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Governo em risco

Dino, o “herói” incompetente que não consegue combater ninguém

A esquerda pequeno-burguesa que analisou de forma completamente errada os atos bolsonaristas de 08/01 elogia Dino, um dos grandes responsáveis por esse desastre

O ministro da Justiça e da Segurança Pública de Lula, Flávio Dino, PSB, após a invasão bolsonarista da sede dos três poderes foi alçado a herói nacional pela esquerda brasileira, uma inversão total da realidade. Dino, sendo o responsável pela segurança pública federal, é um dos principais responsáveis pela desmoralização do governo Lula, e ele, ao contrário de Múcio, da Defesa, e o general Gonçalves Dias, do GSI, não é um bolsonarista, mais um suposto aliado de Lula. Chamar Dino de herói é uma dos grandes erros da análise de que o 08 de janeiro foi um golpe fracassado. Dino é um ministro incompentente que com 2 semanas de governo já deu muitos motivos para ser substituído. 

A colunista do Brasil 247, Tereza Cruvinel, publicou uma entrevista com Flávio Dino em que ele tenta se justificar saindo por cima, como se ele tivesse contido o movimento bolsonarista e não as próprias forças armadas, que ordenaram a retirada dos bolsonaristas após obterem o sucesso, desmoralizar o governo Lula. Dino começa já errando na primeira análise: “Faticamente houve um golpe de Estado no Brasil, porque eles chegaram a tomar conta das sedes dos Três Poderes da República. Mas juridicamente, em face de alguns elementos, o golpe não se viabilizou.” A ocupação de sedes de governo não é o equivalente a golpes, se assim fosse a invasão do Capitólio teria sido um golpe, contudo Trump deixou de ser presidente poucos dias depois. Há também as invasões de palácios de governo e Assembleias Legislativas por manifestações de esquerda, isso também não configura um golpe. Não houve nem uma única liderança bolsonarista decretando o fim do governo Lula, essa análise de que foi uma tentativa de golpe é totalmente ridícula.

Dino depois segue explicando suas principais ações: “o primeiro destes elementos foi a rápida decisão de decretar a intervenção federal e assumir o comando da segurança pública”. Aqui ele já foge completamente do ponto principal, como uma manifestação de poucos milhares de pessoas desarmadas conseguiu invadir a sede do governo. Flávio Dino pode não controlar a polícia militar do Distrito Federal, mas ele controla a Força Nacional de Segurança, apenas ela já deveria ter impedido o movimento de avançar. Ignorar isso é ignorar o principal erro de Dino, ele só atuou após o estrago já ter sido realizado, fez paliativos para fingir que foi importante.

Dino também afirma que: “A própria sede do Ministério da Justiça, com suas cascatas que jorram ininterruptamente, já fora atacada, vidraças haviam sido quebradas no térreo, pedras eram atiradas, mas é provável que os terroristas não imaginassem que ali é que estava sendo organizada a resistência.” Aqui se mostra um nível ainda maior de incompetência de Dino, não organizou nem a sua própria segurança, deixou os manifestantes invadirem o palácio de onde se organizava a “resistência”, algo completamente absurdo. Não só a sede do governo não tinha uma guarda como o próprio responsável pela guarda não tinha uma guarda. É uma incompetência total.

Então ele explica o processo de derrotar o golpe: “Eu entreguei o decreto assinado e impresso nas mãos do interventor, o Ricardo Capelli, e disse: desça lá e assuma o comando. É ordem do presidente da República. E assim, fizemos uma intervenção federal por Whatsapp. Era o que tínhamos. Era isso ou nada.” Aqui Dino se coloca como o homem que controlava os acontecimentos, mas o que se viu foi que em determinado momento a Polícia Militar, que não é controlada pelo governo federal, mas sim pelo alto comando dos militares, acabou com a manifestação. O fato de Dino se colocar como o homem sob o controle da situação, quando ele foi irrelevante, mostra que mantê-lo no governo é até mesmo um risco para Lula. 

Ele até deixa escapar em um momento na entrevista que não tinha controle nenhum da situação: “certo é que em algum momento  vi que começaram a aparecer mais policiais na Esplanada. Não sei se contribuíram para isso o governador, a vice-governadora ou o chefe da casa civil, pois antes os policiais eram pouquíssimos. Haviam sumido.” Ou seja, a Polícia Militar, que nunca esteve sob o controle de Dino, decidiu o momento em que a manifestação iria se radicalizar e o momento que ela iria se dispersar. A PM foi quem controlou todo o ato do dia 08/01, leia-se, os militares estavam o tempo todo no controle.

Além de assumir que ele só foi reagir depois do caos totalmente evitável estar instaurado, Dino também revela que está aliado aos piores elementos do governo: “Faço questão de dizer mais uma vez: nós devemos muito  ao Supremo na reversão do golpe. E devemos muito também ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao presidente da Câmara, Arthur Lyra.” Aqui se mostra o grande problema da esquerda, expresso por um homem ligado a 3ª via dentro do governo Lula. Quando houve o golpe contra Dilma todos sabiam que ele era “com o Supremo com tudo”. Passados 6 anos em que o Congresso Nacional e o STF só se tornaram mais direitistas acreditar que eles são alguma segurança para o governo Lula é absurdo. Foi com essa lógica que Dino tentou indicar para Polícia Federal um homem ligado à Lava Jato que apoiou a prisão de Lula.

Dino por fim se pronuncia sobre a questão principal, os militares: “A questão militar perpassa toda a história republicana no Brasil, e mais recentemente se manifestou com a permissão destes hediondos e inéditos acampamentos na porta dos quartéis. Mas quero acreditar que hoje, com aquele alinhamento institucional de que falei, traduzido por aquela caminhada do Palácio do Planalto ao STF, nos ajuda a começar a desideologizar os setores das Forças Armadas e das forças de segurança que foram capturados pelo golpismo. O domingo pode ter sido o ponto alto, mas, com o fracasso do golpe, com a frente ampla democrática que se criou, e com a repercussão internacional, hoje a chance de descontrole desses segmentos reduziu-se muito. O risco agora é muito pequeno.”

Esse fim de entrevista revela o perigo em que se encontra o governo Lula. O maior erro político que se pode tomar na América Latina é achar que o risco de golpe militar é pequeno, principalmente quando se tem um governo da esquerda nacionalista. O ministro da Justiça e da Segurança Pública é uma das pessoas mais importantes para impedir um golpe no Brasil e ele se mostrou totalmente incapaz. O pior de toda a história é que, pela propaganda da imprensa burguesa, um grande setor da esquerda agora considera Dino um herói e não um grande flanco aberto no governo Lula, que corre um risco de ser derrubado pelos militares no futuro próximo.

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