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Ao editor do Greg News

Desonestidade é ocultar o interesse de Soros na política nacional

Bruno Torturra acha que não tem nada de mais receber financiamento do imperialismo

Bruno Torturra, editor do programa Greg News, apresentado por Gregório Duvivier, na emissora norte-americana HBO, esteve em uma live no canal da Revista Fórum no último dia 6, para falar sobre as críticas que o programa recebeu de muitos setores da esquerda por levar adiante a campanha pela mulher negra no STF.

Na entrevista, chamam a atenção algumas ideias expressas por Torturra.

A primeira delas é a de que os que criticaram o Greg News estariam sendo desonestos ao relacionar a campanha pela mulher negra no STF com as ONGs financiados com dinheiro estrangeiro. Desonesto porque, segundo ele, o fato de receber dinheiro de órgãos imperialistas não quer dizer nada, não há nenhum problema.

Para corroborar sua tese, Torturra até cita o fato de que tais financiamentos são públicos. E ele não está errado, a maioria é público mesmo, basta fuçar nos sítios dessas organizações.

A interpretação de Torturra é a de que os críticos estariam acusando essas ONGs e, por consequência, o próprio Greg News, de serem corruptos, estarem recebendo dinheiro de fontes escusas para defender uma política suspeita. Nesse sentido, seus críticos seriam meros difamadores desonestos.

No entanto, não ser trata disso. Talvez porque seja uma pessoa sem nenhuma experiência política, Torturra faz afirmações que, se não forem ingênuas, são dissimuladas como a de que o “problema não é receber esse dinheiro, mas o uso que se faz dele”.

A colocação do editor do Greg News não é verdadeira. Primeiro um financiador só irá financiar algo que tenha interesse para ele; segundo que se o interesse dessas organizações coincidem com órgãos imperialistas, alguma coisa está errada; terceiro que justamente o uso que se faz desse dinheiro é o motivo pelo qual os financiadores estão dispostos a financiar.

Dito tudo isso, Gregório Duvivier e Bruno Torturra deveriam debater esse problema. Deveriam mostrar que, embora o dinheiro venha, entre outros, do bilionário George Soros, a campanha é benéfica para o povo. Deveriam entrar nessa discussão, mas não entram.

O que nós e outros companheiros criticamos é que não pode haver real interesse na situação da mulher negra por parte de capitalistas que promovem o genocídio pelo mundo. Eles deveriam explicar porque seria diferente. Deveriam explicar porque enquanto promovem guerras e a morte de milhões de mulheres negras no mundo, estão preocupados em financiar uma campanha para dar um cargo no Brasil para uma mulher negra.

Esse é o ponto central do debate que ninguém explica. Bruno Torturra limita-se a dizer: isso não quer dizer nada.

Mas aí, como as coisas não são por acaso, basta pesquisar um pouco e vamos descobrir que a principal mulher negra indicada pela ONG que o Greg New fez propaganda é uma lava-jatista, foi secretária de Luis Roberto Barroso em 2015, no auge da Lava Jato.

Como explicar isso, Torturra? Ninguém explica porque justamente isso é parte do golpe. A desonestidade não está em quem critica Grege News e sua turma, mas deles mesmos.

Torturra, do alto de sua ingenuidade ou dissimulação, ainda diz que esse financiamento estrangeiro é “solidariedade internacional”. O problema da esquerda de classe média e de apartamento é justamente a completa falta de noção das coisas. Alguém precisa explicar para o editor do Greg News que o problema não é receber dinheiro do exterior, o problema é de quem e para qual objetivo estão recebendo.

Torturra trata com desdém a informação importante de que a HBO, cana onde é editor, é uma grande emissora dos EUA. Se isso não explica algum interesse estrangeiro na campanha, ele deveria explicar melhor. É como acreditar que a Rede Globo deixaria ser feita uma campanha com a qual não concorda em seu canal.

Receber dinheiro de órgãos ligados ao imperialismo é muito diferente do que receber dinheiro de sindicatos internacionais ou até mesmo de governos de países como a China e a Russia. Por exemplo, se entidades enviam dinheiro para Cuba enfrentar o bloqueio imperialista, isso é solidariedade internacional.

