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Reviver o "centro"

Começa a corrida da direita para substituir Bolsonaro

Com a perseguição a Bolsonaro, e sua inelegibilidade, a burguesia já dá o pontapé inicial para a reconstrução da direita tradicional, visando às eleições presidenciais de 2026

Durante a ofensiva imperialista que resultou no golpe de Estado de 2016, a burguesia brasileira viu-se diante da necessidade de fazer uma campanha de caráter fascista para conseguir viabilizar a derrubada do governo do PT. Essa campanha tinha o sentido de insuflar uma classe média reacionária (que constituía a base eleitoral dos partidos e políticos da direita tradicional) a saírem às ruas, a fim de forjar a farsa de que o golpe seria respaldado pela população.

Diante da campanha, essa classe média foi empurrada para a extrema direita. Os tradicionais partidos direitistas (em especial PSDB), que já estavam profundamente desgastados, se desmancharam, no sentido de ficar completamente inviabilizados de disputar as eleições presidenciais.

Desse processo político surgiu Jair Bolsonaro, que contava com o apoio real de grande parte da pequena burguesia radicalizada, do aparato de repressão, e de alguns setores mais atrasados do proletariado. Em vista dessa base social, que lhe conferiu um caráter popular, Bolsonaro acabou sendo um político relativamente independente da burguesia.

Assim, nas eleições presidenciais que se seguiram ao golpe (2018 e 2022), a burguesia tentou opor pessoas de sua confiança, pessoas mais controláveis, pessoas com perfis típicos da direita tradicional, a fim de derrotar eleitoralmente o fenômeno do Bolsonarismo. Em 2018 lançaram Alckmin, que falhou miseravelmente. Para as eleições de 2022 tenteram emplacar João Dória e Sérgio Moro. Nenhum dos dois se viabilizaram como candidatos. Simone Tebet acabou concorrendo, tendo um desempenho tão pífio quanto Alckmin teve em 2018.

A fim de reconstruir o antigo centro político, ou seja, fazer com que partidos como o PSDB voltem a ser eleitoralmente viáveis, o Supremo Tribunal Federal declarou Bolsonaro inelegível no final do mês de junho, por 08 anos. Comprovando que tal decisão serviu aos interesses da burguesia, todos os principais jornais burgueses (O Globo, Estadão e Folha de São Paulo) comemoraram a decisão.

Contudo, mesmo com essa medida, o fenômeno do Bolsonarismo não arrefeceu. O ex-presidente já trabalha sua esposa, Michelle Bolsonaro, para ser sua sucessora. Ela, igualmente, começa a se projetar nesse sentido, capitalizando no fato de ser mulher, de seu forte vínculo com os setores evangélicos e na perseguição política que recaiu sobre Bolsonaro.

Michelle Bolsonaro pode, de fato, se tornar uma candidata competitiva para a presidência nas eleições de 2026, podendo resultar em um novo ascenso do bolsonarismo.

Diante dessa situação, a direita tradicional (conformada por políticos de confiança da burguesia) já começou a corrida para substituir Bolsonaro e qualquer sucessor seu.

A inelegibilidade, e toda a campanha e perseguição engendrada para viabilizar essa decisão, já faz parte dessa corrida.

Contudo, como não pareceu ser suficiente, agora a burguesia já começa a projetar nomes como Tarcísio Freitas para disputar a presidência da República em 2026.

Nos principais jornais da imprensa burguesa,  vê-se uma campanha a favor do governador de São Paulo, sendo destacado, em oposição a Bolsonaro, como uma pessoa ponderada, com quem se é possível negociar; em especial após a aprovação da reforma tributária, na qual Tarcísio teria tido um papel importante em garantir os votos dos parlamentares de seu partido (Republicanos).

Por ora, Tarcísio é o principal nome a substituir Bolsonaro, pois ele mesmo é um político de extrema direita, já tendo sido aliado do ex-presidente. O fato de ser profundamente direitista facilitaria, em tese, a migração dos votos da base de Bolsonaro para Tarcísio. Romeu Zema parece estar sendo preparado no mesmo sentido

Os possíveis candidatos acima seriam apresentados quase como se fosse de extrema direita. Seriam, literalmente, substitutos para Bolsonaro.

Mas a burguesia também trabalha em outra frente para a reconstrução da direita tradicional. No caso, uma frente pseudo-democrática. Nela, um dos possíveis candidatos seria, novamente, Simone Tebet. Seus recentes ataques à Venezuela mostram que sua propaganda já começa a ser realizada, a fim de mostrar que ela é uma pessoa de confiança da burguesia, útil para a reconstrução da direita tradicional. O fato de ser mulher poderá ser útil para fins de demagogia identitária.

Para não deixar dúvidas dessa tentativa de reconstrução do centro político, lançando a direita tradicional na corrida para a presidência da República, Aloysio Nunes (vice de Aécio Neves em 2014 e ex-chanceler do golpista Michel Temer) recentemente concedeu entrevista ao Estadão, reclamando explicitamente do desmanche do PSDB como partido de centro (ou seja, da direita tradicional). Para ele, atualmente o partido estaria dominado pela direita (no caso, praticamente uma extrema-direita).

Declarando explicitamente a intenção de se reconstruir a direita tradicional, o ex-chanceler diz, ao ser questionado sobre a inelegibilidade do ex-presidente, que “Bolsonaro vai continuar sendo um abcesso de fixação do que há de mais reacionário na política brasileira. Agora, o seu afastamento do processo eleitoral poderá dar margem ao surgimento de uma direita republicana, um partido que possa representar o pensamento conservador, mas respeitoso da Constituição”.

Resta claro, portanto, a movimentação da burguesia em substituir Bolsonaro por um direitista tradicional, o que demonstra que a inelegibilidade de Jair Bolsonaro não esteve a serviço de Lula e da esquerda, mas a serviço do imperialismo, que deseja alguém de sua confiança para chefiar o Poder Executivo brasileiro, a fim de implementar uma política neoliberal em toda sua extensão.

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