A demissão do ministro da guerra da Ucrânia, Oleksii Reznikov e a prisão do oligarca apoiador do presidente fantoche Volodimir Zelenski, Ihor Kolomoiiski, um dos homens mais ricos da Ucrânia, são sinais inequívocos da crise ucraniana e da vontade do imperialismo de encontrar uma saída negociada para a guerra.
O personagem que deverá assumir o lugar de Reznikov no ministério da defesa é Rustem Umerov, atualmente chefe do fundo de privatizações da Ucrânia. Umerov participou das fracassadas negociações de paz entre Kiev e Moscou, no início da guerra, em março do ano passado. De origem tártara, Rustem Umerov começou na política na Crimeia, hoje anexada à Rússia. A imprensa russa acusava Umerov de ser um agente dos EUA, colocado nas negociações de paz na Bielorrússia para espionar e cooptar os membros da delegação russa.
A imprensa ocidental, os dirigentes da OTAN e dos EUA parecem estar “jogando a toalha” na guerra de procuração da OTAN e EUA contra a Rússia. Travada no território da Ucrânia e com o sangue ucraniano jorrando sem parar, o desejo dos esgotados jornalistas e políticos é estancar principalmente o jorro de bilhões de dólares que essa estratégia imperialista suicida para destruir a Rússia tomou.
A chancelaria da Ucrânia anunciou neste domingo que a ajuda da OTAN, EUA e aliados para a guerra alcançou a marca dos 100 bilhões de dólares (500 bilhões de reais). Essa cifra astronômica representa 23 vezes o orçamento de defesa ucraniano em 2021, portanto, antes do início da chamada operação especial russa. Por outro lado, o gasto da Ucrânia com a guerra corresponde hoje a quase a metade do orçamento nacional do país.
A se confirmarem as informações de que já morreram cerca de 500 mil ucranianos na guerra, a carnificina custou cerca de um milhão de reais por cada vida ucraniana. Haja dólar e haja bucha de canhão.
Descontado o absurdo macabro dessa contabilidade, o que se pode inferir ou depreender das denúncias de corrupção nas Forças Armadas da Ucrânia, é que há um esgotamento das forças ocidentais, uma desmoralização completa da alardeada contra ofensiva da Ucrânia, e que o Ocidente busca uma saída negociada para o “imbróglio” em que se meteu. A crise da corrupção, como sempre, é o elemento chave para se entender a manobra imperialista de saída “com dignidade” da guerra, e se retirar da farsa com uma desculpa elegante.
As acusações e suspeitas de corrupção nas Forças Armadas da Ucrânia aparecem em plena guerra, o que é bastante incomum de acontecer; as denúncias vão desde suborno para evitar o alistamento militar até o superfaturamento de ovos, passando por pagamentos adiantados a fornecedores de armas que nunca foram entregues, compra de casacos inadequados para o inverno, desvio de fundos destinados a ajuda humanitária e suborno do presidente da Suprema Corte. Compra de Viagra e próteses penianas superfaturados ainda não foram detectadas pelos espiões norte americanos.
O cinismo e a hipocrisia do imperialismo se torna evidente e escandaloso nas declarações do porta-voz da ONG Transparência Internacional na Ucrânia, Andrii Borovik, que afirmou que o fato de casos de corrupção em altos níveis serem revelados é um aspecto positivo, em vez de uma indicação de uma nação tomada por autoridades corruptas. Borovik disse ainda: “Escândalos são uma coisa boa. A guerra não pode servir de desculpa para não combater a corrupção.”
Zelenski em resposta às acusações de corrupção no seu país, apresentou a proposta de equiparar a corrupção à traição da pátria, o que ensejaria penas muito mais graves para o crime. Mas a resistência da sociedade e de políticos tem sido grande. Mais uma polêmica e um desafio a enfrentar.
A fritura de Zelenski está em andamento, apesar de sua pretensão de continuar no poder e de concorrer às próximas eleições. Ele certamente seria um empecilho para negociações de paz. No outro lado do Atlântico, Biden quer se reeleger e os gastos com a guerra, cada vez mais odiosos para o povo norte-americano, serão um obstáculo para a reeleição do atual presidente e um trunfo a mais para Trump, que já declarou que terminaria a guerra em seu primeiro dia do novo mandato.