O território da Cisjordânia é habitado por cerca de 3.100.000 de pessoas, das quais pelo menos 700 mil são invasores de Israel e em torno de 2,4 milhões são palestinas. A divisão territorial, no entanto, não acompanha a nacionalidade da população, porque somente 18% do território cisjordano conta com autonomia legal.
Há 3 áreas dentro da Cisjordânia, a área C, que é totalmente controlada por Israel (60% do território); a área B (22% do território), que tem autonomia civil, mas sofre intervenção militar, e a área A (18% do território), que é legalmente autônoma. Os colonos israelenses se concentram principalmente na área C.
Como se nota na imagem, a área C fragmenta o território cisjordano em várias partes. Dessa forma, a população palestina é ostensivamente impedida de transitar dentro do próprio território.
Para assegurar esse controle intenso do território ocupado da Cisjordânia, Israel faz uso de diversas práticas, como a construção de muros (hoje totalizam 700 km), de postos de controle (totalizam 140) e de obstáculos nas estradas (totalizam mais de 700). Israel exige autorizações para que os palestinos possam passar por todos esses postos, as quais precisam ser renovadas constantemente. Somente 70 mil palestinos têm autorização para cruzar pelo território diariamente.
Outra prática importante para o controle desse território é o favorecimento da imigração de israelenses para áreas ocupadas. É a partir dela que hoje mais de 700 mil “colonos” ocupam a Cisjordânia. Funciona da seguinte forma: Israel rouba propriedades privadas de palestinos, a maioria delas pessoais, como terrenos agricultáveis e casas em uso, e as oferece a israelenses, com diversas vantagens fiscais e baixos preços. A maioria dos colonos invasores são pessoas comuns atraídas pela oferta de casas e terrenos a baixos custos. Para eles, é mais barato viver lá.
Por meio dessa atração de colonos invasores por parte de Israel, os sionistas conseguiram ocupar parte das áreas já controladas militarmente. 40% do território da Cisjordânia é controlado por assentamentos de colonos invasores de Israel, enquanto 82% sofre ocupação militar. Portanto, ainda há muito espaço já controlado por Israel para novos assentamentos e para o crescimento dos que já existem. Trata-se de uma política de invasão em andamento.
Além disso, ainda há um segundo tipo de invasão: os entrepostos não oficiais. Eles variam de ocupações de algumas poucas pessoas e podem chegar a 400 colonos invasores. Esse tipo de situação ocorre porque nem todos os benefícios oferecidos por Israel aos judeus sionistas que invadirem a Cisjordânia são legais e oficiais. Nos últimos anos, com a ascensão dos setores mais agressivos do sionismo ao poder em Israel, representados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, entrepostos não oficiais têm sido reconhecidos como assentamentos oficiais.
Israel destinava o equivalente a 25 milhões de reais por ano a seus colonos invasores, o que servia para que eles contratassem inspetores e comprassem drones. A quantia chegou a dobrar no mês de abril. Israel também constrói casas e oferece descontos em impostos a esses colonos. Fora o que é oficial, é difícil de se mensurar valores exatos, mas o papel de organizações não governamentais (ONGs) sionistas é importante para o despejo de palestinos em suas casas por meio do poder Judiciário.
Ao todo, são conhecidos 150 assentamentos oficiais e 128 entrepostos não oficiais de judeus sionistas na Cisjordânia, todavia o número de ocupações já foi usado para que Israel tirasse vantagem sobre os palestinos. Afinal, em 1993, Israel parou de criar novos assentamentos em razão do acordo de Oslo, fechado com a OLP, porém continuou favorecendo o crescimento dos já existentes. Também há pouca transparência em relação aos entrepostos não oficiais na região. Israel voltou a criar novos assentamentos oficialmente em 2017.
Sobre essas ocupações, sabe-se que se formaram milícias sionistas dentro delas envolvidas em diversos casos de agressão e assassinato contra palestinos. Os “colonos” agem como uma espécie de tropa de choque do sionismo, são grandes defensores do Estado nazista de Israel e, via de regra, os mais agressivos contra os palestinos.
Por fim, é importante ter em mente que Israel considera 26% do território cisjordano como terras do Estado, onde há interesse de se construir novos assentamentos.