A caçada da direita contra a liberdade de expressão na internet continua. Depois de fracassar na tentativa de empurrar goela abaixo do povo o Projeto de Lei 2.630, agora a direita tenta aprovar o Projeto de Lei 2.120, a cargo do União Brasil. A direita tenta censurar a liberdade de opinião na internet para manter o controle do pensamento no Brasil.
O Projeto de Lei 2.120 é de autoria do deputado federal Mendonça Filho, do União Brasil de Pernambuco. Vale ressaltar, em primeiro lugar, que o União Brasil é o partido que surgiu da fusão entre o Democratas, Partido da ditadura, com o PSL, Partido que serviu de “sigla de aluguel” para que Jair Bolsonaro e toda sua gangue concorresse nas eleições de 2018. Ou seja, o União Brasil é um dos Partidos mais perto do fascismo que temos no Brasil.
Por outro lado, a direita aproveita a derrota do PL 2.630 para promover o programa a seu direito. A imprensa tradicional, composta por organizações Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja etc é a maior interessada nessa censura das redes sociais.
Num plano mais superficial, pode-se ver um interesse econômico nisso, já que o dinheiro de publicidade que as mídias sociais geram deixarão de ir para os “criadores de conteúdos” independentes e irá para os meios de comunicação tradicionais. Assim, a mídia independente sofrerá um forte baque, com muitos órgãos podendo perder sua viabilidade de existir. Isso é uma forma de censura via monopolização, uma censura “enfeitada”.
Olhando a coisa por um ponto de vista mais profundo e político, o que está em jogo é a monopolização do controle da informação. Voltemos ao passado: antes da popularização da internet, os únicos meios de informações existentes eram mídia impressa, televisiva e rádio. Nesse contexto, a Rede Globo imperava, com centenas de TVs satélites espalhadas pelo Brasil, divulgando sua grade, logo, aquilo que ela queria que passasse na casa dos brasileiros. Era comum a ideia de que se não passou na Globo, não existiu. Daí surgiram bordões do tipo “Isso a Globo não mostra” ou “Rede Esgoto de Televisão”.
Com a internet, a Rede Globo e seus pares viram a informação ser muito mais difusa. Agora, a alegação desses meios é de que a necessidade da regulação da internet passa, dentre outras questões, pelas mentiras divulgadas por esse meio de informação. Ora, a Rede Globo está preocupada com mentira a essa altura do campeonato? Engana quem quer ser enganado.
Acontece que a esquerda está muito querendo ser enganada, e está conseguindo. A esquerda está fazendo o que a Globo (logo, a direita) quer que faça: criminalizar a liberdade de expressão na internet. Essa política reacionária remete os tempos da ditadura, período em que a Globo conseguiu estabelecer seu império dominante da informação, quando o governo, com o argumento de proteger a população dos comunistas, cerceava a informação, regulando o que deveria ou não ser publicado.
É evidente que essa política se voltará contra a esquerda. Primeiro porque ela é pouco popular, o que gera um desgaste político para a esquerda, algo que já aconteceu. Segundo que se cria um poder muito grande nas mãos do agente regulador, que ainda não se sabe quem será, mas pode-se imaginar quem.
Vamos fazer um exercício de raciocínio lógico: voltemos ao período de 2015/2016. Naquela época, era dominante no noticiário, principalmente Rede Globo, a ideia de que o PT era a maior quadrilha corrupta do mundo, que Dilma deveria sofrer um golpe e que apenas Michel Temer poderia apaziguar o Brasil. As instituições jogavam o jogo nesse sentido. A Lava-Jato foi uma operação de caça às bruxas institucionalizadas, o STF assinou embaixo o golpe e a prisão de Lula. Quem denunciava o golpe era taxado de” petista mentiroso”.
Agora imaginemos esse cenário político no marco do PL 2.630 ou PL 2.120. O que poderá acontecer com quem levantar voz contra uma perseguição à esquerda (que é muito fácil de acontecer)? Haverá um órgão, uma pessoa, regulando o que é mentira ou verdade na internet. No barato, a pessoa perderá o financiamento. No ruim, pode pegar cana.
A Vaza-Jato, por exemplo, possivelmente não existiria. Lembremos as inúmeras tentativas de desqualificar os vazamentos feitos por Glenn Greenwald. Os arquivos poderiam ter sido abafados, as publicações retiradas do ar e os veículos de comunicações penalizados em multas astronômicas caso não retirassem o conteúdo do ar. Certamente, a essa altura, Lula ainda estaria preso.
Fica evidente a cilada política em que a esquerda está se metendo. Está se criando um poder enorme e pondo nas mãos da direita. A direita será a grande vencedora dessa situação toda. Engana-se quem acha que a derrota do PL 2.630 é uma derrota do governo, até porque o próprio Lula já deixou claro que não quer se envolver na questão.
A vitória do PL 2.630, ou do genérico 2.120, poderá se tornar um grande elefante em cima do poste para a esquerda assim como foi a Lei da Ficha Limpa. Só que dessa vez pior, porque a esquerda não poderá mais contar com a internet para travar a luta política.
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