Na quarta-feira (30), um grupo de militares de alta patente tomou o poder no Gabão, depondo Ali Bongo, presidente que há mais de 14 anos entregou seu país para a França. O golpe gabonês faz parte da lista de golpes de Estado que, nos últimos anos, estão desafiando a dominação do imperialismo francês sobre o continente africano.
Assim como ocorreu em Burquina Fasso, Mali e Níger, o imperialismo prontamente reagiu ao golpe no Gabão, criticando a tomada do poder e denunciando, de maneira demagógica, que teria sido uma “afronta à democracia” do país centro-africano.
A França, a mais interessada na história, condenou o golpe por meio do porta-voz do governo, Olivier Véran, que afirmou que Paris está “monitorando com muito cuidado o desenvolvimento da situação”. Além disso, a diplomacia francesa reafirmou “o seu desejo de que o resultado das eleições, quando for conhecido, possa ser respeitado”.
O governo alemão não ficou para trás. Berlim deixou claro que, apesar das irregularidades nas eleições gabonesas, “não cabe aos militares intervir pela força no processo político”. “Os homens e mulheres gaboneses devem poder decidir livre e autonomamente sobre o seu futuro”, disse o governo Scholz.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), veio a público rejeitar o golpe e anunciou que os chanceleres europeus estariam preparando sanções contra os novos governantes do Gabão.
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos anunciaram que estão acompanhando a situação “de muito perto”. Antonio Guterres, o Secretário-Geral da ONU, entretanto, apelou a todos os intervenientes para “contenção” e “diálogo”, ao mesmo tempo que condenou “firmemente a tentativa de golpe em curso como forma de resolver a crise pós-eleitoral”.
A Commonwealth, organização formada por ex-colônias britânicas, divulgou sua preocupação sobre a situação no Gabão. Patricia Scotland, secretária-geral da Commonwealth, disse que os membros do bloco devem respeitar “o Estado de direito e os princípios da democracia”. “Os relatórios sobre a tomada ilegal do poder no Gabão são profundamente preocupantes”, disse Scotland.
Enfim, a comoção do imperialismo com os acontecimentos no Gabão, principalmente os anúncios de retaliação à tomada do poder, como no caso da União Europeia, reforçam o caráter progressista do golpe.