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14º CONCUT

Congresso da CUT: um primeiro balanço

"Nós defendemos que a CUT adote uma posição de luta, convocando inclusive um grande ato nacional em defesa da luta dos palestinos"

Acontece, desde quinta-feira (19), o 14º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT), uma das maiores centrais de todo o mundo e que conta com milhares de sindicatos filiados. O CONCUT, como é conhecido, acontece de quatro em quatro anos, e sua décima quarta edição se encerra hoje.

Nesta importante atividade participam milhares de delegados do país inteiro, e PCO também os elegeu. São trabalhadores advindos de várias categorias, como bancários, carteiros, gráficos, professores, etc. Por oportuno, colhemos um depoimento destes primeiros dias de congresso com o companheiro Antônio Carlos, do Partido da Causa Operária, professor em São Paulo e integrante da executiva nacional do PCO.

DCO: Companheiro Antônio Carlos, boa tarde, tudo bem?

Antônio Carlos: Tudo bem, boa tarde.

DCO: Companheiro, quais eram as expectativas do PCO para o 14º Congresso da CUT, e como tem sido esta atividade?

Antônio Carlos: Apesar da enorme crise que a gente vê nesse momento no mundo, com a intensificação da luta dos países oprimidos e da classe trabalhadora contra a dominação imperialista, neste momento, tendo à frente de maneira mais destacada o levante do povo palestino contra o Estado sionista de Israel. E as consequências que essa situação, que é uma crise de conjunto do capitalismo tem na situação política, o movimento sindical tende a refletir de maneira mais lenta essa tendência de crise geral. 

E também porque a crise se desenvolve nesse momento de maneira ainda um pouco mais lenta no Brasil. O que não quer dizer que ela não vai vir, virá com força, e tende a levantar toda uma tendência de luta do movimento operário no país. Nesse sentido, diante do congresso da CUT, as nossas expectativas não eram as mais positivas, pelo nível de burocratização no interior da central, e pela política que dirige neste momento a esquerda e a maioria da burocracia sindical do país.

De qualquer forma, nossa expectativa era que, de alguma maneira, toda a tendência de luta se refletisse no interior do Congresso, (e nós estamos falando ainda em meio ao desenrolar do Congresso). Essa tendência de crise, essa situação, essa eclosão da luta antiimperialista e dos trabalhadores em diversas partes do planeta se refletissem no CONCUT em alguma medida, como vem acontecendo, com alguns sinais, algumas tendências incipientes na luta da classe trabalhadora brasileira.

Nós realizamos, uma semana antes do CONCUT, a nossa 2ª Conferência Sindical Nacional da Causa Operária e adotamos um conjunto de deliberações que não diziam respeito, obviamente, exclusivamente ao Congresso da CUT e à própria CUT, mas à necessidade justamente de intensificar um trabalho de luta política, principalmente de agitação e propaganda, no interior da classe operária, na CUT, nos sindicatos, na defesa das reivindicações dos trabalhadores, e para que o movimento operário brasileiro, diante da nova etapa que vem pela frente, se atualize, se coloque em consonância com essa tendência de rebelião, de evolução das lutas que se expressa em todo o mundo, também aqui no nosso país, ainda que de maneira mais lenta, como já assinalamos.

DCO: Qual seria a política a ser adotada pelo CONCUT diante da situação dos trabalhadores brasileiros?


Antônio Carlos: Nós entendemos que a CUT nasceu em meio ao maior ascenso do movimento operário da classe trabalhadora para ser uma ferramenta de unificação, centralização e mobilização dos trabalhadores. 

Nesse sentido, a política que vem predominando nesse momento de expectativa, de compasso de espera diante das iniciativas do governo, ou de ficar repercutindo, ficar aplaudindo a política do governo que tem muito poucas medidas efetivamente favoráveis aos trabalhadores inclusive diante do cerco que o governo Lula sofre por parte da direita isso não corresponde a uma organização de luta da classe trabalhadora a mais importante do país, que é a CUT. 

Então, a tarefa central é romper com essa política e adotar uma política de defesa das reivindicações mais importantes dos trabalhadores de ser um verdadeiro instrumento de centralização, com um programa próprio dos trabalhadores diante da crise para mobilizar, para organizar os trabalhadores e inclusive para agir, para pressionar o governo e reagir à pressão da direita que se expressa de várias maneiras pelo congresso, pelo reacionário judiciário inclusive por setores golpistas e sabotadores que atuam dentro do próprio governo eleito com apoio dos trabalhadores, com apoio da CUT, com apoio de toda a esquerda.

A CUT deveria apontar um programa em torno de questões fundamentais como a luta pela redução da jornada, sem redução dos salários, a defesa de um aumento emergencial de pelo menos 100% do salário mínimo e de todos os salários; a luta de enfrentamento no sentido de gerar emprego e desenvolver o país, por exemplo, com a exploração de 100% do nosso petróleo; a reestatização da Eletrobrás, da Petrobrás, sobre o controle dos trabalhadores, de maneira a garantir as condições para o efetivo desenvolvimento nacional; a redução drástica das taxas de juros com o fim da autonomia do Banco Central e a estatização do sistema financeiro.

