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Racha na esquerda

CST só descobriu agora que o PSOL é um partido oportunista

Corrente anunciou rompimento com o partido por conta do governo Lula

A CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), que uma das fundadoras do PSOL, publicou nota nesse dia 5 de junho anunciando o rompimento com o partido. Em documento, intitulado “Por que a CST rompe com o PSOL?”, o grupo apresenta as justificativas para a decisão. Vejamos algumas delas e o que significa, politicamente, esse rompimento.

Logo no primeiro parágrafo da nota, é apresentado o motivo central para o rompimento. Segundo a CST, o “abandono da política de independência de classe”:

“Saímos porque o PSOL rejeitou definitivamente a independência política da classe trabalhadora. O PSOL rasgou seu programa socialista para apoiar e compor o governo Lula/Alckmin”

Para afirmar esse ponto, o documento começa contrapondo duas citações. A primeira de um trecho do programa do PSOL de 2004 onde se defende o “resgate da independência política dos trabalhadores e excluídos” e a segunda, uma fala de Guilherme Boulos de 2023 defendendo que o PSOL seja base do governo.

De fato, inegavelmente, são duas considerações opostas, ao menos no discurso aparente. Mas antes de explicar porque o programa do PSOL nunca foi realmente independente, vamos aos problema mais imediatos.

A primeira acusação é a de que o governo Lula está em acordo com o capital financeiro, por conta da aprovação do Arcabouço Fiscal. Além disso, o governo apoiou Arthur Lira. A CST conclui: “o PSOL compõe o governo que aplica esse ajuste, que mantém a política econômica a serviço dos bancos, do sistema financeiro, das grandes empresas e das multinacionais imperialistas.”

Aqui vemos uma profunda confusão da CST sobre a política a ser adotada diante do governo Lula. A nota avalia que o governo Lula seria pró-imperialista. Nesse sentido, o PSOL não deveria fazer parte desse governo.

Há uma verdadeira miscelânea de equívocos nas considerações da CST. Primeiro que o governo não é pró-imperialista. O fato de que Lula foi obrigado a ceder a determinas pressões da direita não o transforma automaticamente em um governo aliado do imperialismo. Mas não ser pró-imperialista não significa que o governo não seja de conciliação de classes, esse é o caráter da política de Lula e do PT. A CST está desnorteada em relação ao governo e ao PSOL. Ela acredita que o governo é pró-imperialista e que o PSOL seria um partido com independência de classe.

Um partido com independência de classe não deveria fazer parte de um governo burguês, seja ele qual for. O PSOL compõe o governo e assinou o programa eleitoral com o PT porque é um partido de conciliação de classes, poderíamos dizer também um partido oportunista.

Mas a posição da CST acaba jogando-a para o outro extremo. Ela faz parte da esquerda pequeno-burguesa que já prepara ser uma ala esquerda do golpe. Vale lembrar que a CST cumpriu esse papel no golpe contra Dilma, golpe que eles negam até hoje que tenha ocorrido.

A CST, na prática, está pulando do barco da conciliação de classes do PSOL para o navio da conciliação de classes com a direita pró-imperialista que está mexendo os pauzinhos contra o governo Lula.

A posição correta de um partido revolucionário e com independência de classe não é fazer parte do governo. Mas no caso de um governo coo o atual, eleito pela população para derrotar a direita, um governo com profundas contradições com o imperialismo, é preciso impulsionar uma política capaz de mobilizar o povo e empurrar positivamente o governo para que realize política de interesse da população.

Seguindo suas explicações, a nota da CST acusa o PT de “favorecer o agronegócio e as multinacionais do campo” e “não combater a fundo a extrema-direita”. O PSOL, por sua vez, seria cúmplice de todos esses erros do governo e por isso a CST decidiu romper.

Que o PSOL se compromete com todas as políticas do governo, isso é um fato. Que a política de Guilherme Boulos, dominante no partido, é profundamente oportunista, também não há dúvida.

No entanto, diferentemente do que afirma a CST, o programa do PSOL nunca foi de independência de classe nem socialista. Em 2004, o PCO publicou um folheto chamado “O caráter político e ideológico do chamado Partido Socialismo e Liberdade” onde analisa o programa do partido e mostra que se trata de um partido sem programa definido, burguês e, em consequência, um partido reformista, de conciliação e que avançaria muito mais rapidamente do que o PT, para posições oportunistas.

O PSOL não se transformou num partido de conciliação de classes, ele já nasceu assim. A CST, que rompe agora, foi a mesma que fundou esse partido sem programa definido, burguês e reformista. Sua saída, é motivada não por isso, mas simplesmente pela pressão direitistas contra o governo Lula. A CST responde essa pressão se encobrindo de chavões e justificativas esquerdistas, mas o conteúdo de seu rompimento não tem nada a ver com a luta pela independência de classe, mas antes por uma política orientada pela direita contra o governo Lula.

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