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Povo sim, polícia não

Como agir diante da crise?

Ao invés de fortalecer os mecanismos de repressão do Estado, o PT precisa reunir a militância de esquerda para superar a crise politicamente.

Não foi por falta de aviso. O PCO vem alertando desde antes das eleições que o PT depende do povo nas ruas para poder se eleger e conseguir governar depois disso. O resultado do primeiro turno já foi um grande baque, onde a militância do PT e o próprio Lula se deram conta de que o clima de “já ganhou” fomentado pelas pesquisas eleitorais levaria a uma desastrosa derrota. Espontaneamente, a esquerda que não estava nas ruas se colocou em movimento e Lula foi eleito, por uma margem relativamente pequena em termos de Brasil.

Depois da vitória, no entanto, a maioria da esquerda voltou para a pasmaceira de antes, se limitando a compartilhar memes e tirar sarro dos bolsonaristas na internet. Exatamente quando Lula completava uma semana de governo, a militância bolsonarista realizou um enorme ato em Brasília e tirou o sorriso pretensioso dessa esquerda virtual. Novo baque, novas reações. Uma parte se somou aos atos em resposta à invasão da Praça dos Três Poderes no dia seguinte, outra abraçou cegamente o discurso “anti-terrorista” da imprensa burguesa e passou a pedir por uma forte repressão estatal. O fato é que o governo Lula já encara uma importante crise política enquanto ainda dá os primeiros passos.

Ao contrário do que mais se tem falado, tanto na imprensa burguesa quanto na pequeno-burguesa, os acontecimentos do dia 8 de janeiro em Brasília não são resultado da ação de uma minoria de malucos. A militância bolsonarista é composta de pessoas com ideias extravagantes, isso é público e notório, assim como qualquer militância de extrema-direita. Gente que foi estimulada pelos monopólios das comunicações durante décadas para acreditar que o PT não era um partido político, mas uma organização criminosa, cujo líder acabou de se eleger pela terceira vez neste século. A truculência antidemocrática do STF, em especial do ministro Alexandre de Moraes, estimulou muito a desconfiança em torno do processo eleitoral. Questionar que o processo eleitoral fosse possível de ser fraudado se tornou crime, a censura comeu solta na tal “democracia” que muitos defendem sem se dar conta do ridículo.

Não é possível, de fora, determinar neste momento qual foi o papel desempenhado por alguns setores importantes do comando militar no que aconteceu. No entanto, está bastante claro que houve um consenso para, no mínimo, deixar a coisa acontecer. Muitos bolsonaristas inclusive seguem ocupando posições importantes em nível federal, como no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que é ligado diretamente à Presidência da República e é reconhecido até pelo PT como um perigo mesmo antes de Lula assumir a presidência. O governo Lula está sendo encurralado com muita ajuda das sagradas “instituições democráticas”, que um pessoal defende sem saber do que está falando. O general Gonçalves Dias, que já trabalhou com Lula e Dilma nos seus governos, mesmo com todas as informações em mãos manteve a segurança do Palácio do Planalto sem qualquer reforço. Segundo informações da imprensa burguesa, o mesmo tem resistido em desvincular a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do GSI e em extirpar do órgão os servidores e militares da gestão Bolsonaro. Além disso, todos sabem que uma parte importante da base bolsonarista está dentro das forças de repressão do Estado, seja nas Forças Armadas ou nas polícias. A maioria do pessoal de verde e amarelo eram pessoas comuns, não eram os principais organizadores da ação.

Diante disso, Flávio Dino se mostrou neste episódio como um dos principais pontos de fragilidade do governo. Como político burguês que é, o Ministro da Justiça considerou suficiente uma reunião com o comando da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, afinal as instituições são sólidas e compostas por “democratas”. Não tem nada para oferecer de positivo para um governo que já vinha sendo atacado pela imprensa antes de assumir e que em apenas uma semana já se viu confrontado com uma poderosa manifestação da oposição. Os esforços para desestabilizar o governo Lula não serão resolvidos com a bizarra detenção de mais de mil pessoas, nenhuma delas com relevância política. Ninguém vai prender os generais que deixaram a ação transcorrer e que não estão nem minimamente submetidos ao governo federal. Essa guinada à direita, de endurecimento da repressão do Estado, apenas vão servir para preparar o terreno para os militares, se eles de fato se decidirem pela tomada do poder.

É urgente demarcar o campo de ação das forças populares e perceber o quanto antes que essa sanha repressiva contra os “peixes pequenos” do bolsonarismo é uma estratégia suicida. É o caminho certo para uma derrota que trará consequências muito graves para a esquerda e para a classe trabalhadora de conjunto. Estamos diante de um problema é político, que não pode ser resolvido com ações meramente burocráticas. A única defesa real do governo Lula é sua base popular. É preciso mobilizar desde já e de maneira consistente, para que a mobilização dos trabalhadores seja constante, se torne um hábito durante o governo. É necessário convocar um congresso dos movimentos populares, mobilizar os sindicatos, o MST e impor uma derrota política aos militares e à toda a direita. Os atos bolsonaristas devem ser combatidos com contra-atos da esquerda e não com as forças repressivas do estado. As ruas não são dos coxinhas, elas pertencem à esquerda, pertencem ao povo, aos trabalhadores. O governo Lula só tem chances de se firmar dessa forma, do contrário vai cair sem luta.

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