O Congresso norte-americano aprovou resolução, no dia 02 de fevereiro de 2023, que condena o socialismo em todas as suas formas, acusando-o de promover a morte de mais de 100 milhões de pessoas durante a revolução bolchevique de 1917 e nos anos de terror stalinista na década de 30 e 40. A proposta de resolução foi apresentada por uma deputada republicana filha de exilados cubanos. Os deputados ficaram 3 dias discutindo o tema e, no final, a resolução foi aprovada por 328 votos a favor contra 86 contra.
A resolução de três páginas, intitulada “Denunciando os horrores do socialismo”, recita um século de mentiras sobre o socialismo propagadas por emigrados fascistas apoiadores do Exército Branco na Rússia, por Hitler e pela sociedade John Birch. Para informação: a sociedade John Birch é um grupo de pressão política de direita, que se auto intitula como anti-comunista, pelo governo limitado e liberdade pessoal.
A maioria dos democratas votou a favor da resolução, 109 a favor, contra 86.
A resolução declara em seu início: “A ideologia socialista necessita de uma concentração de poder que decaiu todas as vezes em regimes comunistas, ordens totalitárias e ditaduras brutais”.
O documento afirma absurdamente que “dezenas de milhões morreram na Revolução Bolchevique”, omitindo o fato de que a Revolução Russa acabou com a carnificina imperialista da Primeira Guerra Mundial, e que uma longa e sangrenta guerra civil foi desencadeada pelas 14 potências capitalistas que invadiram a Rússia para tentar reverter a revolução.
A resolução diz que o socialismo é responsável pela “morte de mais de 100 milhões de pessoas no mundo inteiro”, um número inventado que, de forma reveladora, inclui as baixas alemãs durante a invasão nazista da União Soviética.
A realidade é que o responsável pelas mortes e pelo sofrimento social em massa é o sistema capitalista. Somente no século 20, duas guerras mundiais imperialistas resultaram na morte de 20 e 60 milhões de pessoas cada uma, e o Holocausto, em que 10 milhões foram exterminados. As guerras imperialistas na Coreia, Vietnã, Argélia, Angola, Iraque, Kosovo, Afeganistão, Líbia, Síria e outros lugares resultaram em outros milhões de mortos.
A resolução conclui associando inequivocamente até mesmo as reformas sociais mais modestas ao socialismo: “Enquanto os Estados Unidos da América foram fundados sobre a crença na inviolabilidade do indivíduo, ao qual o sistema coletivista do socialismo em todas as suas formas é fundamentalmente e necessariamente oposto: Que seja adotada a resolução… de que o Congresso denuncia o socialismo em todas as suas formas e se opõe à implementação de políticas socialistas nos Estados Unidos da América”.
Essa é uma declaração política de guerra à classe trabalhadora e aos programas sociais conquistados ao longo de um século de luta social. A resolução aprovada pela câmara baixa do Congresso americano com apoio amplo dos democratas foi um tapa na cara dos esquerdistas americanos que apoiaram Joe Biden nas últimas eleições presidenciais e os coloca sob risco num regime que eles acreditavam ser democrático. Fica também o exemplo para aquela parte da esquerda brasileira que torceu e aplaudiu a vitória de Biden.
A lição que fica para eles é que qualquer acordo com a direita, seja democrática ou republicana não lhes trará benefícios. Além disso, como já referido anteriormente, diante da crise do capitalismo, seus representantes sentem que a qualquer momento uma revolução feita pelos trabalhadores pode estourar no próprio solo do paraíso do capitalismo.
Ao contrário do que dizem, o que realmente pode trazer ganhos à classe trabalhadora é o socialismo e sua fase posterior principalmente, o comunismo.