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Um perigo real

De onde vem a verdadeira ameaça fascista no Brasil?

O maior perigo não são os bolsonaristas ‘loucos’ nem as células nazistas, mas as instituições antidemocráticas e golpistas do regime político

O jornalista Bepe Damasco publicou no portal Brasil 247 uma coluna chamada “Ameaça nazista no Brasil é para ser levada a sério”.

Conforme fica claro no título, a tese central da coluna é alertar para o crescimento da extrema-direita brasileira. De modo geral, ele está certo. O fascismo vem crescendo a ganhando corpo no País e não deve ser subestimado.

A questão, no entanto, é mais complexa do que descreve o jornalista. Sua constatação se prende a aspectos superficiais do problema, como grupos nazista, comportamento dos bolsonaristas e coisas assim. Em suma, ele se atenta para o “baixo escalão” da extrema-direita.

“O governo Bolsonaro, com sua apologia ao racismo, à misoginia, à violência e à intolerância, certamente ofereceu combustível para que os propagadores do ódio como método de ação política saíssem do esgoto ao qual estavam confinados.”

Se é verdade que o bolsonarismo fortaleceu a extrema-direita no País, é mais correto dizer que ele é antes o resultado que a causa. E isso o colunista e boa parte da esquerda têm dificuldade de entender.

O bolsonarismo, que é uma espécie de correspondente brasileiro atual do fascismo, é um fenômeno cujos principais responsáveis devem ser buscados entre aqueles que hoje dizem que são seus grandes combatentes. Quem colocou a extrema-direita na rua e fortaleceu o bolsonarismo foi a direita que se apesenta hoje como “democrática”.

Bepe Damasco chega perto de reconhecer esse problema, mas não tira as conclusões devidas:

Também teve papel importante para que chegássemos à situação atual a campanha do cartel da mídia criminalizando a política e apoiando resolutamente o golpe de estado de 2016 e a caçada implacável que resultou na prisão ilegal de Lula, abrindo caminho para a ascensão do fascismo.”

O colunista está certo, a imprensa golpista, que hoje tenta parecer democrática e antifascista, foi a principal responsável pelo bolsonarismo. Foi a Rede Globo, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e todo o cartel da imprensa capitalista quem empurrou, com uma campanha anticomunista, calúnias, falsificações, para derrubar o governo do PT em 2016.

Essa imprensa golpista agiu em conluio com o Judiciário, que hoje tenta se apresentar como combatente do bolsonarismo, os empresários, os partidos da direita e as Forças Armadas.

Bepe reconhece isso, mas não analisa em profundida o problema. E não determina qual a lição que se deve tirar desses fatos: que o fascismo só é poderoso quando a classe dominante o adota como método contra as organizações populares e de esquerda.

Isso significa que mais perigoso do que uma célula nazista no sul do País, mais perigosa do que uma horda de bolsonaristas histéricos e alucinados, é a burguesia que financia e impulsiona o fascismo.

Essa conclusão é importante, pois permite atacar corretamente o problema. Não adianta simplesmente combater os “peixe pequenos”, é preciso uma política clara contra os setores mais poderosos da burguesia e do imperialismo.

O que setores da esquerda têm feito é o oposto. Ao defender as ações antidemocráticas do STF contra os bolsonaristas, ao acreditar que a imprensa está contra a extrema-direita, ao acreditar que os partidos da burguesia são contra o fascismo, a esquerda está fortalecendo o que há de mais perigoso.

Bepe afirma que “a imprensa, assumindo uma postura suicida, varre para debaixo do tapete o óbvio: a própria liberdade de imprensa não se sustentaria com o avanço e a consolidação de um regime de extrema-direita à la Bolsonaro no Brasil.”

Esse trecho da coluna mostra bem a confusão. O monopólio da imprensa golpista não assume uma postura suicida porque não está agindo contra seus interesses de classe e muito menos se trata de uma entidade democrática que seria afetada pelo extremismo. Esse monopólio dará sustentação ao fascismo se a burguesia decidir que esse é o caminho para conter os trabalhadores. A ditadura não será feita da cabeça de Bolsonaro, mas será parte do próprio regime político da burguesia, que já está preparando um regime cada vez mais fechado, seja com ou sem a participação de Bolsonaro.

O mais incrível é que esse fechamento se dá, nesse momento, a pretexto da perseguição do próprio bolsonarismo. A esquerda, encantada com a propaganda da imprensa golpista, acredita e apoia os meios pelos quais será ela a principal vítima. O fascismo realmente não pode ser subestimado e para isso, em primeiro lugar, é preciso uma política que acabe com as instituições antidemocráticas do regime político. Essas mesmas que derrubaram Dilma, prenderam Lula, aprovaram medidas contra o povo, elegeram Bolsonaro e agora aparecem como santas.

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