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Gabriel Araújo

Dirigente Nacional do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, Editor da Tribuna do Movimento e do Boletim do Movimento. Militante do Partido dos Trabalhadores e colunista do Voz Operária-Rio de Janeiro.

Imperialismo

Dedo da CIA na tentativa de golpe do dia 08/01/2023

Os EUA não promoveram o golpe de 2016 e uma gigantesca ofensiva contra o Brasil à toa.

Desde a vitória do Presidente Lula no segundo turno das eleições de 2022 foi profundamente nítido o retorno do protagonismo internacional do Brasil, com diversos chefes de Estado e líderes mundiais procurando reestabelecer relações políticas, diplomáticas e econômicas com o governo que ainda nem havia sido empossado.

Essas ações marcaram o fim do isolamento internacional do Brasil, que durou os quatro anos do governo Bolsonaro e que já vinha ocorrendo durante os dois anos de vassalagem do governo Temer.

Muitas pessoas se deixam levar pela mera aparência do rápido reconhecimento da vitória do Presidente Lula por parte do governo norte-americano ou quando este último de forma totalmente intervencionista deu palpite sobre a condução do processo eleitoral no Brasil.

Todo mundo sabe que é de interesse eleitoral dos Democratas o enfraquecimento das alianças internacionais do republicano Donald Trump. Agora tomar esse fato como um quesito determinante e absoluto da política externa do Estado Nação dos EUA, é uma completa ilusão.

Com a escalada dos conflitos, em diversas dimensões da vida social, entre EUA contra a Rússia e a China nos últimos anos, o Estado Nação dos EUA (e não o velho gagá que senta na cadeira de presidente) intensificou sua política de dar golpes de Estado mundo à fora, com vistas à minar aquilo que vem sendo chamado de “mundo multipolar”.

A recente tentativa de desestabilização do governo do Irã, as próprias mobilizações que ocorreram na China, a derrubada do governo do Cazaquistão em 2021, a derrubada de Predo Castillo no Peru, as investidas contra o governo Arce na Bolívia e contra a revolução cubana, não são um raio em céu azul. Tampouco o que aconteceu, com a invasão da sede dos três poderes em Brasília, o é.

Que a aceitação (pelo menos no terreno da propaganda burguesa) do novo governo Lula foi uma válvula de escape para não existir uma explosão social e política no Brasil é um fato à ser considerado na situação política, isso é algo inquestionável. Mas tirar daí que a burguesia e o imperialismo fossem ficar passivos e que não iriam buscar por todas as vias possíveis e imagináveis minar um programa político nacionalista e de independência internacional do Brasil, é ser inocente demais. Existem ainda aqueles que diante dessa posição de momentânea aceitação do império, defendem que o país deveria “aproveitar” isso e se submeter de vez aos interesses do imperialismo.

Essa perspectiva da participação da CIA e do conjunto do Estado Norte-Americano na tentativa do golpe no Brasil no dia 08/01/2023 foi defendida acertadamente pelo jornalista e analista internacional Pepe Escobar, em artigo intitulado “Como a CIA montou uma Maidan no Brasil”. No artigo Pepe faz essa análise da posição do Brasil no cenário internacional à partir do terceiro governo Lula, com protagonismo na articulação da ampliação do BRICS, agregando novos países e em outras questões do “mundo multipolar”. Destaca que com Lula no governo, a posição da Rússia e da China se fortalece internacionalmente, entre outras questões. E que por isso, o Estado Profundo dos EUA, tem essa preocupação em articular diversas maneiras de minar esse avanço do Brasil.

Em entrevista a TV 247 do dia 12 de janeiro de 2023, Escobar destaca que no mínimo, desde antes do processo eleitoral de 2022, havia no Brasil mais de 500 agentes da CIA, atuando com o intuito de desestabilizar o Brasil para minar essa perspectiva de atuação soberana do Brasil no cenário internacional.

Foram poucas as análises políticas após o ocorrido do dia 08/01 que procuraram vincular a ação golpista com a conjuntura internacional. Deslocar a tentativa de compreender a conjuntura interna do Brasil do que vem acontecendo no restante do mundo, além de ser profundamente arbitrário, só pode levar essa análise ao mais completo equívoco. O Brasil, mesmo com os governos golpistas, ainda estabelecia, mesmo que mínima em alguns casos, alguma relação diplomática e econômica com a esmagadora maioria dos países do mundo. Com o governo Lula, isso se intensifica. Portanto, não há como fazer uma análise fiel à realidade concreta brasileira, sem procurar compreender os diversos agentes internacionais em continuam relação com o Brasil.

Os EUA não promoveram o golpe de 2016 e uma gigantesca ofensiva contra o Brasil à toa. Trata-se de um projeto constante de tentar submeter o Brasil aos seus interesses, assim como vem fazendo com a União Europeia.

*A coluna não expressa necessariamente a opinião desse jornal

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