Na última quinta-feira (17), Walter Delgatti Neto declarou que invadiu o sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com objetivo de desmoralizar as instituições da Justiça. O “Hacker de Araraquara”, como ficou conhecido nacionalmente, fez tal afirmação durante sua participação em oitiva da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, a qual busca “apurar” os acontecimentos do ato supostamente golpista promovido por apoiadores de Bolsonaro, que resultou na invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes da República.
A alcunha de Delgatti Neto e sua notoriedade advém do escândalo da “Vaza-jato”, o qual se tratou do vazamento de conversas que expuseram a atuação criminosa do ex-procurador da República, Deltan Dallagnol, e do ex-juiz da 13ª vara de Curitiba, Sérgio Moro, na condução da Lava Jato, bem como o caráter farsesco da operação.
A divulgação das senhas para acesso aos sistemas dessas instituições se tratou de uma desmoralização gigantesca do judiciário brasileiro. O Hacker da Vaza Jato informou que a senha root – ou de administrador – que permite acesso a tudo sem qualquer restrição, a qual só tem acesso administradores do sistema por questões de segurança, era um padrão de fácil dedução. Diante da pergunta sobre as senhas de acesso serem “simples” ou “idiotas”, Delgatti Neto respondeu:
“A senha root, que é a senha master, que tem acesso a tudo, era ‘123mudar’, e a segunda senha mais segura era ‘CNJ123’”.
Dessa forma, o Hacker de Araraquara ficou navegando livremente sem ser detectado na intranet de todos sistema judiciário por pelo menos quatro meses. Segundo o próprio Delgatti Neto, foram acessados todos os processos, bem como, as informações e as senhas de todos os juízes e trabalhadores da Justiça do País. A avacalhação foi tamanha que o hacker revelou que expediu até mesmo ordem de prisão contra Alexandre de Moraes como se fosse um ato do próprio ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE:
“Uma forma de mostrar a fragilidade seria o quê? Eu invadindo e despachando, como se fosse o ministro, com o token (dispositivo gerador de senha) dele, a assinatura dele, um mandado de prisão contra ele mesmo. Inclusive, no final, eu falo: publique-se, intime-se e faça o L”.
Com esse toque refinado de humor, o Hacker de Araraquara vingou-se da perseguição que sofreu da Justiça e que tornou sua vida um verdadeiro inferno. O mesmo denunciou que foi preso supostamente por portar drogas, mas que a substância, na verdade, se tratava de um medicamento que fazia uso de longa data em decorrência de problemas psicológicos. Além disso, mostrou que a inviolabilidade do sistema do TSE, como defende por Alexandre de Moraes, não passa de mais uma “fake news” do ministro.