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Não é questão de burrice

Crise na Argentina é resultado do fracasso do governo anterior

Jose Carlos de Assis, colunista do Brasil 247, afirma que os argentinos votaram em Milei por não aprenderem lições de história, no entanto, o mesmo já aconteceu no Brasil

O caso das eleições primárias na Argentina tem trazido muita preocupação aos que acompanham a política no Brasil justamente porque se configura ali o cenário de um possível futuro para a situação brasileira. O candidato Javier Milei, uma espécie de neoliberal hiper-radical, levou a melhor nessa votação, com grande possibilidade de vencer o pleito.

Um colunista do portal Brasil 247, Jose Carlos de Assis, possui uma interpretação típica da esquerda pequeno-burguesa a respeito do acontecimento. Em sua matéria “A Argentina não aprende história”, ele procura demonstrar que o motivo da vitória parcial, porém muito significativa, de Milei é um suposto desconhecimento histórico do povo argentino.

Ele relembra a experiência neoliberal de Carlos Menem e afirma que “A agenda de Javier Milei, o candidato presidencial que venceu as primárias, está exatamente na mesma linha de Menem, embora com retórica neoliberal ainda mais radicalizada. É muito fácil prever o que acontecerá”, o que é verdade num certo sentido. A linha política de Milei é a receita para a liquidação certa da economia argentina.

No entanto, a explicação do autor para essa vitória é de uma arrogância muito grande, para ele a questão é que “O povo argentino não aprende as lições da História”. Ele afirma: “os argentinos vão para as eleições enfurecidos com os políticos, mobilizados pela ideia de votar contra eles, e não por um projeto nacional. A perspectiva é de uma revolução social e política”.

Ainda que isso possa ser verdade, é preciso observar o que levou o povo argentino a assumir essa postura e se sentirem “enfurecidos com os políticos”. O autor afirma que a situação atual da Argentina é causada pelo fracasso neoliberal de Menem, sem dar nenhum crédito para o fracasso promovido pelo atual presidente, Alberto Fernández.

A eleição de Fernández foi fruto de uma capitulação da ala esquerda do peronismo, representada por Cristina Kirchner, que desistiu de lançá-la como a candidata à presidência, por receio da perseguição política que Kirchner sofria, e lançou um direitista, com ela assumindo a candidatura à vice. Como a gestão anterior, de Mauricio Macri, havia sido um fracasso total, Fernández conseguiu se eleger. Mas o seu governo foi repleto de crises e se mostrou incapaz de resolver o problema da economia nacional. Isso ocorre justamente pela sua incapacidade de superar a economia neoliberal que Jose Carlos de Assis tanto critica em sua coluna.

Num dado momento, esse fracasso foi tão grande que a própria Kirchner buscou se isolar do governo Fernández, gerando uma crise gigantesca entre os diferentes setores que compõem o governo, o que degradou ainda mais o clima político do país e terminou de enterrar o governo.

O autor, no entanto, procura “livrar a cara” de Fernández, afirmando que “O presidente Alberto Fernández não tem culpa pessoal pela crise. Ao contrário, ele tentou escapar dela, inclusive apelando para o apoio temporário do Brasil e para a entrada no BRICS. Esta seria uma solução definitiva, porque o libertaria das garras do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, as instituições de Washington que obrigam o país a manter-se na linha neoliberal. O fato, porém, é que essas não seriam soluções a tempo de mudar votos, pois o último turno da eleição é em novembro”. Ainda que fosse verdade e a entrada da Argentina nos BRICS fosse resolver algo da situação catastrófica de sua economia, há de se convir que a tal “solução milagrosa” veio tarde demais, nos últimos meses de governo, depois que o povo argentino já passou mais de três anos na situação anterior.

Se o autor considera que o povo argentino acabe votando em Milei diante desse fracasso por serem “apaixonados por natureza”, como ele mesmo diz, ele deveria ficar atento porque o Brasil caminha para a mesma situação. A extrema-direita bolsonarista segue com sua popularidade em alta, graças a essa indisposição do povo com a política neoliberal que devastou o país e levou todo um setor à revolta.

A política da esquerda não ajuda. Os esquerdistas procuram se colocar como defensores do regime, atacam os bolsonaristas quando estes fazem críticas a instituições como o STF, às urnas eletrônicas, à censura e a outros aspectos do regime político que indispõem o povo com o governo.

E fazendo toda essa lambança política, a esquerda, na maior arrogância do mundo com é o caso do colunista, vem colocar a culpa no povo. Colocam a culpa no povo argentino como já colocaram a culpa no povo brasileiro.

Além disso, se o governo Lula não for capaz de superar os problemas econômicos que seguem assolando o povo brasileiro, é possível que tenhamos um cenário muito parecido com o da Argentina atualmente. Lembrando que Milei não é verdadeiramente o “Bolsonaro argentino”, este foi o próprio Mauricio Macri. Bolsonaro, no Brasil, não era um propagandista dessa política neoliberal radical. Sua política era mais “moderada” nesse sentido. No entanto, com um fracasso do governo Lula, não se sabe o que se pode esperar. O autor procura demonstrar que o que leva a Argentina a essa situação é uma espécie de “burrice” do povo argentino, no entanto, o mesmo já ocorreu no Brasil e pode voltar a ocorrer num futuro próximo.  

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