Nessa quinta-feira (30), o ex-presidente golpista Jair Bolsonaro retornou ao Brasil após passar 89 dias nos Estados Unidos. Do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, Bolsonaro foi para a sede do Partido Liberal (PL), onde foi recebido por Michelle Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o secretário de Relações Institucionais do PL, general Braga Neto.
Com a chegada de Bolsonaro, diversas figuras e partidos de esquerda reforçaram a defesa de sua prisão, utilizando como principal argumento o escândalo das joias, no qual o golpista teria recebido cerca de R$ 16,5 milhões por meio de um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes. Algo insignificante perto do verdadeiro crime de lesa-pátria de Bolsonaro: entregar a Eletrobrás de mãos beijadas ao imperialismo.
Mais ainda, defendem que Alexandre de Moraes vá atrás de Bolsonaro utilizando o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa maneira, a esquerda pequeno-burguesa entende que está combatendo a extrema-direita bolsonarista. Entretanto, é justamente o contrário.
Fato é que Bolsonaro está, apesar de todo o escândalo que está envolvido, relativamente tranquilo com a situação. Ele próprio não age como se estivesse na iminência de ser preso, o que, de fato, não parece ser o caso. Isso indica, consequentemente, ações nos bastidores.
O quadro dá a impressão de que algo está se articulando e de que os militares vetaram qualquer ataque a Bolsonaro, incluindo a sua prisão por parte do Judiciário ou do próprio Executivo. Algo reforçado pela atuação dos militares no dia 08 de janeiro, quando deixaram hordas bolsonaristas invadir a sede dos três poderes sem qualquer resistência. Mostrando lealdade ao ex-presidente golpista.
Além disso, a presença de Bolsonaro no Brasil representa um fortalecimento da extrema-direita e da direita, mas com um agravante: ele tem a capacidade de mobilização, é um líder perigoso que anima a sua base a agir contra o governo Lula e a esquerda como um todo. Em outras palavras, ele é uma força política importante que não pode ser ignorada, principalmente considerando que 1º de abril é um dia tradicional de mobilização das Forças Armadas em comemoração ao golpe militar de 1964.
O problema é justamente não alimentar a ilusão de que o bolsonarismo será detido por medidas provenientes do sistema capitalista. Afinal, o próprio sistema judicial, incluindo o Supremo Tribunal Federal, não só não está fazendo absolutamente nada contra a extrema-direita, como também não o fez durante os quatro anos de Bolsonaro no poder.
A esquerda deve lutar contra a burguesia utilizando os seus métodos tradicionais, ou seja, por meio da mobilização da classe operária que, nas ruas, pode derrotar a extrema-direita. Mais que isso, trata-se de um momento crítico, pois o governo Lula está sendo sabotado de todas as formas possíveis. Por isso, é essencial a organização de um movimento nacional em defesa dos direitos do povo, para que o presidente tenha as condições políticas necessárias para revogar todas as medidas provenientes do golpe.