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Farsa

Democratas e fascistas com a mesma política?

A tese da democracia contra o fascismo é um golpe para encobrir o setor mais repressor e fascista, a direita tradicional, ala mais alinhada ao imperialismo

No último sábado (5), o sítio Brasil 247 relatou entrevista com a filósofa Marcia Tiburi realizada no programa Boa Noite 247. Ao longo da entrevista, Tiburi comentou sobre os acontecimentos recentes, com destaque para a chacina do Guarujá, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Sua exposição buscou separar Freitas do restante da direita, como um bolsonarista, uma exceção, apartado da esfera democrática. Nesse sentido, a entrevistada afirmou que a chacina representaria um novo projeto no estado de São Paulo, um projeto fascista, fruto de um político ligado às milícias, como coloca o próprio 247:

“Um dos pontos mais enfatizados pela professora foi a condenação veemente da chacina ocorrida no Guarujá, que resultou na morte de 16 pessoas, em uma operação da Polícia Militar comandada pelo governador Tarcísio de Freitas. Segundo Tiburi, essa ação reflete um projeto fascista em andamento. ‘Coitados dos paulistas que elegeram o carioca ligado às milícias’, declarou a filósofa. Ela apontou que as milícias são grupos de extermínio disfarçados de entidades protetoras da população.”

Os democráticos agressores de crianças e mendigos

Aqui existem alguns problemas de ordem factual que contrapõem a análise de Marcia Tiburi. Nesse momento, acaba de acontecer uma série de chacinas na Bahia, cujo governo é do PT, e mais: até pouquíssimo tempo atrás, São Paulo viu como seu governador e, antes disso, prefeito da capital, o empresário João Doria (PSDB). Típico representante da direita democrática, não-fascista, Doria quando prefeito colocou sua guarda para jogar água fria nas pessoas em situação de rua no início da manhã, durante um período de frio recorde na cidade. Mais que isso, algo que a imprensa burguesa eventualmente buscou esconder, algo em que a esquerda pequeno-burguesa embarcou, o não-bolsonarista Doria se elegeu a governador como BolsoDoria. Mas e antes disso?

Antes do BolsoDoria, São Paulo foi governado pelo democraticíssimo Geraldo Alckmin (então PSDB, hoje PS[D]B), atual vice-presidente. Durante sua gestão, Alckmin foi o responsável por reprimir duramente os protestos contra o aumento das passagens, em 2013 e, em 2015, por enviar a polícia militar para agredir e aterrorizar estudantes secundaristas que lutavam contra o fechamento de suas escolas. Nesse período, de muita democracia, o atual Lorde da Democracia Alexandre de Moraes (muito próximo ao PSDB) era o secretário de segurança do estado de São Paulo, e foi o responsável, junto a Alckmin (então PSDB), por enviar a polícia militar para reprimir e aterrorizar crianças.

Considerando ambos os políticos democratas, podemos ainda elencar algo que os dois ex-governadores têm em comum quanto a algo fundamental para a democracia: a alimentação da população. Geraldo Alckmin, em 2015 (então PSDB), foi denunciado pelos estudantes em greve por desviar dinheiro das merendas escolares. Já seu sucessor, João Doria (PSDB), teve a brilhante ideia quando prefeito de servir uma ração humana processada com restos da indústria de alimentos para pessoas carentes, a chamada “farinata”. Não só isso, como em determinado momento estendeu a ideia para servir essa excrescência nas escolas municipais, como merenda para os estudantes. São esses os democratas?

Uma cobertura para assassinos

Porém, Tiburi não apenas busca livrar o bico dos tucanos, ela encobre a própria polícia militar, responsável pela carnificina no Guarujá. O problema não seria a polícia em si, famosa por compor esquadrões da morte e cometer chacinas, torturas e massacres, como o de Paraisópolis, em 2019, durante a gestão de João Doria (PSDB). O problema seria uma novidade, algo não antes presente, um projeto fascista ligado às milícias, como se isso fosse necessário para a polícia massacrar a população pobre. Ainda afirma serem as milícias grupos de extermínio disfarçados. Ora, não precisamos ir até o Rio de Janeiro, a própria Rota, responsável pela chacina do Guarujá, ganhou o apelido de Esquadrão da Morte ainda durante a década de 1970 (o uso do carinhoso apelido não se perdeu com o tempo).

Ainda apresenta o artigo no 247: “o governo de São Paulo tem o objetivo de tornar as pessoas cada vez mais estúpidas e imbecilizadas, algo que ela identifica como um projeto fascista”. Como exposto acima, esse “projeto fascista” é uma balela da filósofa para livrar a cara dos governos anteriores e da própria instituição policial — inclusive a Rota permanece aí, após a ditadura militar, e até os dias de hoje.

Em conclusão, o último ponto apresentado define o “projeto imbecilizador”:

“A professora ressaltou que o pensamento reflexivo é o maior inimigo do fascismo, e, de acordo com suas declarações, o atual governo de São Paulo tem encontrado formas sutis de sufocar esse tipo de pensamento. ‘O governador Tarcísio de Freitas encontrou um jeito sofisticado de queimar livros, que foi trocar os impressos pelos tablets’, disse Tiburi. Ela enfatiza que, ao longo da história, os fascistas sempre optaram por reprimir a liberdade intelectual e queimar livros como forma de controle ideológico.”

O maior inimigo do fascismo, movimento da burguesia para esmagar a classe operária, não é a própria classe operária organizada, com seu próprio partido, sindicatos fortes e outras associações, segundo Tiburi. Para ela, o maior inimigo do fascismo seria o pensamento reflexivo. Vejamos o próximo ponto para avaliar tal colocação: “trocar impressos por tablets” seria um “jeito sofisticado de queimar livros”. O uso, no lugar de livros, de tablets, que permitem o acesso à internet, a praticamente todo o conhecimento acumulado da humanidade, seria o equivalente a uma queima de livros (!).

A conclusão da filósofa, no entanto, está correta: “os fascistas sempre optaram por reprimir a liberdade intelectual e queimar livros”. Seguindo uma mínima coerência, a filósofa deveria rever seu conceito de “espectro democrático”, e caracterizar como fascistas os censuradores, em especial, o expoente político deles, Alexandre de Moraes.

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