Para desfazer a confusão, vamos recapitular a questão: o que estamos vendo aqui é que ONGs financiadas por órgãos imperialistas – ou seja, de grandes capitalistas ligados aos EUA -, decidiram fazer uma campanha de pressão contra o governo Lula, ou seja, o governo brasileiro. Essa campanha não tem nenhuma relação com reivindicações reais e concretas do povo, mas diz respeito a um problema bem específico da política: um cargo no STF. Esse cargo deveria ser dado a uma mulher negra, o que faz os incautos acreditarem que 1) o imperialismo se preocupa com a situação da mulher negra; 2) Lula seria quase um racista caso não ouça a campanha.

Na verdade, fica claro que é um lobby de grandes capitalistas, não uma campanha popular. E esse lobby não tem o objetivo de defender a mulher negra, mas de pressionar Lula a colocar alguém que seja da confiança desse lobby no STF e, se Lula não der ouvidos, ao menos servir como campanha de desgaste do governo.

Nesse sentido, outra besteira dita pelo editor do Greg News é a de que a campanha vem do movimento negro. Essa é uma confusão comum. Se é verdade que as ONGs e movimentos ligados a elas se consideram “movimento negro”, também é verdade que existem muitos tipos de movimento negro. Há o movimento negro cuja principal preocupação são as chamadas pautas identitárias e há o movimento negro tradicional, que luta pelos direitos concretos e reais dos negros e da população pobre em geral. A campanha por uma mulher negra está sendo feita pelo primeiro grupo, que acredita que apenas o gesto simbólico de dar um cargo no STF, uma das aberrações mais anti-democráticas e anti-povo do país, vai mudar a vida dos negros.

Nesse sentido, falar que a campanha é do “movimento negro” é uma fraude.

O que acusa os críticos de fazer um debate desonesto, acusa Lula de ter indicado Cristiano Zanin por mera “subjetividade” e questão pessoal. Essa colocação é desonesta. Lula indicou uma pessoa de sua confiança, é uma indicação política de Lula. É isso e apenas isso e esse é o único critério correto. Se Zanin será perfeito, é difícil, já que o próprio sistema anti-democrático da Corte não permite isso, mas o critério de Lula foi correto.

É no mínimo interessante que Torturra acuse Lula de fazer uma escolha pessoal quando pelo menos duas, das três mulheres negras da lista tríplice que seu programa divulgou, defendem a Lava Jato que prendeu Lula.

E é igualmente interessante que na entrevista Torturra ironize quem diga que por trás das indicações está uma política golpista. Antes de ironizar, ele deveria explicar porque raios essas indicadas defendiam a Lava Jato. Podemos até fazer uma concessão e dizer que elas podem ter mudado de ideia, mas por que Lula deveria acreditar nisso? Lula tem que colocar mais uma pessoa de sua estrita confiança no STF, confiança política. Mesmo assim, ele corre o risco de não funcionar, justamente porque o STF é um órgão anti-democrático.

Em determinado momento da entrevista, o entrevistador Renato Rovai afirma que o PCO relaciona todos os que recebem financiamento estrangeiro de “ser financiado pela CIA”. Bom, pode até ser que os ongueiros com os quais Rovai e Torturra se relacionam não sejam propriamente agentes da CIA, mas somos obrigados a chamar a atenção no mínimo para a relação suspeita que existe. A diretora do programa Greg News, Alessandra Orofino, é fundadora da ONG “Nossas”. Um passeio pelo sítio na internet da organização e veremos as inúmeras relações com órgãos imperialistas. A própria se apresenta como “fellow da Obama Foundation”, uma espécie de bolsista, ou na tradução literal “amiga” da Fundação Obama.

As críticas à posição apresentada no programa Greg News são políticas. O que falta a essas pessoas é entrar nos argumentos das críticas e não simplesmente dizer que são desonestas. Como ficou demostrado, independentemente do nível de consciência que Gregório Duvivier e sua equipe têm sobre o problema, tal campanha não tem nada a ver com uma preocupação real com a mulher negra. Trata-se de uma política financiada e, portanto, orientada pelos inimigos do Brasil, com interesses espúrios, procurando se passar por progressistas.

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