Oito dias após o governo Lula tomar posse, já vimos como serão os próximos quatro anos de governo. A invasão dos bolsonaristas ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal deixou claro que há conspiração de sobra por parte dos setores da direita e dos militares para impedir Lula de governar e, posteriormente, para derrubá-lo. A esquerda precisa se mexer antes que aconteça o pior.
É claro que aquela invasão não se tratava de um golpe de Estado, mas sim de uma demonstração de forças contra o atual presidente. E que, diga-se de passagem, foi bem sucedida. Finalmente, ela mostrou a fragilidade do governo diante da submissão ao bolsonarismo por parte das forças de segurança. No entanto, os setores mais combativos da esquerda precisam levantar a cabeça e mostrar que povo elegeu Lula e que vai dar suporte ao governo até o fim de seu mandato.
Diante das declarações de Lula, que vão ao encontro das necessidades do povo brasileiro, a imprensa golpista defensora do capital internacional e dos banqueiros já começou seus ataques contra o governo. A defesa por parte de Lula dos países atrasados e as suas aproximações junto aos principais representantes populares na América Latina tornam o presidente brasileiro uma ameaça direta ao imperialismo no continente, que já começou a desestabilizar o governo.
Desde primeiro de janeiro até os dias de hoje, o governo já sofreu várias crises, a principal, que foi a invasão dos prédios públicos, mostrou que todo o aparato de segurança dos estados e os militares do Exército não querem Lula na Presidência. Sendo assim, o governo pode sofrer um golpe a qualquer momento, só não dá para prever se a médio, curto ou longo prazo. O que sabemos é que a ameaça é real e está no ordem do dia.
Se antecipando aos acontecimentos, na perspectiva de defender a formação de um governo dos trabalhadores e dos oprimidos no país, o Partido da Causa Operária, junto aos Comitês de Luta de todo Brasil, decidiu, em reunião, na última segunda-feira (22), convocar uma grande mobilização para debater e colocar em ação uma estratégia rigorosa, concreta e organizada de luta para defender o governo Lula.
Sabendo que a única arma capaz de enfrentar essa situação é a mobilização popular, o governo Lula só pode contar com o povo nas ruas. A proposta é que a III Conferência ocorra em São Paulo no mês de Abril. Colocar em pauta as reivindicações diretas da classe operária e da população mais oprimida do país: como salário, luta contra o desemprego, fim das privatizações e reestatização das que foram feitas, reforma agrária, etc.
A III Conferência deve ser convocada imediatamente, como parte de um processo ainda maior que será o Congresso do Povo e que deve reunir os principais movimentos de luta do país, por exemplo, a CUT, o MST e a UNE. Também não devem ficar de fora as organizações populares, sindicais e estudantis menores. Para se formar uma grande mobilização, começará por conferências municipais e estaduais; em abril, a maior de todas, em São Paulo. Oficializando o Congresso do Povo, com data marcada e com tendência gigante a uma grande manifestação.
Outra clareza que a militância precisa ter é que não serão as instituições golpistas que irão defender o governo Lula. O próprio Lula afirmou que “sem mobilização não vai ter nada”. É preciso estar nas ruas não apenas para conseguir as reivindicações do povo, mas para impedir o golpe que a direita prepara. Toda a esquerda deve sair a campo na defesa do governo, derrotar a paralisia e colocar o bloco na rua.