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Ato de 4 de novembro

Defender a Palestina e atacar quem luta é demagogia

Para o pai do socialismo científico, mais importante do que compreender o mundo, era transformá-lo. É o que a ofensiva das vanguardas políticas palestinas estão fazendo

O grupo esquerdista Emancipação Socialista publicou um panfleto que circulou no ato ocorrido em São Paulo no último dia 4 (Dia Internacional de Solidariedade à Palestina), intitulado “Defendemos a causa palestina. Por uma Palestina livre, democrática e socialista”, destacando que “o fundamentalismo e as correntes burguesas palestinas não entendem a relação da luta contra o Estado de Israel como a luta contra o sistema” capitalista, o que seria “uma diferença com grupos como Hamas e a Jiade Islâmica”. A primeira coisa que um comunista consequente se perguntaria é “que importa?”

A afirmação ignora o fato de serem quatro os partidos que lideram a insurreição palestina, com o Movimento Resistência Islâmica (Hamas) e a Jiade Islâmica destacado-se como os maiores, mas também participa do enfrentamento ao sionismo a Frente Democrática para a Libertação da Palestina, agrupamento que abriga o Partido Comunista Palestino, que se reivindica maoista. Muito embora divergências possam existir entre trotskistas e maoistas, é ridículo afirmar que os segundos “não entendem” que sua luta é contra o capitalismo.

A questão da desinformação sobre o que está criticando, no entanto, é secundária. Emancipação Socialista posiciona-se como um autêntico “esquerdista”, colocando a ideologia à frente da ação revolucionária empreendida pelas lideranças palestinas. Não há base alguma para a caracterização apresentada no panfleto, mas e se tivesse? O que seria mais importante, ter a ideologia correta ou a ação correta?

Muitos ditos marxistas colocariam a ideologia à frente, mas Marx faria diferente.

Para o pai do socialismo científico, mais importante do que compreender o mundo, era transformá-lo. É o que a ofensiva das vanguardas políticas palestinas estão concretamente fazendo. Criticar um suposto atraso ideológico faria sentido em uma conjuntura na qual este “atraso” se colocasse, concretamente, como uma barreira ao desenvolvimento da luta dos palestinos. Não é o que está acontecendo hoje.

Independente do que pensam as lideranças palestinas, quer sejam grandes teóricos marxistas pouco conhecidos pelo cerco brutal e criminoso de Israel contra Gaza, quer lutem para restaurar o Califado Omíada do século VIII, o fato é que a luta conduzida pelo Hamas e pela Jiade Islâmica virou o mundo de ponta cabeça. Para isso, não colaborou nenhum trabalho intelectual do Emancipação Socialista. O que realmente conseguiu desestabilizar o imperialismo da maneira mais radical é várias décadas, foi preciosa a ação dos movimentos armados de libertação nacional, contra a invasão sionista e pela libertação do país.

Qualquer que sejam os eventuais retrocessos oriundos de um governo de tipo religioso, ele jamais será pior do que as barbáries de um governo de ocupação e pior, ideologicamente alinhado ao sionismo. Se a ideologia importa tanto, essa consideração deveria ser feita pelos esquerdistas, mas não é o que ocorre.

Além de demonstrar uma insensibilidade absurda em relação ao povo palestino e suas lideranças, Emancipação Socialista demonstra lacunas teóricas muito grandes, ao revindicar-se marxista, mas escamotear Marx, como visto acima, em um dos preceitos mais fundamentais do socialismo científico elaborados pelo revolucionário alemão. Levado às últimas consequências, seu argumento tampouco valem para o que se propuseram a criticar.

Fariam um bem enorme, no entanto, se além de se absterem de criticar gratuitamente os revolucionários palestinos, apoiassem quem se dispõe a pegar em armas para defender os invasores da Palestina, independente do que essas pessoas têm na cabeça. Demonstraram, inclusive, imunidade ao lixo ideológico da burguesia que o grupo critica, nomeadamente os grandes monopólios de comunicação, os principais difusores dos ataques ideológicos ao Hamas, como os que Emancipação Socialista reproduz acriticamente.

O rompimento real com a burguesia e sua máquina de propaganda é um passo fundamental a ser dado por quem realmente entende “a relação da luta contra o Estado de Israel como a luta contra o sistema”. A frase está bem construída. É preciso agora praticá-la. De outro modo, a defesa da Palestina feita com críticas a quem realmente a está defendendo, com armas na mão, não é outra coisa além de demagogia.

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