O Coletivo de Negros João Candido realiza um debate nacional por mês, para além das reuniões semanais, essa atividade acontece presencialmente e também de maneira virtual, ligando vários núcleos do Coletivo pelo país. É a oportunidade de uma discussão aprofundada e ampla sobre a questão do negro, isto é, a luta democrática dos negros e suas diversas implicações, tanto políticas quanto culturais. Também é o momento oportuno para expor a doutrina revolucionária, bem como a crítica do identitárismo, ideologia reacionária que reverbera nos setores da esquerda pequeno-burguesa e do movimento negro.
O último debate, realizado em no final de maio, discutiu um dos momentos mais importantes da luta democrática dos negros no país, isto é, a abolição da escravatura em 1888. Esse grande acontecimento nacional é obliterado à esquerda e à direita. Para a direita foi produto de equívoco que o sentimentalismo da Princesa operou, sem considerar o impacto na lavoura e na própria situação do cativo, que cairia a um nível mais baixo sem o auxílio do senhor. Do lado de setores de esquerda, consideram o acontecimento como de pouca significação histórica e até mesmo, para uns, como uma completa farsa contra o negro.
O debate do coletivo procurou colocar o acontecimento histórico em seu devido lugar, isto é, como um dos momentos mais luminosos da luta popular e democrática do povo brasileiro. A abolição representou um amplo movimento popular nascido da união da luta dos negros com das massas da população pobre e até de setores da classe dominante, que derrubou a instituição da escravidão, uma verdadeira revolução popular, talvez a única vitoriosa em nossa história, mas foi frustrada no seu desenvolvimento por uma reorganização da classe dominante, mas que não passou sem deixar sua marca para sempre. Um regime oficial de opressão ou segregação do negro nunca mais existiu no país.
Acompanhe o debate no canal do programa Tição – programa de preto, realização do Coletivo de Negros João Candido, no YouTube: