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Polarização política no Brasil

Como combater o bolsonarismo com o País dividido?

O país se encontra dividido ao meio, como já havia sido confirmado pelo processo eleitoral. Agora, basta saber se o PT e Lula irão compreender a necessidade de mobilização

Thomas Traumann escreveu, nesta quinta-feira, 2 de fevereiro, uma matéria ao portal Poder360 intitulada “O País das opiniões consolidadas”. Traumann, sendo jornalista, já trabalhou na Folha de S.Paulo, Veja e Época, além de também ter sido ministro de Comunicação Social do governo Dilma Rousseff e pesquisador de políticas públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Dapp). 

Em sua matéria, Traumann afirma que janeiro de 2023 valeu por um ano inteiro, e faz um breve resumo dos acontecimentos relacionados à política nacional, como o retorno de Lula a presidência do país, o dissenso entre os ministros de Lula, as manifestações bolsonaristas com vandalismo que ocorreram nos prédios da praça dos Três Poderes e que, segundo ele, tentaram “insuflar um golpe”, a reunião de Lula com governadores de todos os partidos para dialogar sobre uma “defesa da democracia”, a aproximação supostamente amistosa de Tarcísio de Freitas, atual governador do Estado de São Paulo e aliado de Bolsonaro e da terceira via. 

Traumann destacou também o decreto de intervenção federal na segurança pública de Brasília, e o quase ato institucional, por meio do qual o STF afastou o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha. Torres também citou a minuta de um suposto golpe na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que está atualmente preso por facilitar as manifestações do dia 8 de janeiro, que Traumann descreveu como sendo uma suposta intentona. 

O jornalista não deixou de citar a ampla sabotagem dos bolsonaristas, da direita e dos militares contra o governo Lula, falando da tentativa de derrubada de torres de transmissão de Itaipu, o não afastamento do chefe da guarda presidencial que deu folga aos seus soldados no dia 8 de janeiro e afins. Citou também toda a ação repressiva do STF que, agindo como quarto poder em nossa avaliação, ordenou a prisão de centenas de bolsonaristas envolvidos nas manifestações do 8 de janeiro. 

Apesar do ângulo pequeno-burguês muitas vezes já desmontrado por este Diário, Traumann levanta todos esses fatos na organização de um raciocínio de importância ímpar, que talvez nem o próprio interlocutor tenha se dado conta do ponto que ele toca, ponto que seria muito caro ao PT compreender para que assim possa se articular. 

Ele segue apontando que para o eleitor brasileiro, nem mesmo uma avalanche de fatos muito maiores, nem mesmo com Lula agindo como um farol do anti-imperialismo internacional nesse momento com uma postura progressista com relação ao restante da América Latina, como é a posição deste Diário, que pesquisas levantadas pelo PoderData  (que, como as demais pesquisas, há de se desconfiar), a opinião pública sobre o governo não se deslocou nem um único centímetro mesmo após essa enorme quantidade de acontecimentos. A pesquisa divulgada na quarta-feira, 1 de fevereiro, mostra que o governo Lula 3 é aprovado por 52%, empatando na margem de erro (2 pontos percentuais) com os 51% obtidos nas eleições de outubro. 39% desaprovam o governo.

A estratificação é o mesmo do perfil de como foi durante a eleição, o governo tem índices melhores entre quem que ganha até 2 salários mínimos, que tenham cursado até o ensino fundamental, católicos e moradores das regiões nordeste e sudeste.

Essa pesquisa é mais crível que as demais, pois concorda com a realidade que pode ser aferida sem dificuldade por qualquer um: Lula foi eleito pela maioria da população trabalhadora, e o país está dividido.

Quem votou em Lula mantém-se alinhado com a política que o Presidente tem levado adiante. Quem votou em Bolsonaro, continua se posicionando contra Lula. Segundo Traumann, Lula perdeu a oportunidade de usar as manifestações do dia 8 de janeiro para recuperar uma espécie de unidade nacional, e ainda segue afirmando suas suspeitas de que “não seja mera polarização, e sim de um processo político mais profundo.” 

O ponto no qual ele toca de forma acertada é sobre como os discursos de uma suposta solidariedade democrática repetidos ad nauseum pelas supostas “instituições democráticas” e outros abutres que agora buscam se apoiar em Lula, criando uma curiosa relação dialética na qual eles precisam de Lula, mas fazem com que Lula fique dependente deles através de suas articulações políticas para cortar os vínculos de Lula com o povo mobilizado, tornando o slogan do governo, União e Reconstrução, apenas um slogan.

“Um desapontamento ou o sentimento de estelionato eleitoral como acometeu os governos FHC 2 e Dilma 2 desmantelaria a força lulista –o que explica os repetitivos discursos do presidente sobre seu compromisso com os mais pobres e de oposição aos que querem qualquer controle nos gastos sociais.”, escreveu Traumann.

A importante conclusão a ser tirada disso, principalmente pelo do PT, que aparentemente não está levando em consideração, é que o país está dividido meio a meio. Manobras convencionais e achar que é possível governar através de conchavos e malabarismos políticos é o que pode levar o governo à queda no golpe, preparado nesse momento pela burguesia. É imprescindível que Lula mobilize as bases e coloque o povo em mobilização permanente, pois só isso pode realmente assegurar que seu governo não caia. Além da divisão do País, por trás do “lado de lá”, está a burguesia, o exército e todos os políticos burgueses da terceira via. A disputa é desigual, e somente o povo pode resolver as contradições nas quais o governo do PT vai se encontrar. Por isso, são necessárias medidas imediatas para conquistar a confiança do povo em Lula, como o aumento real e significativo do salário mínimo e outras medidas.

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