Três importantes acontecimentos, dentre outros, nos últimos dias indicam uma tendência e uma perspectiva muito importante para a luta dos trabalhadores, diversa da passividade de ficar esperando por acordos com setores golpistas que querem sabotar e derrotar não apenas o governo Lula, mas todo o povo trabalhador.
Começo destacando o mais recente deles.
Metalúrgicos x juros altos
Estive presente na manhã muito fria de sexta (dia 16), em São Bernardo do Campo, na passeata e ato convocado pela CUT e Sindicato Metalúrgicos do ABC, em que mais de mil metalúrgicos, junto com trabalhadores e dirigentes sindicais de diversas categorias, bem como dirigentes e ativistas de partidos esquerda e de organizações do movimento popular (como CMP, MAB, MTST etc.) tomaram as ruas do centro daquela cidade para protestar contra as extorsivas taxas de juros que o Banco Central presidido pelo capacho dos banqueiros e bolsonarista Campos Neto mantém contra os interesses da imensa maioria do povo brasileiro. Um ato combativo em que, devidamente, se pedia a cabeça do playboy e o fim da autonomia do Banco Central.
O ato foi um bom ponto de partida de uma jornada de mobilização contra as taxas de juros, bem diversa dos atos demonstrativos que a burocracia sindical das “centrais” que não mobilizam ninguém fizeram repetidas vezes apenas para tirar fotos, sem mobilizar ninguém. Desta feita, era visível uma representação expressiva de operários de várias fábricas da região, na direção correta para o único caminho efetivo para construir uma verdadeira mobilização contra este e outros ataques da direita em favor dos bancos e contra todo o povo, que é colocar a classe trabalhadora e suas organizações nas ruas.
Liberdade provisória de Zé Rainha
Um importante da mobilização popular foi colhido justamente, no começo desta semana. O companheiro José Rainha, dirigente nacional da FNL, obteve, na segunda
(12), a concessão de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Isso depois de três meses de sua prisão, armada pelos latifundiários e grileiros do Pontal do Paranapanema e de outras regiões, junto ao Judiciário golpista e pouco mais de 24 horas da realização da III Conferência Nacional dos Comitês de Luta que, desde a sua mesa de abertura, destacou a necessidade da mobilização pela libertação e fim dos processos contra o companheiro e todos os presos e perseguidos políticos da luta pela terra, incluindo os índios do Mato Grosso do Sul.
A libertação, ainda que em caráter precário e provisório e com várias restrições, é um sinal evidente da importância da mobilização contra essa clara perseguição e serve também como demonstração da necessidade urgente de uma mobilização geral dos trabalhadores do campo e da cidade contra a ofensiva da direita contra os direitos democráticos do povo, contra o governo Lula e contra as condições de vida já profundamente deterioradas pelos anos de regime golpista, dos governos de Temer e Bolsonaro.
Uma espetacular vitória política e organizativas
Estes importantes acontecimentos se somam e indicam os enormes acertos da III Conferência que mostrou evolução de política de amplos setores e deu o pontapé inicial para uma grande mobilização, como vimos analisando.
Realizada entre 9 e 11 de junho, na Quadra dos Bancários, em São Paulo, reunindo ativistas e dirigentes dos Comitês, partidos (como PT e PCO) e algumas das maiores e mais importantes organizações de luta dos trabalhadores do País neste momento, como a CUT, APEOESP, CNTE, FNL, dezenas de movimentos de luta pela moradia e ativistas dos mais diversos setores da luta dos explorados; a atividade teve enorme êxito ao dar impulso à mobilização de todos os setores explorados contra os ataques da direita golpista, e em defesa de suas próprias reivindicações diante do avanço da crise.
A Conferência contou com caravanas de todo o País financiadas por uma campanha militante e com poucas contribuições de entidades (refletindo a vacilação e confusão política da maioria das direções). Desde sua preparação nos Estados, contou com a participação nos seus debates de mais de 2 mil pessoas. Cerca de 850 companheiros de todas as regiões do País se inscreveram como delegados e haviam mais de 100 observadores e convidados, presencialmente, além de mais de 10 mil pessoas que acompanharam pela Internet ou já visualizaram suas atividades.
A Conferência indicou o caminho das ruas e aprovou um programa para a luta dos trabalhadores diante da crise, independente da política da burguesia golpistas, que inclui entre outras questões fundamentais a luta por:
* Plebiscito Revogatório de todas as medidas golpistas já
* Fim do Banco Central independente
* Desconhecimento da dívida pública já. Nem um teto para os gastos sociais
* Cancelamento de todas as privatizações
* Fim da tutela militar sobre o regime político e a imediata reforma das forças armadas
* Redução da jornada de trabalho para 35h semanais e reajuste emergencial do salário mínimo em 100% e salário mínimo vital
* Reforma agrária e urbana sob o controle das organizações dos trabalhadores
* Nacionalizar e explorar o petróleo; Petrobrás 100% estatal