Os campeonatos estaduais, outrora os mais importantes do País, estão sendo, ano a ano, mais atacados. A imprensa esportiva pró-imperialista busca desmoralizá-los, influenciando milhões de torcedores que vêem as competições como “desnecessárias”, afirmando que os títulos “não têm importância” e que apenas servem para lesionar jogadores, e coisas do tipo.
Mas de onde surgem estes ataques? Naturalmente, as federações estaduais, dominada por cartolas corruptos e burocratas malandros, não se ajudam; de tão ineficientes — talvez vendidos — jogam lama nos campeonatos estaduais. O Campeonato Carioca, por exemplo, que já foi a melhor competição do Brasil, virou uma bagunça avacalhada. Não foi sem motivo que o ex-técnico Paulo Autuori, em 2020, chamou a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) de “Federação dos Espertos do Rio de Janeiro”.
Atualmente, apenas o Campeonato Paulista conseguiu manter um certo nível de competitividade e qualidade. A eliminação do Corinthians pelo Ituano neste domingo, 12, assim como a boa campanha do São Bernardo, são a prova disso. O último campeão fora dos quatro grandes de São Paulo (SPFC, Santos, Corinthians e Palmeiras) foi o Ituano, em 2014. Mesmo assim, ocorre a que times fora dos maiores ganhe a competição, que se mostra competitiva, com bons times “menores”, que vencem os ricos clubes da federação paulista.
No Campeonato Carioca, por outro lado, a última vez que um time que não fosse Botafogo, Flamengo, Vasco e Fluminense, conquistou o título estadual foi em 1966, o Bangu. Isso para não falar das competições “ímpar ou par” no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. De qualquer forma, mesmo com a sabotagem ativa e a campanha, os estaduais continuam sendo bons torneios — o coração do futebol do Brasil, um país continental (e não uma ilha ou um país europeu do tamanho de uma Unidade Federativa brasileira).
No Rio, o Botafogo ficou fora das semifinais e o Fluminense perdeu o primeiro jogo das semifinais contra o Volta Redonda. Em São Paulo, Santos não se classificou para as quartas e o seu carrasco, o Ituano, eliminou o Corinthians. Em Minas Gerais, o Cruzeiro perdeu o primeiro jogo das semifinais contra o América (que é grande, mas não chega ao tamanho da Raposa e do Galo), assim como o Atlético contra o Athletic, da Série D.
Ou seja, são campeonatos que ainda podem surpreender. Os estaduais deveriam receber mais financiamentos, pois muitas vezes são a única fonte de renda da maioria dos times. Se o Brasil tem clubes do tamanho de Flamengo, Botafogo, Vasco, Fluminense, Palmeiras, São Paulo, Santos, Corinthians, Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Atlético, Bahia e outros; é porque, na pirâmide do futebol, existem vários outros clubes de várzea, amadores, semi-profissionais e de menor investimento — que representam a paixão nacional pelo futebol, que transformou o Brasil na maior potência do esporte mundialmente. Investir nos estaduais vai aumentar a qualidade do futebol dos “menores”, aumentando assim a qualidade de todo o futebol brasileiro.
É isso que o imperialismo não quer. Por isso, respondendo à pergunta “De onde surgem estes ataques?” Eles surgem da especulação capitalista no futebol, que apoia e promove uma concentração crescente no esporte.