Na última quinta-feira, 26 de outubro, o humorista Danilo Gentili foi condenado a indenizar a deputada federal do PSOL-SP, Sâmia Bomfim, no valor de R$ 20.000 por ter cometido o suposto crime contra os “direitos à honra e à imagem” da deputada. O Tribunal de Justiça de São Paulo, classificou que o comediante teve a “intenção de ofendê-la de forma estritamente pessoal”, pelo simples fato do mesmo, como papel de humorista, ter feito uma piada sobre a mesma.
Apesar de conter a palavra “liberdade” no nome do Partido, o PSOL entrou na justiça contra o comediante, e o promotor Theodureto Camargo foi favorável à indenização por danos morais e à exclusão definitiva das postagens realizadas por Danilo Gentili em sua conta pessoal no X (ex-Twitter), sob pena de uma multa diária de R$ 1.000.
“Ao lado da liberdade de expressão está a responsabilidade pelo dano decorrente da violação da honra e da imagem das pessoas. Assim, o comentário publicado em rede social (Twitter) que extrapola os limites da liberdade de manifestação de pensamento e opinião, ou mesmo do direito de crítica, gera dano moral indenizável”, declarou em texto na decisão judicial.
O valor ainda da indenização deverá ser reajustado com 1% de juros ao mês a partir de 3 de abril de 2019, aumentando os valores. Ou seja, apesar de ter sido julgado hoje por algo que falou há quatro anos, Danilo Gentili não apenas será multado como também terá seu valor reajustado pelo tempo entre os acontecimentos.
O “crime” de Gentili foi afirmar que Sâmia “é tão gorda que acha que os ministros devem ser temperados”. O tuíte foi posteriormente excluído.
Em 2018, Gentili também perguntou quanto do dinheiro pago a ela seria destinado para comer hambúrgueres, em mais uma piada sobre a então deputada estadual de São Paulo.
Em novo post humorístico, o comediante, ao saber que iria ser processado, afirmou que “foi bom avisar com antecedência que vai me processar, assim dá tempo da Justiça se preparar e alargar as portas do tribunal para você poder entrar”.
A clara censura e atentado à liberdade de expressão é feita com o suposto “crime à honra”, algo absurdo e abstrato ainda mais que diz respeito a falas de um comediante. No Brasil, humorista não tem direito de fazer piadas, sejam elas quais forem.
Setores da esquerda defendem este tipo de censura em nome da suposta defesa da mulher, do gordo, seja lá do que for, e assim colocam na mão do Judiciário, o mesmo que derrubou Dilma, prendeu Lula e organizou a operação Lava Jato, plenos poderes para censurar qualquer individuo pelo simples fato de falar, ou neste caso, escrever em sua rede social.
O que se vê no Brasil é um aprofundamento da ditadura contra a população. O caso de Danilo Gentili é mais um entre os vários humoristas censurados nos últimos períodos, em nome da “bondade” e do “moralismo” fajuto, a esquerda pequeno-burguesa dá os meios necessários para o judiciário levar a frente uma dura perseguição contra a população.
É crime fazer piada com pessoas que detêm cargos públicos?
O acontecimento já seria grave por si só. Nenhuma censura deve ser aplaudida. Mas nesse caso é ainda mais grave. Sâmia Bomfin era uma pessoa pública, com cargo parlamentar. Por mais que Sâmia seja de esquerda e Gentile seja um direitista, fato é que as pessoas públicas não podem censurar um cidadão comum, seja ele qual fora. Se a moda pega, ninguém poderá criticar nenhum político. Aliás, é o que está acontecendo na prática.
Sabemos que o processo de Sâmia Bomfin ocorreu tempos atrás, mas os efeitos contra a esquerda desse tipo de censura já estão sendo sentidos.
O caso da Palestino está resultando em muita censura. O caso mais grave até agora é o processo criminal que 27 deputados bolsonaristas estão armando contra o militante e dirigente do PCO, João Pimenta, por simplesmente ter defendido o Hamas.
Este Diário reiteradas vezes chamou a atenção para esse perigo. Agora, vemos a direita dita civilizada se juntar com a direita bolsonarista para censurar todos os que defendem a Palestina.
O mesmo argumento usado pelo Juiz para condenar Gentili está sendo usado para perseguir os que defendem a Palestina e o Hamas: “os limites da liberdade de manifestação de pensamento e opinião, ou mesmo do direito de crítica”.
A esquerda pequeno-burguesa, como é o caso de Sâmia, aplaudiu sempre que algum direitista censurava alguém com esse argumento absurdo. Agora, quem o usa é a direita contra a esquerda.
Por isso, é preciso defender a liberdade de expressão total e irrestrita. Casos como esse de Sâmia Bomfin contra Danilo Gentili foram a armadilha plantada contra a esquerda e que a própria esquerda ajudou a montar.