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Roberto França

Militante do Partido da Causa Operária. Professor de Geografia da Unila. Redator e colunista do Diário Causa Operária e membro do Blog Internacionalismo.

Dialética

Contra o pacifismo

A guerra é um fato social. Não se pode pensar a sociedade e as várias civilizações que já existiram sem o confronto territorial. Desde as sociedades mais simples, às mais complexas

A guerra é um fato social. Não se pode pensar a sociedade e as várias civilizações que já existiram, sem o confronto territorial. Desde as sociedades mais simples, às mais complexas, a guerra fez parte da existência dos seres humanos. Trata-se de um esforço social, coletivo, que visa a defesa da espécie humana, do seu território e da produção social. A organização de um sistema de defesa é tão intrinsecamente relacionada à existência da humanidade, que é difícil saber quais organizações sociais ao longo da história são mais ou menos beligerantes.

Na América, a própria História dos povos pré-colombianos, é marcada por uma série de conflitos ao longo de 19 mil anos, dificultando até mesmo a datação de quem é povo originário (outra palavra para indígena ou nativo). Essa dialética da natureza humana deve ser considerada em qualquer juízo moral sobre a guerra. Assim como a técnica, a guerra evoluiu com as formas e formações sociais, sendo elemento central do desenvolvimento das forças produtivas ao longo do tempo.

Ao longo da existência humana, a guerra também mudou, e passou de guerras desvinculadas de estratégias – baseadas em artefatos simples-, até a grande estratégia baseada em confrontos de longo prazo -, considerando armas de grande potencial de destruição, inclusive que podem aniquilar a espécie humana. Nisso reside parte do debate sobre a guerra, ou seja, levando-se em consideração a grande possibilidade de um cataclismo. É um debate justo e necessário, porém, a maior parte dos pretensos debatedores da relação entre guerra e sociedade, condenam a guerra de um ponto de vista moral e ingênuo, ou seja, considerando apenas que a guerra é um instrumento de guerra de homens brancos a fim de extravasar suas angústias e frustrações.

A guerra é hoje mobilizada principalmente pelo imperialismo, mas não somente. A burguesia empreende a guerra como instrumento de dominação territorial, da reprodução financeira e para desenvolvimento de tecnologias como é o caso da internet, televisor, rádio entre outras técnicas desenvolvidas para a defesa. Considerando esses elementos, sem dúvida que há o monopólio da guerra pela burguesia, que possui as polícias, os exércitos e os mercenários. Por outro lado, devemos recordar que diversas guerras sob o capitalismo, foram vencidas pelo lado teoricamente mais fraco, como é foi o caso da guerra do Vietnã, vencida pelo lado mais fraco.

A vitória do Vietnã sobre os EUA foi parte da vitória do país na revolução, que não aconteceria sem táticas e estratégias sólidas elaboradas por Võ Giap, e que permitiram o avanço da revolução vietnamita. É como ensinou Lenin, que o único caminho para a libertação aos horrores da guerra está na luta revolucionária. É preciso enfrentar a dialética, a contradição entre as armas fabricadas pelos trabalhadores, não apropriadas por ele, mas para que a paz seja possível, pelo menos é preciso desarmar primeiro a burguesia. Com a paz imposta pelos trabalhadores, não deixa de haver a necessidade de manter posições de defesa, pois a guerra é fato social.

A burguesia compreendeu que a guerra é um fato, por isso colocou a guerra para manutenção do capitalismo. Porém, a luta contra a guerra demanda guerra implícita na luta revolucionária. Portanto, produzir infantilidades como “a guerra é um feito dos homens brancos contra as mulheres”; “a guerra é violenta, por isso temos que desarmar o povo” ou “precisamos acabar com os exércitos nacionais” não passam de abstrações e condenações de caráter moral, que só atendem os interesses dos monopólios da guerra, que não darão a mínima para artigos escritos nos jornais do imperialismo, como Le Monde, New York Times etc. Esse falso pacifismo só serve para, por extensão, condenar a guerra revolucionária no Sahel, onde países estão expulsando a França de seus territórios. Com pacifismo, a França estaria feliz com a exploração do urânio do Sahel para aquecer os franceses, sem tirar a fome dos povos da região.

Na guerra ininterrupta de nossos tempos, não são homens ou mulheres que fazem a paz ou a guerra. Sob o capitalismo, a guerra – um fato social -, é feita pela burguesia, composta por homens e mulheres burguesas coletivamente. A falsa paz da ONU, da ONGs e think tanks é também é elaborada pela burguesia. A falsidade da paz divulgada pelo imperialismo serve apenas para manter uma classe média distraída, pensando que estão promovendo a paz. Esses são os pacifistas, aqueles que ajudam a elaborar a ideologia de dominação do tipo pacifista, que não passa, em um certo sentido, de mais uma arma de guerra contra os trabalhadores, que se veem reféns dessa superestrutura. Por fim, o caminho para acabar com a guerra imposta pela burguesia contra os operários passa pela luta política ser contra o pacifismo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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