Carlos Chiodini (MDB-SC), deputado federal relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Americanas na Câmara, entregou o relatório final dos trabalhos da comissão nessa segunda-feira (04). Como era de se esperar, a CPI não deu em absolutamente nada: não apontou absolutamente nenhum responsável pela fraude bilionária e, muito menos, culpou a direção da empresa pelo episódio.
“Em que pesem os indícios de materialidade apontados, não foi possível, no atual estágio da investigação, identificar, de forma precisa, a autoria dos fatos investigados, nem imputar a respectiva responsabilidade criminal, civil ou administrativa a instituições ou pessoas determinadas, ante a necessidade da realização de outras diligências e da coleta de elementos de prova mais robustos”, diz trecho do relatório final.
No total, foram quase quatro meses de trabalho, que contaram com o depoimento de diretores e executivos da Americanas e, mesmo assim, a Comissão se disse incapaz de responder quem foi o culpado pela fraude que gerou um rombo de mais de R$20 bilhões. É interessante notar que o documento admite que tudo indica para o envolvimento da cúpula da empresa:
“O conjunto probatório, de fato, converge para o possível envolvimento de pessoas que integravam o corpo diretivo da companhia (ex-diretores e ex-executivos). Contudo, os elementos até então carreados não se mostraram suficientes para a formação de um juízo de valor seguro o bastante para atribuir a autoria e para fundamentar eventual indiciamento”, afirmou Chiodini no texto.
Mais do que isso, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, o trio de acionistas de referência da varejista, não foram nem mesmo ouvidos pela CPI. Nesse sentido, a CPI também não determinou se eles possuíam ou não conhecimento da fraude.
O resultado da CPI das Americanas não deve ser surpresa para ninguém. Os documentos e depoimentos revelados pela Comissão, por si só, já deixam claro que toda a fraude foi orquestrada por sua cúpula com total ciência de seus acionistas. A própria natureza dos envolvidos, todos representantes da burguesia, já indica esse envolvimento: não estão preocupados com uma empresa que emprega dezenas de milhares de pessoas em todo o País; estão preocupados em embolsar o máximo possível.
O caso mostra que CPIs só resultam em uma investigação real se a burguesia tiver interesse em culpar alguém. Caso contrário, acontece o que aconteceu com as Americanas e a investigação dá em pizza.