O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na última quinta-feira (4), o decreto que recria o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o chamado Conselhão. O espaço é destinado a debater agendas e temas de interesse dos mais diversos segmentos da sociedade, ou em seu propósito deveria ser.
“Não é espaço para as pessoas falarem bem do governo, para só fazer diagnóstico, é espaço para vocês ajudarem a governar o País e dizer como vocês querem que as coisas sejam feitas”, disse Lula aos conselheiros, durante a instalação do colegiado, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Criado em 2003, o Conselhão funcionou por mais de 15 anos, até ser extinto em 2019.
A princípio, a proposta é positiva. Afinal, tratando-se de um governo democrático eleito pelo povo, quanto maior participação popular nas decisões e nas ideias do governo seria melhor. No entanto, já temos algumas surpresas mostrando que o Conselhão não será esse palco de um debate real e de políticas concretas em favor da população oprimida e os trabalhadores, das várias categorias espalhadas pelo Brasil.
Dentre os 246 integrantes, 63 têm a ocupação como executivos, ou seja, cerca de 26%. Em 2º lugar, entre os mais numerosos no colegiado, estão aqueles que exercem cargos em institutos e associações: são 55 pessoas que atuam no setor. Em terceiro lugar estão os empresários com 26 cadeiras, seguidos por integrantes de movimentos sindicais, com 22.
Ao todo, existem 17 categorias: executivos; pessoas que atuam em cargos em institutos e associações; empresários; integrantes de movimentos sindicais; pessoas que atuam confederações ou federações e aqueles de movimentos sociais; advogados; economistas; pesquisadores; aqueles que trabalham no setor cultural; assistentes sociais; médicos; políticos; professores; influencers; apresentadores de TV e historiadores.
Os primeiros discursos do Conselhão foram um show de identitarismo, frases abstratas, e política sem sentido. Foram desde igualdade de gênero, igualdade racial, passando por desenvolvimento sustentável, até mesmo defesa da propriedade privada. Uma situação é clara: se não há um debate em relação a políticas objetivas em prol da classe operária e trabalhadora, esse tipo de iniciativa não tem serventia alguma.
Ou melhor, terá sim uma serventia, que se não for a defesa das reivindicações da população mais oprimida será as reivindicações da pequena burguesia ligada ao imperialismo. Isso é totalmente prejudicial a um governo que foi eleito pelo povo, pois políticas “anti-povo”, identitárias, abstratas e, de certa maneira, autoritárias, são totalmente anti-populares e jogam a maior parte da população contra o governo.