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Entrevista

DCO entrevista liderança pataxó e denuncia repressão

A equipe do DCO entrevistou a liderança pataxó, Binho

A equipe do DCO entrevistou um líder indígena Pataxó e discutiu com ele a questão da repressão estatal. Ao longo da matéria, os companheiros poderão analisar a perseguição a que o aparato policial submete os indígenas e os povos oprimidos. Trata-se de um verdadeiro arbítrio, totalmente incompatível com um Estado democrático.

DCO: Por favor, se apresente. Fale sobre você e sua luta e as perseguições que já sofreu.

Binho: Eu me chamo Binho, sou cacique da aldeia Vale da Palmeira.

DCO: Qual a situação atual dos Pataxó na luta pelas suas terras? Fale da situação jurídica e também das retomadas que estão ocorrendo e os objetivos.

Binho: Nós estamos lutando pela autodemarcação da terra.

DCO: Você vem sofrendo ameaças de morte e perseguição? Tem outros casos de perseguição?

Binho: Estamos lutando pelo território, pela autodemarcação. E essa terra já foi estudada e já foram feitos todos os levantamentos, na forma da lei, na autodemarcação; essa terra já foi homologada, no processo só de assinatura de carta declaratória para dar continuidade no processo. É essa a situação jurídica, só falta a assinatura. Estamos lutando pela autodemarcação para que as autoridades competentes tomem as providências.

DCO: O que ocorreu na sua casa?

Binho: Meu cacique e outras lideranças do território têm sofrido grandes ameaças e ataques constantemente. Ataques de pistoleiros, fazendeiros, policiais; nós pedimos às autoridades competentes que venham tomar providências. Nós sabemos o que estamos fazendo; só estamos reivindicando nossos direitos. E nós estamos sendo ameaçados e coagidos por essas pessoas. São os pistoleiros da Fazenda Brasília, da fazenda do Gaúcho e da fazenda de Marcos Saliva os mais valentes que estão tendo território. Agora, tem o Ferrugem também, que entrou na briga. E aí estão esses caras aí ameaçando a gente. Fuzilaram a casa, esses dias, em uma retomada ali na frente – em uma retomada fora da minha. Tomaram a casa toda de tiro, tomaram a propriedade.

DCO: E o papel da polícia?

Binho: O papel da polícia tem sido o de coagir os índios. Na polícia militar, a força tarefa que foi criada, regionalmente, para apaziguar a situação vem prendendo carro de índio, querendo prender índio: essa é a situação aqui na região. Protegendo pistoleiros… isso é o que a gente viu, tem fotografias de eles escoltando os pistoleiros para eles coagirem os índios lá embaixo na retomada da Junqueira na Fazenda Brasília. É isso que a polícia está fazendo nesse momento, protegendo os pistoleiros. Nós estamos sofrendo diversas ameaças por parte dessas pessoas.

DCO: E a pistolagem na região? os fazendeiro estão se organizando contra as retomadas?

Binho: Os fazendeiros da região têm se sentado em organizações criminosas, que envergonham a sociedade brasileira em pleno século XXI e nós, o povo originário. Hoje mesmo, chegou ao nosso conhecimento, que eles fizeram uma reunião e que iriam fazer um ataque contra o nosso povo. A gente não está dormindo mais. Preocupados com nossas crianças, com nossos anciãos, com nossos jovens, com nós mesmos, com medo de uma retaliação. Porque é uma situação que tem ocorrido dentro do território Barra Velha. A gente vem sofrendo constantemente essas ameaças por parte dos fazendeiros, dos pistoleiros, por parte da polícia; investiram muito dinheiro na polícia militar aqui da Bahia e presenciamos constantemente tudo isso, ameaças. E não podemos contar com as autoridades competentes para poder resolver a situação, porque elas falam que estão apaziguando, mas, quando chega, a notícia que a gente tem é que eles avisam para os pistoleiros guardarem as armas.

DCO: Pode completar com alguma coisa, se quiser.

Binho: Pois é, nós estamos aqui, eu cacique da aldeia, venho aqui pedir socorro. Nós somos o povo originário, não viemos invadir nada de ninguém. Nós estamos lutando pelo nosso direito. Lutando pelo direito da terra, pelo direito da autodemarcação, que está na Constituição Federal. Ela nos garante essa terra. Foi feito o primeiro estudo em 1945, daí para cá, eles falam que tem 40 anos que eles estão nessa terra. Mas essa demarcação nossa vem desde 1945; e a gente tem vários estudos dessa terra que concluíram que ela realmente é terra indígena. E, hoje, a gente vem sofrendo essas ameaças constantemente; eles querendo, com força, que nós abandonemos nossas terras, porque nós não temos armas. Eles falam que a gente tem armas; mas as armas que a gente tem são o arco, a flecha; essa é a arma do índio. Por isso eles vêm massacrando nosso povo. Inclusive, hoje, estamos todos com medo, porque recebemos a informação de que eles se reuniram hoje para atacar o nosso povo. Uma vergonha, em pleno século XXI, com a democracia aí,e essas coisas estarem acontecendo no Brasil. Eu peço socorro às autoridades competentes, porque é uma situação de calamidade, o povo pede socorro.

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