Recentemente o Juntos, corrente interna do PSOL sob direção de Luciana Genro, publicou uma matéria resumindo uma “bastante qualificada de jovens com a deputada estadual e fundadora do PSOL Luciana Genro, sobre o tema Desmilitarização da Polícia”. Nessa aula Luciana Genro teria respondidos a perguntas como: Nós queremos o fim da polícia? Devemos utilizar “eu quero o fim da polícia militar” como palavra de ordem? Como dialogar com a classe policial para ganhá-los para o nosso lado?
Como responde a musa psolista? Vejamos: comecemos pelo fim do texto publicado no portal do Juntos, o juntos.org.br, segundo a corrente: Mesmo a polícia sendo um instrumento fundamental de manutenção do capitalismo, sem ela tampouco conseguiremos derrubá-lo. Parece paradoxal, mas a realidade é que nenhuma revolução aconteceu até hoje sem o apoio parcial das forças policiais. É óbvio que nunca conseguiremos uma “polícia socialista”, por conta da própria natureza já explicitada, mas se deixarmos a polícia por completo nas mãos da burguesia com certeza qualquer tentativa de revolução será esmagada. O povo, mesmo que armado, não resistiria a uma força organizada e treinada nas mãos da burguesia. Essa declaração demonstra um total desconhecimento da Revolução Russa, onde o exato oposto aconteceu. Antes mesmo de tomarem o poder, o Partido Bolchevique fundou as Guardas Vermelhas, destacamentos paramilitares (a palavra milícia carrega uma conotação pejorativa no linguajar vulgar) para defender o partido, os sovietes e os trabalhadores, em geral, das forças repressivas tsaristas como as Centenas Negras, foram esses guardas, junto ao Comitê Revolucionário dos Sovietes que foram responsáveis pela tomada do poder em outubro, nenhuma parcela da polícia tsarista estava envolvida na Revolução Russa, se policiais avulsos adentraram nas forças revolucionárias à posteriori aí já é outra história. A polícia, pelo contrário, tratou de infiltrar os revolucionários, desorganizar células, empastelar jornais da esquerda etc. A polícia não somente tem “a função da polícia é única e exclusivamente a proteção da propriedade privada” como afirma Luciana Genro, mas também de defender o Estado Burguês dos trabalhadores. Todo o aparato repressivo do Estado tem como função principal defendê-lo de uma ascensão e revolta da classe operária, e a ausência dessa caracterização por parte do PSOL explica a total confusão do partido sobre a questão da abolição da Polícia. Não somente a afirmação de que é impossível se tomar o Estado sem as forças policiais é falsa para a Revolução Russa, como é para todas as revoluções já existentes. É impossível tomar o Estado sem armas, isso é fato, por isso mesmo que os revolucionários revindicam a liberação do porte de armas para toda a população, coisa que o PSOL é diametralmente contra.
O fim da polícia é uma revindicação histórica do movimento operário, esta só serve para esmagá-lo, mas segundo o PSOL, pelo fato de ainda vivermos no capitalismo, não é possível pedir pelo fim da polícia, apenas esperar pela sua desmilitarização:
“Então, se a polícia representa a proteção da propriedade privada, devemos acabar com ela o quanto antes, certo? Não exatamente. Não podemos esquecer que ainda vivemos no capitalismo. […]
Luciana nos chama a atenção de que, em sua opinião, não devemos pregar o fim da polícia. Por óbvio, queremos o fim da polícia (estrategicamente)*, no entanto, não é possível fazê-lo dentro dos marcos do capitalismo – isto porque, enquanto existir propriedade privada existirá polícia, mesmo que não seja uma polícia formal.”
A desmilitarização da polícia é uma política reformista com a mesma eficácia que tapar o sol com a peneira. Muitos países do mundo existem sem um polícia militarizada, mesmo assim, a polícia cumpre a mesma função opressora para o Estado, mas o Brasil, os trabalhadores deveriam se contentar com um possível abrandamento da polícia depois de desmilitarizada.
Toda a estratégia psolista gira em torno de ganhar parte da polícia e “humanizá-la” dando mais direitos aos policiais, como o direito ao sindicato, e ganhar uma parte da polícia, quando a esquerda deveria se empenhar em organizar suas próprias organizações paramilitares e defender-se do Estado revindicando o fim, por completo, da polícia militar. Que os trabalhadores e a população se organize e faça sua própria segurança, este é o programa de um partido marxista e revolucionário.