Estas e outras medidas não vão ser adotadas com base em um acordo com a direita, com a burguesia, mas só podem advir de um processo de mobilização e de luta da classe trabalhadora que a CUT precisa encabeçar.

DCO: O companheiro acha que o CONCUT deve se pronunciar sobre a questão Palestina?

Antônio Carlos: Nós intervimos no CONCUT, assim como vemos fazendo nos sindicatos, em todos os movimentos de luta dos trabalhadores explorados, dizendo que essas organizações precisam se pronunciar em restrita solidariedade à luta do povo palestino, que sob a liderança do Hamas e de vários outros grupos, vem levando adiante uma política de enfrentamento do representante do capacho do imperialismo no Oriente Médio, que é o Estado de Israel, o Estado sionista, e nós defendemos que a CUT adote uma posição de luta, convocando inclusive um grande ato nacional, a partir de São Paulo e também nos outros estados, convocando os sindicatos, os comitês de luta, a se mobilizarem, porque a luta do povo palestino, sem dúvida nenhuma, é uma luta de interesse da classe trabalhadora do Brasil e de todo o mundo contra a dominação imperialista, e a vitória do povo palestino, dos povos árabes, será com certeza uma vitória importante para fortalecer a luta da classe trabalhadora. Essa vitória irá levantar em todo o mundo uma nova etapa de lutas contra o grande capital, contra o imperialismo, contra a burguesia do mundo todo.

DCO: Como tem sido a participação dos trabalhadores e seus sindicatos no 14º Congresso da CUT?

Antônio Carlos: O 14º Congresso da CUT, ao contrário do que aconteceu nos anos iniciais da Central, não há um amplo debate em torno dos problemas da classe trabalhadora, não há uma representação expressiva dos sindicatos. 

A CUT já chegou a realizar congresso com mais de 5 mil delegados, a maioria dos representantes, naquela época, eram representantes da base dos sindicatos. Hoje o CONCUT se encontra bastante limitado, com 25% apenas dos sindicatos que são filiados à Central, que são mais de quatro mil, tendo a possibilidade de eleger delegados para o congresso. É um congresso de pouco mais de 1.500 delegados, na maioria dirigentes sindicais, e que acaba sofrendo a pressão da política da esquerda pequeno-burguesa, do setor da burocracia sindical, que adota uma política identitária. 

Dessa maneira, o CONCUT, assim como as organizações sindicais nesse momento, dominadas pela paralisia, pelo refluxo do movimento sindical, não expressa as tendências, as necessidades reais da classe trabalhadora, têm muita dificuldade ou expressa com limitação essa tendência. 

Nós, não só o Partido da Causa Operária, a nossa corrente sindical, como muitos grupos de esquerda, representantes dos trabalhadores da classe operária, dos trabalhadores do campo, têm dificuldade de encontrar no congresso uma fonte de expressão, de debate dos seus problemas reais. 

É preciso superar isso na próxima etapa, realizando congressos regulares, não a cada quatro anos, garantindo a eleição de delegados da base dos sindicatos, voltando a representação no congresso a ser uma representação do conjunto dos trabalhadores, e não apenas dos sindicalizados. É importante que se diga, hoje os sindicalizados no Brasil são apenas 9% dos trabalhadores, nesse sentido o congresso da CUT e a própria CUT não pode ser uma representação dos trabalhadores sindicalizados, tem que ser uma representação do conjunto da classe, do conjunto dos trabalhadores. 

Foi para isso que a CUT surgiu, para unificar o conjunto da luta dos trabalhadores, para representar o conjunto da classe nas suas lutas contra a burguesia, e não apenas um setor minoritário da classe trabalhadora.


DCO: Algumas considerações que queira fazer, mesmo que o CONCUT não tenha terminado?

Antônio Carlos: ​​Por certo, nós vamos aguardar o final do Congresso para apresentar um balanço mais geral. Mas nós entendemos que, mesmo com as limitações, o Congresso marca um momento, uma etapa, que, como eu disse, ainda não acompanha as tendências de evolução que já se expressam na luta. 

Na última sexta-feira (20/10), nós, por exemplo, participamos de uma assembleia da APEOESP com mais de 3 mil trabalhadores, junto com setores do movimento popular, convocando a unidade do funcionalismo público de São Paulo, dos trabalhadores estatais, contra o governo Tarcísio. Acontece que precisa apontar nessa perspectiva de efetiva mobilização, de levantar os trabalhadores com campanhas nacionais, com as verificações que, de fato, sejam capazes de mobilizar os trabalhadores. E para que a CUT possa cumprir o seu papel de centralizar e mobilizar os trabalhadores. 

Nós, da Corrente Sindical Causa Operária, vamos continuar trabalhando nessa perspectiva e vamos procurar intensificar o nosso trabalho no próximo período, a partir de um intenso trabalho de agitação e propaganda nos sindicatos, na CUT, mas principalmente junto aos locais de trabalho.

DCO: Obrigado, companheiro Antônio Carlos!

Antônio Carlos: Disponha!

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