mas, para os cartolas flamenguistas, isso não faz diferença: mesmo sem lotar o estádio, a primeira partida da final da Copa do Brasil entre Flamengo e São Paulo registrou a maior renda bruta da história entre clubes no Brasil, com R$ 26.343.300 milhões. Fica claro, portanto, que para os capitalistas, nem é jogo utilizar as imensas torcidas brasileiras. Para lucrar, basta colocar ingressos caros e tornar os estádios em um palco de espetáculos para os mais ricos, sem festa, sem “problemas”.

Mas isso é apenas um dos aspectos do que a atual diretoria do Flamengo está realizando. Os cartolas flamenguistas estão seguindo todos os roteiros dos monopólios para o futebol. Por isso, insistem em técnicos estrangeiros. Apenas o português Jorge Jesus se deu bem no clube – e isso porque o Flamengo é um dos poucos clubes com contas regularizadas, o que, como foi demonstrado, contou com a participação de uma ampla ajuda da burocracia estatal. Mas, de qualquer forma, consegue montar o elenco mais caro do Brasil, com ótimos jogadores, por causa disso.

Mesmo assim, não é fácil ganhar com o Flamengo, principalmente se você for um incompetente técnico estrangeiro: basta ver os fracassos de Domenec, Paulo Sousa, Vitor Pereira e, agora, Sampaoli. Por outro lado, os brasileiros Rogério Ceni e Dorival Júnior, que foram campeões do Campeonato Brasileiro 2020, da Supercopa do Brasil 2021 e do Campeonato Carioca 2021; e da Copa do Brasil 2022 e da Libertadores 2022, respectivamente, foram demitidos para serem substituídos pelos treinadores estrangeiros que afundaram o time.

Ao mesmo tempo, a diretoria do Palmeiras basicamente vendeu o clube à Crefisa, cuja dona, Leila Pereira, se tornou presidente do Verdão. O Alviverde se tornou um clube empresa, sem sê-lo. Teoricamente, os sócios ainda têm poderes sobre o clube, mas os cartolas palmeirenses tomaram a decisão de entregar parcialmente o clube para conseguir investimentos e o clube se tornar a potência que é atualmente.

Tudo bem, o Palmeiras ganhou quase tudo que disputou nos últimos anos. Mas Leila confirmou esse ano que a lua de mel com a torcida palmeirense pode acabar logo. Claro, essa crise pode ser adiada em caso de vitória da Libertadores pelo Verdão no final do ano. Desde o início do ano, as torcidas organizadas têm entrado em conflito com a diretoria.

O motivo principal é a falta de contratação de novos jogadores para suprir as saídas de Gustavo Scarpa e Danilo, jogadores fundamentais da temporada passada. Isso levou a oscilações nas atuações do clube, deixando os torcedores insatisfeitos. Esses, por sua vez, começaram a protestar.

Agora, demonstrando que não aceitará as manifestações da massa verde e branca, Leila decidiu atacá-la abertamente. Numa manobra parecida com a diretoria do Flamengo, a diretoria do Palmeiras, que já cobra ingressos caríssimos em condições normais, suspendeu a cota de ingressos de torcidas organizadas para semifinal da Libertadores, contra o Boca Juniors. Torcedores das uniformizadas terão que comprar os ingressos através do programa de sócio-torcedor Avanti.

Fica claro que as diretorias de Flamengo e Palmeiras estão abrindo guerra às torcidas organizadas. Os dois clubes não são SAF, mas são os times mais poderosos do Brasil atualmente e as diretorias expressam a política dos capitalistas contra torcedores. Para eles, a participação popular no futebol precisa ser atacada; ela fere os interesses capitalistas em relação ao esporte que envolve mais dinheiro no mundo, sendo mais lucrativo, inclusive, que muitos ramos da indústria. Um dos principais resquícios dessa participação é justamente a organização de torcidas. Uniformizadas, centralizadas, com baterias, campanhas e estatutos, essas torcidas atuam como um grupo militante em torno do futebol.

Isso é ruim no atual momento do futebol. Ou, melhor dizendo, é ruim para os setores que atualmente controlam o futebol. O esporte se tornou um mercado extremamente especulativo, envolvendo interesses bilionários. A concentração de riqueza (que se expressa também na falência de clubes menores e até grandes de outrora), os monopólios, as privatizações dos clubes através das SAFs, a destruição dos estádios para dar lugar às Arenas, enquanto aumentam os grupos monopolistas, são expressão atual do futebol.

Nisso, o futebol, que se tornou um patrimônio da classe trabalhadora mundial (principalmente no Brasil, nos outros países da América do Sul e na Europa), está sendo saqueado para favorecer os interesses dos grandes grupos capitalistas. Por isso, tudo o que há, ainda, de popular no esporte precisa ser atacado para tornar o futebol em um grande espetáculo para as classes dominantes.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.