Na fila da Previdência Social, Cristiano Ronaldo seguiu para se aposentar no Al Nassr, no paraíso financeiro da Arábia Saudita, onde os sheiks pagam verdadeiras fortunas para tentar fazer banca contra o futebol europeu, não devem conseguir tão cedo, embora tenham cacife. Até aqui, sem novidades.
A novidade é que tiveram a ousadia de comparar a ida de CR7 ao Al Nassr com a ida de Pelé para o Cosmos, em 1975. E a comparação, como tantas outras feitas com o Rei, não passa de uma história inventada para supervalorizar CR7, um dos principais garotos propaganda do futebol europeu.
Em primeiro lugar, Pelé foi fundar o futebol nos Estados Unidos. Até a ida do Rei para o Cosmos não existia nada nem noticiável de futebol, apenas registros históricos. Como se sabe, naquele país um dos esportes mais praticados é o futebol americano, que é um misto de briga de rua com tourada, acompanhado de uma bola amassada que, claro, não poderia ser redonda dentro desse ringue de encontrões, empurrões, cabeçadas, etc.
Na Arábia Saudita não é assim. CR7 seguiu para lá apenas por uma opção financeira. A Arábia Saudita já participa de copas do mundo já faz várias edições. Inclusive, em seu primeiro jogo (tendo ficado na arquibancada) CR7 teve o prazer de ver o seu Al Nassr vencer o Al Taee, no dia 06 de janeiro deste ano, com dois gols de um (claro) brasileiro. Anderson Talisca, que lá está faz mais de ano. CR7 não vai inaugurar nada no Al Nassr e menos ainda na Arábia Saudita. Foi para lá se aposentar nadando em dinheiro.
Aliás, o cidadão português CR7 irá ganhar 200 milhões de euros por ano. Em miúdos, R$ 3.000.000,00 por dia. Ou (melhor ainda) R$ 33,00 por segundo. Quem paga é o Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita, o mesmo fundo que gerencia (e é dono) do Al Nassr. Não existe impacto na ida de CR7 ao Al Nassr, nem desportivo nem de qualquer outra natureza.
Pelé chega ao Cosmos como embaixador do futebol, representante do esporte na Terra, o que ele será para sempre. É de sua apresentação ao time que saiu aquela foto histórica com Muhammad Ali, o boxeador que, ao contrário do Rei, necessita de alguma apresentação. Pelé ficou por dois anos no Cosmos, tendo anotado 65 gols em sua passagem, o que ajudou a totalizar 1283 gols de sua carreira. Um contrato que nem passou perto do que aconteceu com CR7 agora. Os números foram bem menores, muito embora o Rei fosse relativamente bem pago para a época.
Por outro lado, Pelé, àquela altura, já era Rei, ou seja, já detinha consigo o reinado do futebol. O homem que fez tudo no futebol. O embaixador do Brasil e do futebol no mundo. Seus números nunca foram superados e nunca serão. Cá entre nós, um segredo: CR7 não tem, até hoje (e parece que para sempre também) um título da Copa do Mundo. O Rei foi descansar com três taças nos braços, 1958, 1962 e 1970. Após a sua aposentadoria, Pelé se tornou um homem pública, e sua vida, nesse sentido, foi bastante agitada. Deveria ser crime escrever matérias comparativas de atletas regulares de futebol com o Rei Pelé.
Não é possível comparar os feitos de Edson Arantes do Nascimento com outros jogadores e mesmo outros atletas de outros esportes. Toda comparação é uma tentativa de rebaixar um dos maiores patrimônios do povo brasileiro, se não o maior, o futebol e seu Rei. Desde então, somos todos súditos e herdeiros desse futebol, incluídos aí, especialmente, os próprios jogadores profissionais de futebol.
Cristiano Ronaldo no All Nassr surge somente como uma tentativa do próprio país de se candidatar e vencer a disputa para sediar a Copa do Mundo de 2030. O próprio All Nassr já demonstrou interesse em contratar, por outra carreata de dinheiro, uma série de jogadores próximos da aposentadoria para esse projeto.
Apesar das tentativas todas, e serão muitas mais pela frente, o legado do Rei é inconteste e incomparável. O Rei Pelé é insuperável.